Os solos brasileiros estão perdendo a capacidade produtiva, alerta o prof. Afonso Peche, do IAC

Publicado em 10/01/2020 16:19
Afonso Peche - Pesquisador do IAC e Especialista em Solos
Com a volta das chuvas, voltam as erosões e as voçorocas. Qual a novidade? ... o fato novo é que os solos estão se enfraquecendo, perdendo eficiência produtiva

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Entrevista com Afonso Peche - Pesquisador do IAC e Especialista em Solos sobre a perda de solos férteis pela a erosão

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O especialista em solo Afonso Peche Filho, do Instituto Agronômico de Campinas (SP), em entrevista exclusiva ao Noticias Agrícolas, está alertando aos produtores para que, nesta safra, prestem mais atenção às perdas da capacidade produtiva em suas propriedades. O inimigo são as erosões, que começam com escorrimentos não contidos, que se transformam em enormes voçorocas e terminam em perdas irreparáveis para os agricultores.

-- "A impressão que temos é que estamos regredindo nesta quesito de conservação dos solos. A perda de eficiência é evidente. E isso se dá pela incompreensão dos agricultores em cuidar de seu bem maior, que são os solos". Afonso Peche diz que, para privilegiar a otimização das máquinas, muitas propriedades estão eliminando os terraços, as curvas em nível, e as enxurradas estão causando destruição impressionante. Os solos produtivos estão acabando dentro dos rios e represas, diz o especialista.

A solução é fazer cobertura verdadeira, o tempo todo e em toda a propriedade ("e não apenas aquela resultante da palhada da colheita"), perseguir a permanente rotação de culturas e impedir o escorrimento superficial nas lavouras. O prof. Afonso alerta para as áreas que apresentam nuvens de poeira nas propriedades, como primeiro sintoma de entupimento dos solos, e também, nos talhões com irrigação, verificar a quantidade de finos (poeira) que estão reduzindo a capacidade de absorção das águas irrigadas.

--" Temos avanços tecnológicos, mas não conseguimos superar as limitações da produtividade, causadas pela falta de atenção com os solos produtivos. As perdas nesta safra, com a chegada das chuvaradas, vão se repetir inexoravelmente. E parece que os agricultores brasileiros não estão prestando atenção à essa tragédia", diz o especialista em solos do IAC. Acompanhe mais informações na entrevista especial acima.

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Por:
João Batista Olivi
Fonte:
Notícias Agrícolas

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5 comentários

  • Mauro Cesar Tribulato Londrina - PR

    Além da perda de solo por erosäo e escorrimento, o que me preocupa na questäo do empobrecimento dos solos do nosso país, é a exportaçäo de nutrientes que väo juntos com nossas colheitas. Me questiono se realmente os produtores do Brasil estäo repondo de maneira consistente os minerais exportados. Somos um grande exportador de gräos e alimentos de maneira geral, mas estamos realmente gerando divisas com as exportacöes ou estamos empobrecendo ? Estamos repondo fósforo, potássio, enxofre, calcio, magnesio e todos os outros minerais para sustentar esta produçäo de mais de 200 milhoes de ton maneira consistente ? Mais uma questäo para pensarmos...

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  • Afonso Peche Filho Jundia? - SP

    Nos trópicos, por conta das chuvas torrenciais é necessário ter uma estratégia para distribuir o excesso de água causado pela precipitação maior que a velocidade de infiltração natural do solo. A melhor estratégia, e de comprovada eficiência, é o plantio em nível. Na natureza tudo está em nível, somente os rios e escorrimentos de lava e de neve, não. Assim é fundamental instalar lavouras em nível para não fragilizar ás áreas ao longo do tempo. Os terraços são obras complementares, instaladas como forma de segurança para que um possível escorrimento não ganhe energia e provoque estragos generalizados na área de produção. Quando a gente não instala lavouras em nível pode até dar mais rendimento às máquinas, más, vai tornando a área mais vulnerável às chuvas que virão pela frente. Então recomendamos enfaticamente que é melhor instalar e operar lavouras sempre em nível.

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    • Ezequiel Calgaro Mariópolis - PR

      Não amigo, no plantio em nivel o trator gasta menos combustível e rende mais no dia..., aqui no sudoeste onde as áreas são mais inclinadas não tem outro jeito ???? mas são poucos que fazem o plantio em nível.

