DA REDAÇÃO: Aplicar a área de refúgio corretamente é fundamental para manutenção da tecnologia e combate às pragas
A aplicação das áreas de refúgios no Brasil para as plantações BT de milho, soja e algodão vem ficando aquém da esperada e, como consequência dessa atitude, a resistência às pragas e a perda das novas tecnologias estão se acentuando. Para combater essa realidade, pesquisadores, governo, empresas que detêm a tecnologia e produtores discutiram, na semana passada, qual a porcentagem ideal para que cada uma dessas culturas adote. Entretanto, não se chegou a um acordo.
A ideia é implantar no Brasil medidas semelhantes a adotadas na Austrália, que foram bem sucedidas. Para Simone Martins Mendes, pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, mais importante do que definir o tamanho do refúgio em relação à plantação é entender qual a finalidade da medida e aplicá-la corretamente. “Nós estamos plantando o milho transgênico (BT) desde a safra de 2008/2009 e vemos que os níveis de adoção do refúgio é muito baixo e a não adoção do refúgio tem levado a algumas consequências”, disse Simone.
A pesquisadora explicou que o refúgio - a plantação da cultura convencional - tem de ser feita em uma área que possibilite a existência de indivíduos suscetíveis à tecnologia e que essa área esteja em uma distância não maior que 800 metros da plantação BT, para que os indivíduos (pragas) se acasalem e assim se mantenha a suscetibilidade na lavoura. Outra questão lembrada por ela é a da pulverização dessas áreas, que pode eliminar os indivíduos suscetíveis de acasalamento.
No caso do milho, em alguns países como os Estados Unidos, o tamanho da área de refúgio aplicada chega a 20% do total cultivado, valor que é sugerido também para o Brasil, onde a recomendação era de 10%. Já, para a soja a recomendação é de 50%.
De acordo com a pesquisadora, toda vez que se faz o cultivo de uma plantação com a tecnologia BT em uma mesma área seleciona-se indivíduos resistentes. “É a mesma coisa de quando se tem uma dor de garganta e se usa o mesmo antibiótico para combatê-la. Daqui a pouco, esse remédio não vai funcionar mais”, exemplificou. “Quanto mais se usar o mesmo inseticida, com os mesmos princípios ativos, para o combate à praga na mesma área, mais vão se criar indivíduos resistentes a esse produto”, completou Simone.
A ferramenta que se tem hoje para não perder o controle é o manejo integrado de pragas, que é o uso integrado das tecnologias de controle. “Vamos ter de usar todas as ferramentas que temos disponíveis de uma forma inteligente, para vencer essa batalha ou pelo menos levá-la por mais tempo”, concluiu a pesquisadora.
Cácio Ribeiro de Paula Bela Vista de Goiás - GO
Sobre o tamanho do refúgio, estamos presenciando alguns pesquisadores brasileiros fazendo referência aos níveis adotados em outros países(USA, Austrália, etc), pelo maior número de pesquisas e experiências de campo já validadas naquelas localidades.
UMA PERGUNTA PARA REFLEXÃO, SOBRETUDO AOS MAIS ENTENDIDOS: "Transferindo" essas indicações para o Brasil, não seria sensato pensar que os níveis de refúgio devam ser mais "robustos", dada a intensa atividade biológica das pragas aqui presentes? Abraço,