Fusão de estatais na China tem potencial para mudar a relação entre oferta e demanda de produtos e insumos do agro no mundo

Publicado em 19/01/2017 13:19
Confira a entrevista de Eduardo Lima Porto - Diretor da Custo Agro
Fusão de estatais na China tem potencial para mudar a relação entre oferta e demanda de produtos e insumos do agro no mundo

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Fusão de estatais na China pode mudar a relação entre oferta e demanda de produtos e insumos do agro no mundo

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O diretor da CustodoAgro, Eduardo Lima Porto, conversou com o Notícias Agrícolas para analisar as implicações da fusão de duas empresas estatais na China, a Sinochem e a Sinograin, no cenário mundial do agronegócio.

De acordo com Porto, ainda é prematuro analisar, a curto prazo, o que essa decisão deve afetar nos negócios, mas a médio prazo, "pensar na influência das duas empresas na China e suas ações combinadas é algo que pode gerar mudanças estruturais bastante fortes", na visão do diretor.

A Sinochem atua com insumos agrícolas - desde fertilizantes a defensivos - e fornece 50% da matéria-prima para o glifosato da Monsanto no mundo. Além disso, ela domina também a produção petroquímica na China, somando, assim, mais de US$100 bilhões por ano de faturamento.

Já a Sinograin, que ele aponta como uma correspondente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na China, distribui toda a estrutura de armazenagem para dar suporte a toda a produção de grãos no país, além de controlar uma série de serviços que são acessórios.

Com isso, constrói-se um conglomerado com faturamento maior que US$200 bilhões, em um país que é um grande importador de soja. "Olhando o volume que o Brasil exporta, elas devem controlar 60% desse volume", diz Porto.

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Logo, a estrutura de lucratividade no setor do agronegócio brasileiro pode se ver afetada pelos negócios lá fora. Porto alerta que "precisamos tomar consciência de que somos parte e não centro de um processo. Precisamos nos ajustar a essa realidade ou criar mecanismos que amenizem os efeitos das decisões externas"

O interesse da China pelos grãos vem em decorrência de um ar contaminado, solos deficientes e falta de água no país. Com isso, ele aconselha que o Brasil pense de que forma pode agregar valor e participar, cada vez mais ativo, desse movimento mundial. Ele lembra também que a China possui "O Caminho do Cinturão", que já integra o pais asiático a outros 60 países por meio de ferrovias por transporte de grãos. Em consequência disso, esses países também são influenciados do ponto de vista econômico e político.

No dia-a-dia, a super empresa chinesa poderá determinar o que é importante para eles. Com isso, o custo cai diretamente no bolso do agricultor, pois elas estabelecem a condição de fornecimento de tudo o que o agricultor precisa. "Necessariamente, isso começará a ser sentido nos próximos dois a três anos, logo, o conselho é acompanhar de perto e não ficar em posição passiva", aponta.

“A China está ganhando o jogo de xadrez em termos de influência geopolítica e econômica”, diz o diretor da CustodoAgro. "O Brasil movimenta cerca de US$ 10 bilhões em defensivos agrícolas, só que não produz suas próprias moléculas, não tem capacidade de síntese para atender essa demanda interna. A maior parte das moléculas que atende as empresas localizadas aqui, que a maior parte são multinacionais, corresponde a produtos desenvolvidos e produzidos na China. Então, formulamos aqui e vendemos para os agricultores. Só que quem define o preço da molécula de base é o chinês. Assim, quanto maior for o poder do chinês de definir isso, mais forte será a relação de troca que vai definir nossa faixa de lucratividade daqui para frente”, completa.

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Por:
Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte:
Notícias Agrícolas

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