UNICA: Moagem de cana na safra 2011/12 deve ter redução de 12,2%

Publicado em 01/11/2011 13:08 e atualizado em 01/11/2011 14:18
A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), em conjunto com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), demais sindicatos e associações estaduais do setor sucroenergético, revisou a estimativa de produção de cana-de-açúcar, etanol e de açúcar para a safra 2011/2012 na região Centro-Sul do País. A nova projeção aponta uma moagem de 488,50 milhões de toneladas, redução de 4,26% em relação à última estimativa divulgada em agosto deste ano (510,24 milhões de toneladas) e queda de 12,29% sobre o valor final da safra 2010/2011 (556,95 milhões de toneladas).

A redução da estimativa de moagem decorre da menor produtividade agrícola do canavial. De acordo com dados apurados pelo CTC, o rendimento agrícola da área colhida até o final de setembro atingiu 70,60 toneladas de cana-de-açúcar por hectare, queda de 18,20% em relação ao valor observado no mesmo período de 2010. A produtividade esperada para a safra 2011/2012 no Centro-Sul é inferior a 70 toneladas por hectare, redução de quase 20% em relação à média histórica de 85 toneladas por hectare. 

Os principais fatores responsáveis por essa queda da produtividade agrícola são a idade avançada do canavial e as condições climáticas desfavoráveis para o desenvolvimento da planta, que incluem a estiagem prolongada nos meses de inverno nas últimas duas safras e a ocorrência de geada e florescimento no início da atual safra.

Além desses fatores, também contribuíram para a menor produtividade: (i) a ampliação da mecanização do plantio e da colheita em áreas não sistematizadas; (ii) a incidência de novas doenças como a ferrugem laranja; (iii) o aumento do nível de infestação de algumas pragas; e, (iv) o crescimento da produção em regiões com menor potencial produtivo.

O menor rendimento agrícola deve ser verificado em todos os Estados produtores da região Centro-Sul. Contudo, o impacto da quebra agrícola sobre a oferta de cana deverá ser menor nos Estados onde houve maior índice de expansão de área de colheita, como Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

No Estado de São Paulo, principal região produtora do País, a produtividade agrícola será a menor dos últimos 20 anos e a retração na moagem deverá superar 50 milhões de toneladas, com destaque para as regiões de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Araçatuba. Esse volume representa cerca de 80% da redução de moagem prevista para todo o Centro-sul na safra 2011/2012.

Segundo o diretor técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, “as variáveis mencionadas, somadas à expectativa de apenas quatro unidades produtoras iniciando moagem no próximo ano, deverão resultar em um crescimento tímido da produção na safra 2012/2013”. O investimento na renovação do canavial é a melhor alternativa para acelerar o crescimento da produção de etanol e de açúcar a partir da safra 2013/2014, pois existe capacidade ociosa significativa na indústria e falta de matéria-prima, alerta o executivo.

Qualidade da matéria-prima

A nova estimativa para a safra 2011/2012 projeta uma quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana de 137,30 kg, recuperação de 1,63% em relação aos 135,10 kg projetados na última revisão. A maior concentração de açúcares na planta deve minimizar a queda prevista para a moagem. Dessa forma, a redução efetiva na quantidade total de açúcar e etanol produzida deverá ser de apenas 2,70% em relação ao valor calculado na última projeção divulgada pela UNICA (67,07 milhões de toneladas de ATR contra 68,93 milhões estimados anteriormente).

Produção

 A UNICA estima que 51,81% da cana projetada para a safra 2011/2012 será utilizada para produção de etanol, e 48,19% terão como destino a produção de açúcar. Com isso, a produção de açúcar deverá atingir 30,80 milhões de toneladas, queda de 2,44% em relação à estimativa anterior, e de 8,06% em relação aos 33,50 milhões de toneladas produzidas na safra 2010/2011.

Já a produção de etanol deverá totalizar 20,39 bilhões de litros, queda de 2,93% em relação ao número projetado na última revisão e de 19,68% sobre os 25,38 bilhões de litros da safra anterior. Do total a ser produzido nesta safra, 7,83 bilhões de litros serão de etanol anidro e 12,56 bilhões de hidratado.

A queda na produção de etanol será compensada pela importação do produto, o que já tem ocorrido. Desde o início de abril até o final de setembro, o País importou 567,77 milhões de litros de etanol e, até o final da safra, esse volume deverá atingir cerca de 1,20 bilhão de litros.

A produção esperada de etanol está em linha com os números discutidos nas reuniões promovidas pelo Governo Federal, com participação de produtores e distribuidores, para monitorar as tendências de oferta e demanda do produto.

De acordo com o diretor da UNICA, “a evolução da produção está sendo acompanhada de perto por todos os agentes e existe consenso de que, mantida a tendência de vendas, os valores projetados, em especial para o etanol anidro, são suficientes para atender plenamente o mercado doméstico até o início da próxima safra”.

A projeção de demanda de etanol anidro combustível no País aponta para um crescimento de 10% no consumo do produto na safra 2011/2012 comparativamente ao último ano, apesar da redução da mistura do anidro na gasolina a partir de outubro. Em contrapartida, a estimativa de consumo para o hidratado carburante apresenta queda superior a 30% em relação à safra passada.

Rodrigues explica que, “a produção esperada de etanol neste ano deve ser menor que aquela observada na safra 2007/2008, quando a frota de veículos flex representava menos da metade da frota atual.” Apesar disso, não estamos observando oscilações extremas de preço e consumo do produto, mostrando avanços significativos no funcionamento desse mercado, concluiu o executivo.
 

Exportações

De acordo com a nova estimativa, as exportações de açúcar deverão atingir 21,20 milhões de toneladas nesta safra, queda de 13,96%. Já as exportações de etanol devem apresentar uma retração de 6,62% em relação ao volume exportado no último ano, totalizando 1,65 bilhão de litros na safra 2011/2012.

Parcela significativa do etanol que está sendo exportado refere-se a compromissos assumidos pelas empresas no passado e que, portanto, precisam ser cumpridos. Apesar da importação pontual observada neste ano, decorrente da quebra de safra, o País continuará sendo exportador líquido do produto.

 

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Fonte:
UNICA

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