DA REDAÇÃO: Informações divergentes sobre a safra brasileira de café mantêm preços em baixa
Mesmo diante de relatos de grandes perdas no rendimento e na qualidade dos cafés colhidos, vindos de cafeicultores de todo o país, os preços da commodity seguem registrado quedas. De acordo com Marcus Magalhães, diretor executivo da Maros Corretora, as estimativas divergentes e excessivamente otimistas para a safra brasileira estão pressionando o mercado. “Enquanto a gente não tiver uma claridade maior nesse mar de desencontros de informação sobre a expectativa da safra brasileira de café que está sendo colhida, realmente as bolsas ficam reféns de notícias”.
Magalhães ressalta que, a cada semana, um novo grupo ou organização lança novas estimativas que deixam o mercado mais volátil. “Cada player joga nos terminais a informação que melhor lhe convém”.
O corretor afirma ainda que falta um pouco mais de “sintonia” de Brasília com os apelos da cafeicultura. “Se nós olharmos, nos últimos 20 dias, nós tivemos desde um anúncio de um leilão de café dos estoques oficiais que foi de pronto rechaçado pelo setor produtivo, porque ninguém foi consultado a respeito”.
Ele comenta ainda as declarações feitas pelo ministro da Agricultura, Neri Geller, feitas à agência de notícias Bloomberg. “... Agora vem o ministro falando que a safra não quebra tanto, que as chuvas de abril reverterão, em parte, o problema que se teve em janeiro de temperaturas altas em Minas Gerais... É uma falta de sintonia, porque o discurso do ministro não pode vir de encontro com o que todos esses técnicos do próprio governo federal que estão em campo, da Conab, do IBGE, fazendo levantamentos de colheita sérios...”.
Os estragos já causados pela seca nos cafezais, segundo Marcus Magalhães, provavelmente não poderão ser recuperados. “Em relação a 2014, os estragos que nós vimos nas lavouras, principalmente em Minas Gerais, ocorridos no último verão, são irreversíveis... Mesmo que tenha chovido em abril o que não choveu de forma volumosa, nem representativa em Minas Gerais, ela (a chuva) não teria força para encher o grãozinho de café... E a árvore, vegetativamente falando, deveria ter crescido em janeiro e não em abril e maio”.