Subsídios ao crédito rural beneficiam bancos e não chegam ao produtor. Governo quer mudança, mas...

Publicado em 15/02/2019 17:10
Antônio da Luz - Economista - FARSUL
Utilizar os recursos que hoje são repassados aos bancos para incrementar o seguro rural e aumentar a concorrência entre os bancos são possíveis mudanças que estão sendo discutidas

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Entrevista com Antônio da Luz - Economista - FARSUL sobre o crédito rural

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Nesta quinta-feira (14), o Notícias Agrícolas conversou com Antônio da Luz, economista da Farsul, para discutir a questão do crédito rural subsidiado, já que a Ministra da Agricultura, recentemente, chegou a dizer que não pode haver uma reviravolta total no modelo que existe. Para ela, precisa ser um "desmame" mais lento para o setor.

Luz faz parte da equipe que está discutindo essas mudanças junto ao Governo e destaca que os subsídios ao crédito rural não vão acabar. Essa não é a intenção do setor, como ressalta o economista, bem como em nenhum momento se discutiu cortar os subsídios.

Entretanto, está se discutindo se esse subsídio chega ou não ao produtor. Essa é uma discussão que, como ressalta o economista, deve ser enfrentada.

Mas, antes de pensar em um novo modelo, tem que pensar no atual modelo que, para ele, foi bastante criativo. Saímos de uma situação na qual o Governo financiava a agricultura e passamos a outro modelo no qual a sociedade financia a agricultura retirando dinheiro dos depósitos compulsórios e deslocando dinheiro da caderneta de poupança - neste último caso, apenas bancos federais e, posteriormente, cooperativas de crédito.

Esse sistema, segundo ele, foi criado em um momento de uma agricultura de 50 milhões de toneladas. Mas hoje, temos uma agricultura de 240 milhões de toneladas. O agronegócio, de 1996 para cá, cresceu muito mais do que cresceram os depósitos a vista, como ele visualiza.

Do Plano Safra 2014 ao Plano Safra 2018, o custo de produção aumentou 22%. Sem considerar aumento de área, aumentamos, no mínimo, 22% a necessidade de recursos. Entretanto, neste mesmo período, mesmo com os anúncios cada vez maiores, o que de fato foi emprestado caiu 10,5%.

Para ele, os produtores estão pagando juros estratosféricos e o sistema "naturalmente, bateu no teto". Por isso, devem ser pensadas em novas alternativas que não são para o próximo Plano Safra.

O setor, entretanto, tem solicitado ao governo que estude alternativas porque esse sistema tem dado sinais claros de esgotamento, como relata Luz.

Confira a entrevista completa no vídeo acima

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Fonte:
Notícias Agrícolas

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2 comentários

  • Antonio Lopes de Oliveira Neto Itapetininga - SP

    Antonio da Luz, como ficam os créditos de investimento especificamente no setor da avicultura que demanda prazo e juros subsidiados para a modernização de suas estruturas?

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Muito boa entrevista com o Antonio da Luz, mas eu gostaria de falar algumas coisas. No Brasil se diz que os juros são subsidiados nos financiamentos agropecuários, mas há uma incongruencia lógica nisso devido aos altos impostos cobrados pelos governos em cima da produção. Então dessa forma entra um governo e resolve financiar a atividade leiteira, pensando evidentemente nos impostos que serão recolhidos, e ocorre que muitos produtores embalados por discursos entraram na atividade, que infelizmente são inviáveis economicamente. Então o sujeito financia uma infraestrutura impagável e depois reclama da sociedade dizendo que está sendo feito de escravo. Isso é a coisa mais comum, só não ve quem não quer. Eu poderia me estender aqui e contar de como perdi duas ilusões que tive na juventude por força da ação governamental, em um caso impedindo e em outro estimulando. Mas vou falar dos tais subsidios de juros que acontecem da seguinte maneira, e acho necessário primeiro falar que um produtor eficiente consegue no MT ter um custo, sem arrendamento, de 30 sacas por ha, e colhendo 60 teoricamente sobrariam 30. 100% de lucro do capital investido. Mas o custo das fazendas não é só esse, existem as manutenções, as moradias dos patrões e funcionários, construção e manutenção de estradas, e o mais caro de tudo, a aquisição de máquinas e equipamentos, e é aqui que a porca torce o rabo. O produtor rural nem sabe direito quanto paga de impostos sobre máquinas, equipamentos e infraestrutura, sabe apenas que são impostos altissimos, e dessa forma o governo direciona crédito com as tais taxas de juros subsidiados. Em 10 anos o produtor rural fica pagando juros sobre os impostos pagos ao governo. Tem picaretagem maior que essa? Fico feliz que voce esteja trabalhando junto com a CNA Antonio e valorizo teu esforço em tentar pelo menos "discutir" temas importantes como os subsidios, pela tua fala já se percebe as imensas dificuldades que existem apenas para se discutir assuntos importantes nessas entidades que se dizem representativas dos produtores, mas que infelizmente são um antro de nulidades.

