Sem atualização ou preço da cana por mérito, Consecana vai esvaziando, restando acordos regionais ou bilateriais

Publicado em 10/01/2019 16:29
Mesmo se continuar apenas como referência para negociações com associações regionais ou diretamente com fornecedores, há desafagem de mais de 14%, segundo estudo

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A 2,5 meses de início da safra de cana 19/20, produtores rurais representados por algumas das mais importantes entidades regionais de São Paulo não têm nenhuma esperança de mudança na formulação de preços do Consecana. Nem na sua atualização, atrasada  em mais de 5 anos e que deveria ser revista de acordo com o estatuto, e muito menos numa mudança na direção da precificação por meritocracia.

Esta segunda alternativa na verdade foi encampada e encaminhada pela Orplana, entidade que reúne as associações do Centro-Sul, antes de começar a safra 18/19. Mas o outro membro do colegiado do Consecana, a União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), mantém a recusa até agora em aceitá-la.  

Sem acordo, o Consecana "seco" deverá se manter, traduzindo uma média de valor da cana, defasada em mais de 14%, de acordo com levantamento feito pelo Pecege por encomenda da Orplana.

Sem absolutamente nenhum adicional sobre a composição de preços atual, a esmagadora maioria dos canavieiros entrega cana baseado no valor (determinado mensalmente), traduzindo uma média de valor da cana.

"A proposta da Orplana está mantida, com base em preços que levem em conta qualidade e regularidade, por exemplo, mas até agora não temos nenhum posicionamento diferente da Unica", explica Bruno Rangel, presidente da Socicana, da região de Guariba, e vice da Orplana.

Dia 21 próximo haverá outro encontro do Consecana, quando novamente Rangel e os outros 10 membros participantes pelos produtores insistirão com a Unica sobre a meritocracia ou ao menos a atualização.

Referência defasada

Roberto Cestari, produtor na região de Ribeirão Preto e também em Orindiúva, na Alta Noroeste Paulista, onde inclusive preside a Oricana, dos fornecedores locais, acredita que deverá prevalecer cada vez mais os acordos regionalizados entre unidades e associações ou diretamente com fornecedores.

A rigor, negociações diretas com produtores já existem vários modelos, mas sempre "prevalecendo o grande produtor" e praticamente excluindo os pequenos, a grande maioria, afirma Apolinário Pereira da Silva, presidente da Afcop, de Valparaíso, oeste paulista, a região mais castigada pela seca de 2018. Na sua opinião, olhando a safra próxima, a pressão por mudanças no Consecana teria que ser retomada logo.

Mas mesmo que o modelo de meritocracia seja no nível unidade-fornecedores, e não no âmbito do Consecana, o preço pago do ATR pelo colegiado seria a referência. Portanto, o plus nos valores seria sobre uma cotação defasada, segundo o estudo Pecege-Orplana.

Para Nelson Peres, da Asssociação dos Fornecedores de Cana de Açúcar do Noroeste Paulista (Norplan), baseada em Penápolis, a tendência de parcerias deverá se acentuar nesta safra e do "jeito que está o Consecana deverá morrer". Na região dele praticamente cana Consecana só nos contratos mais antigos e a maioria em fase terminal.

Contratos novos, complementa Peres, só com novos parâmetros, entre os quais, por exemplo, ATR fixo e mais alguns apêndices. Algumas unidades da região em recuperação judicial como Clealco e a Revati (Grupo Renuka), mais a seca do ano passado, empurraram muitos produtores para o mercado spot.

Fornecedor X arrendatário

A questão da competência nos "acordos bilateriais" será importante nas relações contratuais e o Consecana ficará apenas como referência, mas deve haver diferenciações entre fornecedores e arrendatários parceiros, pensa Gustavo Chavaglia, presidente do Sindicato Rural de Ituverava, norte paulista.

"O Consecana, como precificador da média não está errado, o problema é que o fornecedor capricha na sua cana, mas na hora de receber por ela é jogado na média", explica o produtor e membro da comissão de cana da Faesp e também presidente da Aprosoja SP.  "Para o arrendatário, o Consecana está bom“, completa o igualmente presidente da Aprosoja SP.

Outros pontos deverão permear cada vez mais os futuros acordos com as usinas, pensa Chavaglia. Um é valor do bagaço, outra reivindicação na medida que muitas usinas ganham pela cogeração de energia mas pagam a cana sem levar em conta essa terceira perna do trade da sucroenergia, depois de açúcar e etanol.

E a partir de 2020 ele entende que os ganhos com o RenovaBio precisarão chegar também porteira adentro.

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Por:
Giovanni Lorenzon
Fonte:
Notícias Agrícolas

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