ESPECIAL: Proximidade com o Mercosul e logística brasileira diminuem força do trigo brasileiro em 2011

Publicado em 27/12/2011 12:24 e atualizado em 27/12/2011 14:00
ESPECIAL: Problemas climáticos diminuem safra de trigo no Brasil em 2011, que já não atende demanda interna. No entanto, preços do cereal ainda sofrem com a falta de liquidez no mercado, isso porquê trigo do Mercosul e o alto custo da logística brasileira tiram competitividade do grão nacional. Para 2012, setor luta por política agrícola que atenda às necessidades da cadeia.
“Para o trigo brasileiro, 2011 foi um ano de problemas.” A afirmação vem do gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra, durante entrevista especial concedida sobre o mercado do trigo em 2011 para o Notícias Agrícolas. De acordo com ele, geadas no plantio e chuvas na colheita prejudicaram os produtores que plantaram mais cedo nas regiões produtoras e principalmente no Paraná. O Estado previa uma safra de 3,4 milhões/toneladas com o cereal, mas os problemas climáticos resultaram na quebra de 1 milhão de toneladas.

Apesar da menor produção, a baixa liquidez atrapalhou a comercialização do trigo e desestimulou ainda mais o produtor que já sofria com as intempéries do clima. Segundo Turra, o Brasil produz algo em torno de 5 milhões de toneladas de trigo, mas consome o dobro. Mesmo com a menor oferta, os preços não esboçam reação, pois a proximidade com os países do Mercosul e problemas com a logística brasileira tiram a competitividade e diminuem a liquidez do trigo nacional. “No passado mais distante o nosso principal fornecedor era a argentina e hoje temos o Uruguai e o Paraguai e esses três países fazem divisa com os principais estados produtores do Brasil: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e pressionam muito os preços para baixo. A colheita na Argentina, mais ou menos coincide com a colheita no Brasil e os produtores argentinos direcionam sua produção para o Brasil de forma que deprimem os preços aqui.”, explica. Quanto à logística, Turra esclarece que o produtor brasileiro tem um custo de escoamento pelas rodovias muito elevado. “Não conseguimos atingir distâncias maiores que SP e RJ com preço competitivo com o trigo argentino.”

A competitividade com o cereal do Mercosul e os problemas internos já refletem em produtores de trigo que migram para outras culturas. "Nesse momento estamos visualizando que haverá uma redução na área plantada com trigo em regiões nas quais há a possibilidade de cultivo com milho de inverno. Essas regiões correspondem hoje a metade do plantio do trigo no Paraná, mas nas regiões onde o trigo é a única alternativa do inverno o produtor vai continuar produzindo, pois o trigo ajuda a reduzir os custos de produção do milho e soja no verão”, avalia Turra.

Para 2012, Turra afirma que “o setor produtivo brasileiro está trabalhando para que seja implementada uma política de médio e longo prazo que dê sustentação a produção de milho brasileiro a fim de que o produtor consiga produzir e também vender a safra. Já foram realizadas reuniões em Brasília, mas existe alguma resistência, pois as políticas dos países do Mercosul não podem entrar em confronto.”

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Por:
Aleksander Horta e Ana Paula Pereira
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Lindalvo José Teixeira Marialva - PR

    O produtor brasileiro ja teve muito prejuizo com trigo, não podemos mais plantar trigo, temos que zerar a produção nacional, desta forma o governo vai enxergar a atividade com outros olhos, vamos plantar milho safrinha, aveia, canola, adubo verde, mais trigo NÃO. Vamos deixar os moinhos comprando trigo de outros paises e vamos reeducar a população para utilizar outro fonte de farinha, que temos sobrando como milho, mandioca, e outros que a pesquisa brasileira tem como descobrir. Eu fui em Roterdam na Holanda e depois fui até uma cidadezinha do interior para visitar uma fabrica de rações. Fiquei impressionado, a soja importado sai do porto e vai até a fabrica em grandes embarcações pelos canais de navegação. Aqui no Brasil se alguém falar em alterar um rio para torna-lo navegável os ecologistas vão morrer, no entanto, quem polui mais TRANSPORTE MARITIMO OU TRANSPORTE RODOVIÁRIO, com carretas queimando óleio diesel e borracha, além de acidentes e destruição da malha rodoviária???? esta na hora de honrarmos o posto de sexta economia do mundo e mudar nossa logistica de transporte e mudar a matriz.

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