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  • Mauro Cesar Tribulato Londrina - PR

    Além da perda de solo por erosäo e escorrimento, o que me preocupa na questäo do empobrecimento dos solos do nosso país, é a exportaçäo de nutrientes que väo juntos com nossas colheitas. Me questiono se realmente os produtores do Brasil estäo repondo de maneira consistente os minerais exportados. Somos um grande exportador de gräos e alimentos de maneira geral, mas estamos realmente gerando divisas com as exportacöes ou estamos empobrecendo ? Estamos repondo fósforo, potássio, enxofre, calcio, magnesio e todos os outros minerais para sustentar esta produçäo de mais de 200 milhoes de ton maneira consistente ? Mais uma questäo para pensarmos...

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  • Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS

    Uma grande entrevista!!!

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  • Eli Machado Cabrera

    A eliminação dos terraços e das curvas em nível causam destruição desde que não seja aplicada corretamente as técnicas e tecnologias disponíveis para elaboração de projetos de conservação de solo. Em qualquer dos casos (curva ou ESD) se não houver atenção ao método o resultado é catastrófico.... A atenção deve ser dada ao solo, pois é nosso maior tesouro em qualquer situação ... e os órgãos competentes não devem admitir a falta de responsabilidade em nenhuma das situações... Vamos em busca de tecnologia e métodos que conservem o solo e que tragam mais e mais eficiências para as operações. Não devemos condenar métodos e, sim,avaliar com cautela os resultados.

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    • Afonso Peche Filho Jundia? - SP

      Eli

      Boa noite,

      Muito obrigado pelas considerações.

      Realmente estou muito preocupado com os problemas de erosão em todo o Brasil.

      Eu viajo bastante e constato de fato que processos erosivos estão generalizados.

      Precisamos enfrentar o problema de frente.

      Questões que envolvem as práticas conservacionistas e a mecanização são resolvidas com o que estamos denominando de "redesenho conservacionista" das propriedades e talhões. São atividades para adequação das dimensões de terraços ao tamanho das máquinas e adequações de trafegabilidade operacional. O redesenho conservacionista associa a capacidade operacional às práticas conservacionistas necessárias para produção.

      Se você quiser organizar um evento ou um programa conservacionista na sua região pode contar comigo

      Forte abraço

      Afonso Peche Filho

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Prof Afonso... e' melhor terraços ou curva de nivel??? Alguns acham que curva de nivel tira area de lavoura... Dai minha pergunta...

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    • Afonso Peche Filho Jundia? - SP

      Carlos, ... Nos trópicos, por conta das chuvas torrenciais é necessário ter uma estratégia para distribuir o excesso de água causado pela precipitação maior que a velocidade de infiltração natural do solo. A melhor estratégia, e de comprovada eficiência, é o plantio em nível. Na natureza tudo está em nível, somente os rios e escorrimentos de lava e de neve, não. Assim é fundamental instalar lavouras em nível para não fragilizar ás áreas ao longo do tempo. Os terraços são obras complementares, instaladas como forma de segurança para que um possível escorrimento não ganhe energia e provoque estragos generalizados na área de produção. Quando a gente não instala lavouras em nível pode até dar mais rendimento às máquinas, más, vai tornando a área mais vulnerável às chuvas que virão pela frente. Então recomendamos enfaticamente que é melhor instalar e operar lavouras sempre em nível.

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    • Renato Santi Locatelli Alvorada do Sul - PR

      Estamos vendo isso ao vivo no municipio de Taciba e Naramdiba (SP)... usina plantando cana com desnivel e quase nada de curva. Fazem um ladrao morro a baixo, plantam milheto ou capim nesses corredores e jogam a agua da chuva para nascentes e corregos abaixo. Isso é um assassinato para rios e nascentes ... e não tem nenhuma autoridade para efetivar essa fiscalização.

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    • Elvio Zanini Sinop - MT

      Concordo que os solos brasileiros, em sua maioria, estão ficando estéreis; Nós aqui em Sinop- MT., com mais de 40 anos de experiencia, adotamos no início fosfato de Araxá, incorporado fundo.. Deu Resultado.. em nossa propriedade nasceu erva gorda, picão, e uma variedade de leguminosas...; Hoje quem teima somente com o binomio soja e milho deverá mudar para milho com brachiara para recuperar o solo. Do contrário, a produtividade vai diminuindo.

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