Cana de açúcar: Usinas oferecem cursos para qualificar mão de obra no setor
Cento e quarenta mil cortadores trabalham no Estado de São Paulo, maior produtor de açúcar e álcool do país. Em Palmares Paulista, na região noroeste, durante a safra a população passa de 11 mil para 17 mil pessoas.
Muitos trabalhadores são do Nordeste. Eles alugam casas e chegam a ficar no município por até seis meses.
Essa movimentação tem data para acabar. A cada safra as usinas ampliam a mecanização da colheita e reduzem as contratações. Dentro de quatro anos, a queima da palha da cana, que facilita o corte manual, não poderá ser feita nas grandes propriedades. Depois, a partir de 2017, a prática será totalmente proibida por lei em São Paulo.
É por isso que muitas usinas passaram a investir na qualificação profissional dos cortadores de cana. Quando não estão trabalhando, muitos são convidados a aprender uma nova profissão.
Um dos exemplos é a trabalhadora rural Lucilena Souza. Após um dia inteiro na lavoura, ela vai para a escola. Faz o curso de técnica em segurança no trabalho.
O trabalhador rural Antonio Marcos não saiu da área e ainda conseguiu um salário melhor. O ex-cortador agora é operador de colheitadeira na usina onde começou a trabalhar. “É a máquina que faz. Você só opera ela. Não é tão cansativo como o corte da cana manual. O salário melhorou muito”, comparou.
Apesar da política de recolocação profissional, as usinas já adiantam que não terão condições de empregar todos os trabalhadores.
“Nós temos até a possibilidade de treinamento dessas pessoas para outras atividades, até fora do setor porque não será possível, evidentemente, na cadeia de açúcar e etanol empregar todos os que estão hoje no corte manual”, avisou Sérgio Prado, diretor regional da Unica.
A Federação dos Empregados Rurais do Estado calcula que este ano serão cinco mil postos de trabalho a menos nas lavouras paulistas.
“Hoje, uma máquina substitui 80 trabalhadores. Desses 80 trabalhadores, nós, com os cursos de requalificação, conseguimos resgatar cerca de 20% a 25%. O restante fica difícil para resgatar”, falou Rosimeire Cameron, diretora da federação.
O programa conta também com recursos do Banco Mundial. A verba para este ano é de dois milhões de reais.
Alex Ernando Oest-Möller São Paulo - SP
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