Revendas: grupos asiáticos para originar grãos e investidores que prepararam empresas para negócios futuros lideram aquisições

Publicado em 25/04/2017 11:31
Confira a entrevista com Matheus Consoli
Processo de aquisição de revendas por estrangeiros tem se intensificado e movimento tende a beneficiar produtores brasileiros, desde que não se transforme em monopólio

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Matheus Consoli - Diretor da Markestrat

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A chegada de grupos estrangeiros investindo em revendas agrícolas no Brasil é um tema que ainda gera muitas dúvidas. Para responder algumas delas, o diretor da Markstrat, Matheus Consoli, conversou com o Notícias Agrícolas para destacar as consequências, os benefícios e os riscos dessas transações.

De acordo com Consoli, os principais investidores são grandes revendas, fundos de investimento e diversas empresas, em especial, asiáticas. O interesse vem como forma de acessar o produtor brasileiro tanto para vender insumos quanto para produzir grãos. Algumas empresas olham mais para o drive dos grãos, enquanto outras realizam melhor trabalho na venda de tecnologia. "Ao levar mais tecnologia para o campo, isso é umaforma de captar valor e crescer junto com essas empresas", destaca o diretor.

No Brasil, há cerca de 1800 grupos de revenda. Desse número, apenas 100 empresas representam 50% de tudo o que o produtor rural compra em termos de insumos. Portanto, esse mercado já é, de certa forma, pulverizado.

A concentração, segundo Consoli, "até certo ponto não é ruim". Com um mercado fracionado e pulverizado, esses investidores tendem a ter um melhor acesso a crédito e melhores compras de insumos, além de uma melhor capacidade operacional, o que pode trazer mais benefícios para os produtores. A concentração deve fazer com que as empresas fiquem mais eficientes tanto na compra quanto na venda.

Pode haver risco de monopólio, mas Consoli não acredita que chegará ao ponto de uma região ter apenas uma grande revenda. Para o produtor, isso não seria interessante, uma vez que perderia a natureza da concorrência, que é o grande driver de melhoria de preços.

O concorrente que vê essas aquisições acontecerem tem três caminhos a serem seguidos: um deles é não fazer nada, o que o diretor não aconselha. A segunda alternativa é se preparar para ser um potencial adquirido. A terceira, por fim, destaca que as revendas devem se preparar para serem competitivas com bons serviços e produtos para ter eficiência. Ele lembra que o mesmo ocorreu no país com o setor de supermercados.

Futuro dos investimentos

Os investidores que se sobressaem, no momento, são os grupos asiáticos que acessam o produtor rural para vender insumos e originar grãos, criando oportunidade para exportação. Em paralelo, no entanto, o tema dos grupos de investimento está bastante aquecido - estes, compram revendas menores, investem e deixam prontas para vender a grupos internacionais.

De uma forma geral, Consoli acredita que esse é um processo saudável, como outros setores passaram. Em nenhum desses casos, os preços subiram ou a qualidade diminuiu. Os players ficam maiores, mais relevantes e mais estruturados.

Os produtores, nesse processo, devem ficar atentos e sempre olhar a credibilidade das empresas. "Esses riscos existem hoje e vão continuar existindo, não vem de concentrar ou não. O produtor tem que ficar atento a qual é a saúde financeira da empresa para a qual entrega o grão", aponta.

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Por:
Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte:
Notícias Agrícolas

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