Moratória da Soja no Cerrado pode paralisar a produção de soja em 120 milhões de ha, alerta consultor

Publicado em 05/11/2019 15:12
Leonardo Oliveira - Diretor do LucrodoAgro Consultoria Agroeconômica
Entrevista com Leonardo Oliveira - Diretor do LucrodoAgro Consultoria Agroeconômica sobre a Moratória da Soja no PA

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Entrevista com Leonardo Oliveira - Diretor do LucrodoAgro Consultoria Agroeconômica sobre a Moratória da Soja no PA

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A Moratória da soja, acordo entre as 13 tradings ligadas à Abiove que proíbe a compra do grão de áreas desmatadas após 2008, pode se estender para o bioma Cerrado. Se a ameaça das compradoras seguir adiante a moratória pode paralisar a produção de soja numa imensa área de 120 milhões de hectares, abrangendo praticamente toda a parte central do territorio brasileiro, que é o total do espaço territorial ocupado pelo bioma cerrado no País (que vai desde o sul do Mato Grosso do Sul, avançando até Roraima, no extremo Norte do Brasil).

Com a  possibilidade de interdição anunciada na semana passada pela Associação Brasileira das Industrias de Óleo Vegetal (Abiove) aos dirigentes de entidades produtoras de soja no Páis, a Moratória passa a ser o maior problema enfrentado no atual momento pelos agricultores da  oleaginosa na parte central e norte do País.

A justificativa dada pela Abiove é de que a entidade (que reúne 13 compradoras de soja internacionais estabelecidas no País) tem "o compromisso de apoiar uma agenda de governança ambiental visando manter o reconhecimento internacional do agronegócio brasileiro e, por conseguinte, valorizar a produção sustentável da soja brasileira".

--" Com base nos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE (PRODES Amazônia), o setor monitora o plantio de soja em áreas desmatadas e com estas informações em mãos, as empresas associadas à ABIOVE garantem uma política de desmatamento zero há mais de uma década. Por meio de procedimentos de controle de origem e auditorias independentes validadas pela sociedade civil, as empresas não adquirem nem financiam soja de fazendas em que tenha sido detectado desmatamento", diz o site da entidade.

A implantação da Moratória vem sendo cuidadosamente planejada há 4 anos, mas no mes de outubro - coincidindo com notícias de desmatamento e incendios na Amazonia - a Abiove disparou os procedimentos de suspensão de compras de soja em áreas de desmatamento recentes na Amazonia Legal (como no norte do Pará) e, conjuntamente, vem tentando cooptar agricultores do bioma Cerrado no sentido de não abrirem novas áreas de plantio em troca de um pagamento equivalente a 8 sacas de soja, por hectare (valor de um arrendamento médio nas áreas do Arco Norte). 

Representantes dos produtores se dizem preocupados e surpresos com a Moratória, que, no entender deles, nada mais é do que um procedimento ilegal, caracterizado como a prática de cartel. (que é quando um grupo de empresas se reune num unico proposito de impor condições a seus fornecedores).

No entender do eng. agronomo Leonardo Oliveira, diretor da consultoria Lucro do Agro (especializada em contestações de demandas ambientais no MS),  a intenção da Abiove não é outra "senão a de erguer uma barreira comercial (e não ambiental) contra a produção de soja do Brasil".

“Temos estudado as exigencias quanto à legalidade do uso e ocupação do solo, e sabemos que devemos obedecer os marcos da temporalidade da legislação em vigor (Código Florestal). Diante disso, cada proprietário deve identificar os percentuais de uso permitido no período em questão. Assim, não há o que falar em descumprimento legal,  e até mesmo a exigência de reserva legal”, comenta.

(Confira a entrevista completa acima).

 

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Por:
João Batista Olivi e Andressa Simão
Fonte:
Notícias Agrícolas

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5 comentários

  • Tiago Gomes Goiânia - GO

    Respeito as reclamações dos produtores. Mas por outro lado é legítimo as Traders não comprarem..., estamos ou não em um livre mercado?

