Com 2ª usina a caminho, FS Bioenergia quer ajudar produtor de milho em produtividade

Publicado em 02/08/2018 13:46

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Por José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) - A FS Bioenergia, primeira usina brasileira para produção de etanol exclusivamente a partir do milho, pretende lançar um programa para ajudar produtores a elevar o rendimento das lavouras, conforme a empresa se prepara para iniciar, ainda em 2018, as obras de sua segunda unidade em Mato Grosso, disse o novo presidente da companhia à Reuters.

Um ano após entrar em operação comercial, a FS Bioenergia, em Lucas do Rio Verde, processou 520 mil toneladas do cereal e produziu 220 milhões de litros de etanol, ainda abaixo da capacidade instalada, de 650 mil toneladas e 250 milhões de litros ao ano, respectivamente.

De acordo com o CEO da empresa, Rafael Abud, o potencial máximo não foi alcançado em razão de um necessário "aprendizado" nos primeiros meses de operação da usina, que deu início à produção em julho de 2017 e foi oficialmente inaugurada no mês seguinte.

"A parte operacional teve alguns desafios, nem tanto ligados à tecnologia em si, mas à aplicação dessa tecnologia pela primeira vez no Brasil, em um ambiente um pouco diferente do norte-americano, onde já é consolidada", destacou Abud, que assumiu o comando da FS Bioenergia na véspera, em substituição a Henrique Ubrig.

"O grande desafio foi, dentro desse ambiente de produção, treinar a equipe para extrair o máximo de potencial produtivo. Acho que conseguimos passar por esse período de aprendizagem nos primeiros três, quatro meses, e depois entramos em voo de cruzeiro", acrescentou o executivo, há pouco mais de quatro anos na companhia e há cerca de 15 no ramo de energias renováveis.

Joint venture entre a brasileira Tapajós Participações e o norte-americano Summit Agricultural Group, a empresa se instalou em Mato Grosso não por acaso. Maior produtor brasileiro de grãos, o Estado tem boa oferta de milho para a produção de etanol, seja em unidades como a da FS Bioenergia, seja em plantas que também usam cana para fabricar álcool, as chamadas usinas "flex".

Embora a fabricação de etanol de milho venha crescendo, ainda é ínfima se comparada à do álcool de cana. Na atual safra 2018/19, iniciada em abril, por exemplo, já foram feitos 188 milhões de litros do biocombustível a partir do cereal, de um total de 13,5 bilhões produzidos por usinas e destilarias do centro-sul.

APOIO

Abud vê grande potencial para o etanol de milho no país, ainda mais com o programa RenovaBio ganhando corpo. E é nesse sentido que a FS Bioenergia dá os primeiros passos para ajudar produtores a elevar o rendimento das lavouras, garantindo assim uma sólida relação entre empresa e fornecedores, bem como oferta do cereal para as máquinas da companhia, em plena expansão.

"O relacionamento de fidelização com o produtor de milho é uma agenda que nos interessa bastante", disse ele, acreditando que esse movimento poderia ajudar a empresa na hora de fechar contratos de fornecimento.

Sem revelar nome ou data, Abud disse que a FS Bioenergia trabalha em um programa, a ser lançado em breve, que levará equipes de agrônomos e outros técnicos até os produtores, para identificar as melhores tecnologias de cultivo em cada região de Mato Grosso.

Eventos em fazendas para apresentar produtos e técnicas de produção também farão parte desse projeto, tudo visando aumento da produtividade das lavouras de milho, que neste ano alcança cerca de 5,8 toneladas por hectare em Mato Grosso, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A FS Bioenergia está investindo 350 milhões de reais na duplicação da capacidade de produção da usina em Lucas do Rio Verde, algo que deve ser concluído até fevereiro de 2019, disse Abud.

Em paralelo, a empresa já anunciou uma segunda unidade em Mato Grosso, no município de Sorriso, com previsão de fabricar 680 milhões de litros de etanol por ano.

"Ainda estamos na parte de licenciamento, avançando na parte financeira e de engenharia. Não temos data clara de início da obra, mas diria que devemos iniciar ainda neste ano", afirmou o executivo, lembrando que a usina de Lucas de Rio Verde levou 16 meses para ser levantada.

Sem outros grandes investimentos no radar, a FS Bioenergia prevê que as duas usinas combinadas (a de Lucas do Rio Verde após a expansão e a de Sorriso) resultarão em capacidade de produção de 1,2 bilhão de litros de etanol, 900 mil toneladas de farelo de milho e 35 mil toneladas de óleo de milho por ano.

PREÇOS

A alta dos preços do milho neste ano não assusta a FS Bioenergia, afirmou Abud.

A valorização do produto, segundo o Cepea, da Esalq/USP, é de 56 por cento na comparação anual, diante da perspectiva de uma safra menor agora.

Mas a companhia fechou muitos de seus contratos de fornecimento ainda no ano passado, quando o país registrou uma colheita recorde e viu as cotações do cereal em patamares mais baixos.

"Conseguimos tomar posições com preços bastante razoáveis para este ano", concluiu o executivo, sem detalhar.

(Por José Roberto Gomes)

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Fonte:
Reuters

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