Boi China já tem diferencial de até R$15 /@ sobre o boi comum, apura FCStone

Publicado em 14/04/2020 15:29 e atualizado em 14/04/2020 18:15
Gustavo Rezende Machado - Consultor em Gerenciamento de Riscos da INTL FCStone
Demanda da China segue firme e juntamente com Hong Kong foi responsável por mais da metade das exportações brasileiras em março

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Mercado do Boi Gordo - Entrevista com Gustavo Rezende Machado - Consultor em Gerenciamento de Riscos da INTL FCStone

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Para atender a demanda chinesa, as indústrias frigorificas estão ofertando preços até R$ 15,00/@ a mais para animais com até 30 meses e que atendem o padrão de exportação. No mercado interno, os negócios estão sendo realizando com cautela diante das incertezas no consumo por carne bovina. 

De acordo com o Consultor em Gerenciamento de Riscos da INTL FCStone, Gustavo Rezende Machado, os preços balcão para o boi gordo no estado de São Paulo seguem sustentados ao redor de R$ 195,00/@ e com premiações chega em torno de R$ 200,00/@. “Essa disputa de preços continua e o mercado está caminhando de maneira lenta, isso permite a manutenção das cotações”, relata. 

O isolamento da população diante do coronavírus acaba impactando no consumo de proteínas animais já que restaurantes, bares e lanchonetes estão fechados para o público. “Por isso, as indústrias adotaram a estratégia de comprar da mão para a boca e estão tomando cuidado para não fazer estoques”, comenta. 

O atacado também segue com estoques curtos de proteínas animais e as referências para o boi casado estão se mantendo na faixa dos R$ 13,00/kg. “A carne no atacado segue firme pela a baixa oferta, mas os estoques encurtados mostra o mercado interno mais fragilizado”, aponta. 

Por outro lado, os produtores rurais estão conseguindo resistir a qualquer pressão baixista já que a qualidade dos pastos é favorável para a engorda dos animais. “O final da safra de capim é em meados de Maio e uma possível concentração de oferta neste período pode afetar os preços”, diz Rezende. 

Exportações

As compras chinesas por proteínas retomaram em março após o doença ficar controlada. “Só a China comprou um volume de 52 mil toneladas o que representa 35% de tudo que embarcamos no último mês. Se somar Hong Kong esse percentual é de 75 mil toneladas”, explica. 

A expectativa do mercado é que a demanda chinesa venha aumentar nas próximas semanas, tendo em vista que a média diária exportada em abril está bem aquecida. “O mês de abril registrou um incremento de 5% no volume exportado na média diária frente aos dados observado em março”, pontua. 

Brasil dobra vendas de carne bovina à China enquanto isolamento afeta outros mercados

SÃO PAULO (Reuters) - As exportações brasileiras de carne bovina para a China dobraram em março ante igual período de 2019, enquanto outros mercados relevantes para o Brasil reduziram as compras da proteína, já afetados pelo recuo na demanda em meio a medidas de isolamento contra o coronavírus, segundo dados da indústria e especialistas do setor.

"Desde agosto de 2019, mais de 30% das vendas de carne bovina do Brasil vão para a China. Agora, estamos ainda mais dependentes dos chineses porque na União Europeia, por exemplo, os lockdowns diminuíram a necessidade de carne importada que iria para o food service", disse o consultor em Gerenciamento de Risco especializado em pecuária da INTL FCStone, Caio Toledo.

Os embarques de carne bovina do Brasil, incluindo o produto in natura e processado, totalizaram 147,08 mil toneladas em março, alta de 2,72% em relação a março de 2019, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

Somente a China respondeu por cerca de 35% das compras, com 51,86 mil toneladas importadas em março, um salto de 108% ante as 24,9 mil toneladas adquiridas um ano antes, apoiado pelo aumento no número de plantas habilitadas, segundo a Abiec.

De acordo com o consultor da FCStone, o número de unidades frigoríficas do Brasil habilitadas para exportar ao mercado chinês passou de nove para 39 no período avaliado.

"Se a China não tivesse esta quantidade de plantas habilitadas, o Brasil já registraria queda nas exportações totais da proteína bovina devido ao desempenho negativo de outros mercados."

A União Europeia, terceiro maior comprador de carne bovina brasileira atrás da China e Hong Kong, reduziu em 1% as importações em março, para 7,88 mil toneladas, segundo a Abiec, "e a tendência para os próximos meses é de recuos mais expressivos", estimou Toledo.

O Chile, quarto maior importador da proteína brasileira, baixou em 6,77% as compras de março, na variação anual, para 7,46 mil toneladas.

Ainda de acordo com dados da Abiec, países como Irã e Emirados Árabes, que figuravam entre os dez principais compradores de carne bovina do Brasil em março de 2019, também reduziram as importações e não aparecem mais neste ranking.

O Egito, que diminuiu em 33% as importações de março, tende a reverter este cenário nos próximos meses, diferentemente de Chile e União Europeia, pois recentemente habilitou novos frigoríficos brasileiros para garantir a segurança alimentar durante a pandemia, segundo o analista.

"Nas estimativas para o curto prazo, estamos vendo a China acelerando o fechamento de negócios pois os frigoríficos aumentaram a procura por gado nos padrões que os chineses pedem. Mas, ao mesmo tempo, o Brasil está sujeito a uma série de riscos, como uma segunda onda do coronavírus naquele país", alertou Toledo.

Ele lembrou que, em fevereiro, os chineses saíram parcialmente das negociações e muitas cargas ficaram paradas nos portos do país devido a restrições logísticas impostas pelo governo para controlar a Covid-19.

Essa situação impediu o retorno de contêineres ao Brasil e também impactou o mercado em março. Uma fonte da indústria a par do assunto que não quis se identificar afirmou que esta questão dos contêineres está sendo normalizada gradativamente.

"A China é um mercado promissor, mas arriscado. Temos que continuar acompanhando os desdobramentos da peste suína africana e da gripe aviária lá, mas sem esquecer que eles também podem perceber que estão dependentes do fornecimento do Brasil e passar a comprar mais de outros concorrentes."

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Por:
Aleksander Horta e Andressa Simão
Fonte:
Notícias Agrícolas/Reuters

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