    Se eles impõem essa condição como comprador cabe ao vendedor entregar para outras empresas, se for o caso. Relação livre, comprador versus vendedor. Há, muitos vão alegar não existem muitas empresas compradoras... que se de outro jeito. É o que digo ideais liberais nos olhos dos outros é refresco!

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Tiago Gomes me diga aí, se os produtores quiserem fabricar biodiesel com a soja ou mesmo farelo de soja para engorda de animais...eles são livres para isso? Se um produtor quiser vender a soja dele para a indústria de São Paulo ele é livre para isso ou tem que pagar o ICMS? Pagamentos que as tradings não são obrigadas a fazer. No Brasil o mercado é tão livre que um produtor de Rondonópolis saiu da fazenda algemado por comercializar biodiesel. É um mercado livre onde as pessoas são presas e humilhadas pela sacrossanta classe de funcionários públicos.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      A soluçao para esse problema e' superfacil------E' preciso que o pessoal da area convide uma esmagadora nacional para instalar uma fabrica na regiao----Sem a concorrencia das outras compradoras vai produzir oleo para o mercado interno inclusive para adicionar ao diesel------Viva a liberdade

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      E' lamentavel constatar que PETISTAS argumentam e trabalham sempre contra o pais

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    No entender do eng. agronomo Leonardo Oliveira, diretor da consultoria Lucro do Agro (especializada em contestações de demandas ambientais no MS), a intenção da Abiove não é outra "senão a de erguer uma barreira comercial (e não ambiental) contra a produção de soja do Brasil". Será que o código florestal passou a ser uma cláusula pétrea como os 10 mandamentos? Nós, conservadores defendemos a mudança e isso também se aplica ao código florestal, e por ter sido aprovado por politicos não significa que não possa ser modificado, melhorado, aperfeiçoado, pois é evidente que o código fere principios constitucionais.

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    • Amandio Gehlen jr Cuiabá - MT

      120 milhoes de ha? A área plantada com soja no Brasil é de pouco mais de 30 milhões de ha....

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Por meio de procedimentos de controle de origem e auditorias independentes validadas pela sociedade civil, as empresas não adquirem nem financiam soja de fazendas em que tenha sido detectado desmatamento", diz o site da entidade. Eles estão falando aqui em nome da sociedade civil, e citam entidades públicas como argumento de autoridade...mas será que é isso mesmo?

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    • marcio gugelmin Rondonópolis - MT

      Rodrigo, só pelo fato de serem áreas "desmatadas", ou pq tem irregularidades? Isso parece protecionismo disfarçado.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Sr Marcos Gugelmin, se uma pessoa tem um desafeto qualquer e esse desafeto apresenta uma denuncia à policia florestal , a policia e' obrigada a investigar... Na frenetica disposiçao de faturar, a policia sempre multa e embarga a obra,,, Para o coitado se defender e' marcada uma audiencia no proximo oitavo mes----Nesta audiencia o coitado apresenta sua defesa que leva um ano para ser analisada... Caso o coitado desobedeça o embargo, o valor da multa ultrapassa o valor da propriedade... A Moratoria nada mais e' de que um embargo.

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    • Tarcisio Schneider

      Eu acho o seguinte, se nao querem comprar, aonde vao buscar soja pra suas industrias??? isso é pura guerra comercial que estao tentando impor ao Brasil..., deixem eles sem soja que acabam fechando as portas, isso sim..

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  • JAC.SEMENTES Bom Jesus - SC

    No meu ponto de vista, podemos atropelar esses sanguessugas do Brasil ...

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Será mesmo a sociedade civil que quer punição tão severa aos que por ventura estejam irregular em uma regra ou outra? Ou será que estamos sujeitos a imposições draconianas com objetivos economicos e politicos incofessáveis?

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  • Cassiano aozane Vila nova do sul - RS

    Buenas, montem uma trading e vendam pra quem quiser comprar, ninguém quer saber de mato..., querem é soja.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      No Brasil a prática de conluio entre empresários e políticos, também chamado de fascismo, ainda é muito comum, principalmente multinacionais se aliam e financiam políticos para impedir qualquer tipo de concorrência.

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