Políticas focadas no curto prazo podem prejudicar os investimentos no etanol

Publicado em 04/07/2011 11:02
A tentativa de tentar forçar o aumento da produção de etanol punindo a de açúcar pode inibir os investimentos

Sob a ótica do longo prazo, a performance do setor sucroalcooleiro é bastante positiva. Ao livrar-se das históricas amarras intervencionistas, o setor pôde, a partir dos anos 1990, desenvolver-se de forma mais harmoniosa nas relações entre fornecedores de cana e indústrias, assim como entre capital e trabalho, fontes de repetidos conflitos no passado. <?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

O setor atende às demandas interna e externa de açúcar a preços decrescentes, contribuindo para o país tanto do ponto de vista alimentar como de divisas.

Quanto ao etanol, é notável sua contribuição para uma matriz energética brasileira mais limpa.

A produtividade agrícola e industrial -em produção de etanol por hectare de cana- duplicou de 1970 para cá.

Com isso, hoje o preço real do etanol é cerca de 30% a 40% do daquela década. O preço do açúcar também caiu para menos da metade.

Ambos procedem da mesma matéria-prima, de modo que observa-se razoável correlação entre seus preços.

O mercado do açúcar guarda fortes laços com o setor externo, de sorte que os preços internos refletem de perto não somente as condições de oferta e de demanda globais, mas também os choques macroeconômicos decorrentes do crescimento mundial acelerado e de um inédito excesso de liquidez.

O açúcar tem sido uma commodity a mais no conjunto formado por alimentos, energéticos, metais e minérios, <?xml:namespace prefix = ns0 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />em cujas Bolsas os fundos que capturam essa liquidez fazem operações. Quanto ao etanol, seu preço acompanha as idas e vindas do açúcar, mas de uma forma bem mais suave: em média, apenas 50% das oscilações do preço do açúcar passam para o do etanol.

No balanço dos últimos 15 anos, a relação de preços entre etanol e açúcar caiu cerca de 60%. Ou seja, o barateamento do etanol demonstra também expressiva flexibilidade entre esses preços.

Como no Brasil o preço da gasolina tem sido fixado prolongadamente considerando menos o mercado e mais seu impacto inflacionário, a distorção é passada ao etanol, cuja produção acaba desestimulada, num momento em que novos investimentos tornam-se cruciais.

Some-se a isso o risco de diagnóstico impróprio do governo o leve a tentar sanar problemas estacionais decorrentes de insuficiência de armazenamento com medidas que inibam ainda mais o investimento. É o que se passa quando se tenta forçar um aumento de produção de etanol punindo a produção e a exportação de açúcar.

Do mesmo modo, se a planejada expansão da Petrobras chegar ao ponto de influenciar os preços do etanol, a experiência do que acontece com a gasolina pode aumentar as incertezas e também deslocar potenciais investidores privados.

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Fonte:
Geraldo Barros

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