Soja: Argentina planeja expandir produção

Publicado em 19/09/2011 10:41
A produção de soja na Argentina deverá crescer 60% até 2020. A projeção do governo local, mesmo considerada muito ambiciosa pelo próprio segmento produtivo, estima que neste período o volume produzido passe dos atuais 50 milhões de toneladas para 80 milhões. Até o final desta década, a expectativa é de que a produção agrícola totalize mais de 150 milhões, ante aos atuais 82 milhões entre soja, milho e trigo.

Fôlego para sustentar a meta eles têm, como destaca o gerente da Nideira Semilla – a maior sementeira da Argentina e que também atua como trading, uma espécie de Amaggi argentina – Gabriel Pierre. Ele lembra que em 1992, por exemplo, a produção de soja era de cerca de 10 milhões de toneladas avançando em quase uma década para 50 milhões.

No ranking mundial de produção, os Estados Unidos lideram com 83,9 milhões de toneladas, seguido do Brasil com 75 milhões e da Argentina. No entanto, apenas os dois últimos têm condições de expandir a área agrícola.

Na Argentina, a região no entorno de Rosário, na província de Santa Fé, é a maior produtora e exportadora do grão, porém, a produção começa a ganhar terras mais ao norte de Santa Fé, tendo na região do Chaco, uma nova fronteira. Movimentação essa já em curso no Brasil, com a ocupação de hectares na região batizada como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Como bloco, o Mercosul, ultrapassa a produção de soja norte-americana. Conforme números apresentados durante o 5º Congresso da Soja do Mercosul, realizado de 13 a 17 deste mês, em Rosário, o bloco oferta 50% da soja mundial, e ultrapassa a produção norte-americana. Enquanto o mundo produz cerca de 260 milhões de toneladas, o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia), oferta 136 milhões.

Especialistas que debateram as oportunidades e os desafios relativos à sojicultura do Mercosul deixaram claro que a Argentina vem com tudo, nas no entanto, que a expansão deverá estar alicerçada em três aspectos: na inovação - utilização da biotecnologia, a Argentina tem 100% de lavouras transgênicas, mas necessita de novas tecnologias –, manejo e boas práticas agronômicas, como por exemplo, preocupação com a reposição dos nutrientes do solo, níveis de absorção de transgênicos e utilização da água.

RECADO - Sobre o tema biotecnologia, o presidente da Associação dos Produtores de Milho e Soja de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Glauber Silveira, no painel “Propriedade Intelectual e Biotecnologia”, debateu com representantes da Argentina, Uruguai e Paraguai o uso adequado da biotecnologia na agricultura. “Num evento como é esse é importante tratarmos de assuntos mais macro, como por exemplo, as consequências econômicas da biotecnologia e não apenas que variedades estão para serem lançadas”.

Como defendeu, “é preciso haver um discurso único dentro do Mercosul para um posicionamento também único sobre as aprovações de materiais geneticamente modificados. Não se pode mais permitir que novas variedades venham para o mercado, sem que os países que importam a nossa produção tenham aprovado esses mesmos materiais. Se não fizermos isso, logo os embargos aos contêineres carregados de soja ou milho transgênicos, como assistimos sempre, irão se estender às carnes, já que o bovino, o suíno e as aves, podem estar sendo alimentados por esses grãos. Já se pensou no problema que isso causaria?”, indaga.

Silveira lembrou que a Bunge não quer mais receber milho transgênico cultivado em países que não tiveram aprovações de seus respectivos compradores. “Num mercado competitivo como esse, as restrições só aumentam”.

Mostrando números da transgenia no Brasil, Silveira disse que 83% das lavouras nacionais estão cobertas por materiais geneticamente modificados e que a adesão vem aumentando de forma expressiva. “Outro aspecto que deve ter importância acerca deste assunto é a falta de opção que existe, atualmente, para quem quer plantar semente convencional. A pressão das multinacionais foi tão forte, que o grão convencional perdeu preço no mercado e muitos produtores migraram para o modificado. Acredito que para qualquer país aqui representado, manter variedade não modificada é uma questão de segurança nacional”.

Silveira disse ainda que o Brasil está dando início a um movimento que visa proibir a aprovação de novas variedades transgênicas sem que haja aprovação em países compradores. “A Aprosoja/MT não apenas defende isso, como realizará em outubro um seminário para discutir aspectos importantes da biotecnologia, mas que ficam sem eco dentro do segmento”.

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Fonte:
Diário de Cuiabá

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