Uma safra de cana ainda mais magra

Publicado em 19/01/2011 07:01
A União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), que representa as usinas sucroalcooleiras da região Centro-Sul do país, anunciou ontem uma safra 2010/11 ainda mais magra do que a esperada: foram processadas 555 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no acumulado da temporada até a segunda quinzena de dezembro. Daqui até o início da próxima temporada restarão, segundo a Unica, volumes apenas marginais, pois poucas usinas (21 unidades) ainda continuam a moer em janeiro.

Se comparada com a previsão inicial para a safra, feita em abril, a quebra foi de 6,7%, ou seja, 40 milhões de toneladas de cana a menos foram moídas. A "compensação" veio da alta concentração de Açúcar Total Recuperável (ATR) - de 141,28 quilos por tonelada, 7,79% maior do que na safra anterior. Essa qualidade minimizou o efeito na produção de açúcar, que recuou 2% para 33,4 milhões de toneladas, e na de etanol, que diminuiu 6,9% para 25,2 bilhões de litros. Essas quedas também são em relação à previsão inicial.

Mais do que a constatação do que de fato foi realizado, os números da Unica ajudam a entender o que pode acontecer no próximo ciclo, que começa em abril, diz Gustavo Corrêa, sócio da F&G Agro, de Ribeirão Preto (SP). A consultoria prevê que o processamento em 2011/12 no Centro-Sul ficará entre 530 milhões e 560 milhões de toneladas.

"O que ocorreu em 2010/11 não foi consequência apenas da estiagem do segundo semestre do ano passado", afirma Corrêa. Houve também, explica ele, falta de cana-de-açúcar no mercado. "As unidades produtoras contabilizaram sua moagem a partir do que iriam receber de cana dos fornecedores. Mas parte dessa cana não existia. Os investimentos não foram feitos", diz.

Poucos deles estão na "ponta da agulha" para gerar cana nova já na próxima safra, que começa em abril, acredita o especialista. "Até mesmo para 2012 não haverá um volume grande de cana nova", diz. Para que isso pudesse acontecer, a área a ser cultivada já teria de estar arrendada e preparada, o que acontece em pequeno volume neste momento, afirma.

"De forma geral, a renovação está ocorrendo marginalmente em usinas que estão ampliando capacidade", afirma. A expansão de canaviais em regiões novas, segundo ele, deve se limitar a cerca de 3% da área do Centro-Sul.

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Fonte:
Valor Econômico

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