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    • elcio sakai vianópolis - GO

      Rodrigo, o meu custo com adubo, semente, defensivos e óleo diesel, gira em torno de 28 a 33 sacas, esse valor varia de acordo com o fechamento da média do valor da soja. Acho que no centro oeste do brasil deve girar nesse valor. Os outros custos de produção fora arrendamento gira em torno de R$ 450,00 a R$ 800,00 ( 07 a 12 sacas de soja por há), o arrendamento de 10 sacas até 15 sacas de soja. Como pode ver é muito variável o custo no Centro Oeste, mas no geral, nesta safra enfrentamos um custo de 45 a 55 sacas de soja por há. Lógico que alguns produtores conseguem ter um custo menor que esses, porém há outros que também conseguem ter um custo maior que os 55 sacos, muitas das vezes, esse que tem um custo maior, só vai perceber esse custo, quando a conta da atual safra não fechar.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Sr ELCIO, esse seu comentario e' de extremo interesse a todos os produtores que participam do NA-----OBRIGADO----meus custos foram de 41 sacas porque botei muito calcario e gesso tambem--- consegui 78,5 sacas---

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Elcio, segundo seu relato, esses custos referem-se ao Custo Operacional... ... Você tem ideia de quanto é seu Custo Fixo? Somando esses dois você pode chegar ao seu Custo Total ... ... Desculpe-me, mas não sou bom em contas, mas as minhas no final sempre me deixavam nem muito alegre e, nem muito triste. ... Ou seja, o amor pela atividade era o "maior" peso para continuar ... ...

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    • elcio sakai vianópolis - GO

      Tenho sim sr. Paulo Roberto. O interessante que nos últimos 3 anos o custo de manutenção de máquinas e implementos está ficando mais caro do que a renovação da frota. Muitos profissionais (mecânicos, bombistas, eletricistas, etc.) que atendem o campo, valorizaram os seus serviços, o que é justo, porém está ficando cada dia mais difícil de arcar, as lojas de peças praticamente duplicou o valor nos últimos 4 anos, a culpa desse aumento do valor das peças, os donos das firmas, coloca a culpa no ICMS.

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    • elcio sakai vianópolis - GO

      Sr Carlo Meloni, o seu custo provavelmente é menor devido ter um incremento de uns 7% no valor da soja, além de precisar menos adubo pra produzir uma tonelada de soja. Aqui no Centro Oeste as terras geralmente são mais fracas, por isso usamos maiores quantidades de NPK. Aqui tem até um velho ditado, no plantio se for pra jogar menos, erre na quantidade de semente, jamais na quantidade de adubo.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Sr Elcio, na verdade parece barato porque nao inclui as 15 sacas do arrendamento, por ser proprietario da terra. Nao sei se esse conceito esta' certo porque mistura o retorno---Diante do exposto sobressai mais um ponto de vista ------Fica mais dificil trilhar o caminho da produtividade para os arrendatarios---

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    • elcio sakai vianópolis - GO

      Sr. Carlos o calcário e o gesso, vc tem que diluir na duração dos anos, até uma nova aplicação..., como você é proprietário, o seu custo de renovação de frota deve ser bem maior. Vale lembrar também que muitos produtores não contabilizam os juros embutidos nas parcelas dos maquinários e do custeio, como custos variáveis.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Na verdade, tenho muito que aprender sobre custos----

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Carlo, tenho certeza que o Sr. tem consciência deles, pode ter alguma dificuldade em defini-los como custo fixo ou varável, ou diretos ou indiretos. Mas, você sabe muito bem que eles existem. ... ... Um exemplo de custo fixo seria sobre o capital. No caso existe os bens imóveis e móveis. Os imóveis seria, por exemplo, a propriedade. Quanto ela vale? Se você vende-la e, aplicar o dinheiro numa das aplicações que paga o menor valor, a caderneta de poupança, que seria uma remuneração de 6% a.a. ... ... Esse valor você tem que colocar lá no custo fixo, pois a sua atividade (deveria, pelo menos) te remunerar o minimo que o seu capital te remuneraria, no caso, sendo um rentista. ... Enfim, são "n" fatores. Outro caso, se existem benfeitorias na propriedade, existe a depreciação delas. Uma casa de alvenaria, ao longo de 30 anos, qual seria o seu valor depreciado? Tudo isso tem uma maneira de calcular. ... ... ... Acho interessante, já que o assunto está em voga, que o N.A. fizesse algumas entrevistas para ajudar elucidar os produtores sobre o assunto. ... Está aí uma dica ....

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Ah! Na época que eu me debruçava sobre as planilhas, ao longo do tempo, tracei uma aproximação para o cálculo de custo de maquinas agrícolas. Não sei se hoje é possível pois, o valor do maquinário com suas tecnologias embarcadas foram nas alturas. Mas, voltando à aproximação, se a sua máquina consome 15 litros de óleo diesel/ hora. Você multiplica pelo valor do diesel, por exemplo R$ 4,00/litro, resulta em R$ 60,00. Aí você divide por 0,40 (60/0,40 = R$ 150,00) . Normalmente no Custo Variável o óleo diesel corresponde a 40% do total, logo se você dividir por 0,40 você chega no valor. No caso do plantio, por exemplo, o custo da plantadeira deve ser acrescido. Pega-se o valor dela (nova) e divide por 10.000, seria o número de horas de sua vida útil. Esse valor deve ser somado ao do trator que está trabalhando. ... ... E, assim por diante... Já existem planilhas que dão os números de horas úteis de cada implemento e máquina.. ...

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Sr Paulo, entendi -----CUSTO FIXO 6% do valor da terra( com Reserva Legal ou sem)+ITR +Energia eletrica+Depreciaçao das instalaçoes+Depreciaçao individual de cada maquinario e semovente +parcela anual do calcareo+consevaçao de estradas e caixas secas----CUSTOS VARIAVEIS::::Adubos+sementes+combustivel+mao de obra+conserto de maquinas+irrigaçao(se houver)+defensivos======Dois livros caixas um exclusivo para imposto de renda com custos fixos la' em cima

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