Crise grega chega ao açúcar e preços têm queda de 44,6%
De acordo com Arnaldo Luiz Corrêa, gestor de riscos da Archer & Consulting e especialista em derivativos agrícolas, o panorama de hoje deve ser somado à percepção do mercado em relação ao aumento da produção no Brasil e na Índia. "Desde o início de fevereiro, a perda acumulada nos preços do açúcar é de 53%. E a última vez que assistimos o mercado desmoronar dessa forma foi em junho de 1975", explica Luiz Corrêa.
Ao fim de fevereiro, o contrato de julho estava cotado em 25 centavos de dólar por libra-peso, considerado preço topo e histórico do contrato, conforme afirmou Biegai. "A oferta mundial, com destaque para Brasil e Índia, estava crescendo e o mercado percebeu até derrubar o preço". Em abril, a queda parou na casa dos 16 centavos de dólar por libra-peso por fatores intrínsecos do mercado global e justo para a comercialização, contou o especialista da Safras.
Biegai garante que, para agora, a crise não poderá impactar na comercialização brasileira, uma vez que o País vendeu açúcar a preços mais altos - cerca de 22 centavos de dólar por libra-peso - entre setembro e outubro do ano passado. "Os produtores brasileiros atingiram bons patamares e, agora, estão tranquilos. Os efeitos da crise vão causar problemas na comercialização no fim deste ano e no início de 2011", projetou. E completa: "Os principais compradores do Brasil são a Ásia e o Oriente Médio, que até agora estão comprando em um ritmo normal".
Questionado pelo DCI se o problema era exclusivo do açúcar, Biegai disse que a "soja, o milho e outras commodities também apresentam baixas.
Steve Cachia, analista de commodities da Cerealpar, contou que: "O pessoal está com um pé atrás", falou. Apesar do cenário assombroso, Cachia está otimista e afirmou que um dos ramos que mais vai receber injeção financeira será o setor agrícola, quando a crise passar. "Acredito que no segundo semestre o pior já terá passado, e os investimentos já voltam com tudo", disse.
O especialista, que vive na Europa, elogiou o potencial brasileiro. "Entre os países emergentes, o Brasil é um país bem visto [aqui na Europa] e passa por um crescimento interno, além de ser um bom fornecedor de matéria prima", pontuou Cachia.
Unica
Para Eduardo Leão de Sousa, diretor executivo da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), o impacto da crise gerou problemas no mercado de açúcar, de maneira geral, e com todas as outras commodities. "É um movimento causado com certo pânico dos fundos. Foi uma surpresa muito grande, principalmente com a saída dos especuladores do mercado", afirmou o executivo.
Além disso, o que deve prevalecer no médio prazo são os fundamentos. "Agora, a curto prazo, é fase de especulação", disse.
Na opinião de Leão de Sousa, o mercado de açúcar está sensível. "Ainda não está refletindo. Vai depender mais da situação da Índia para o ritmo brasileiro ser ditado. A safra indiana se inicia mais para frente, em setembro, no norte do país, onde a produção é maior."
Na safra 2009/2010, a exportação de etanol ficou em: 3,1 bilhões de litros. Já a safra 2010/2011, segundo a Unica, será de aproximadamente 2 bilhões de litros. "Será menor porque a demanda doméstica continua bem aquecida. Outro fato é que o preço de milho americano vai alcançar bons patamares", falou.
Leão de Souza disse que no momento atual é complicado dar estimativas, mas assegurou que: "Embora seja cedo para falar em produção futura, o ritmo de crescimento que estávamos acostumados deve diminuir. No entanto, vai continuar em um ritmo mais vagaroso", comentou.
O efeito da crise europeia já chega às commodities agrícolas, e o primeiro a sentir seus impactos negativos é o açúcar, cujos preços, desde o início do colapso na Grécia, apresentaram queda de 44,6%. "É uma queda significativa. O resultado é negativo porque a commodity geralmente compensa a valorização do dólar", disse Miguel Biegai Júnior, analista da Safras&Mercado.
De acordo com Arnaldo Luiz Corrêa, gestor de riscos da Archer & Consulting e especialista em derivativos agrícolas, o panorama de hoje deve ser somado à percepção que o mercado tem do aumento da produção no Brasil e na Índia. "Desde o início de fevereiro, a perda acumulada do preços do açúcar é de 53%. A última vez em que assistimos o mercado desmoronar dessa forma foi em junho de 1975", explica Luiz Corrêa.
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