DA REDAÇÃO: Soja volta a cair no mercado internacional, mas prêmios altos compensam quedas nos preços do grão
Os contratos mais longos para a soja na CBOT (Bolsa de Valores de Chicago) – setembro/14 e março/15 – foram os que apresentaram maiores perdas nesta terça-feira (1º), com -10,00 e -7,25, respectivamente. Entretanto, os prêmios apareceram muito fortes, chegando a +160 em setembro. Esses valores indicam que vem uma safra norte-americana muito grande, mas os valores pagos pelos prêmios compensam as quedas nos preços do produto. O grande problema, por enquanto, para os produtores é o congelamento do dólar em relação ao real. No dia de hoje, a moeda norte-americana fechou a R$ 2,204 (-0,36%). De acordo com previsão do boletim Focus, esse valor precisa subir pelo menos para R$ 2,40.
Segundo o analista de mercado da Novo Rumo Corretora, Mario Mariano, a confirmação do tamanho da safra norte-americana que está por vir, no primeiro momento, acabou acentuando a queda no valor do grão e essa diminuição não era esperada pelo mercado, que também não contava com o tamanho da área total, nem da safra e tão pouco com o rendimento que está sendo indicado. “Nós pulamos de 98 milhões para possíveis 104,5 milhões de toneladas colhidas nos Estados Unidos. Só essa situação provocou uma corrida às ordens de vendas e todos os compradores quiseram sair ao mesmo tempo no mercado”, explicou Mariano.
Para o analista, o movimento realizado nesses dois primeiros dias da semana deve-se prolongar. Segundo ele, não é possível se posicionar contrariamente ao relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e a safra da soja deverá ser grande mesmo, atingindo o maior índice dos últimos cinco anos.
Em relação à demanda, ela é crescente e os preços devem cair. Outro indicativo são os prêmios continuam altos, dando sustentação ao produtor brasileiro. “Embora o relatório USDA indicasse ontem que ao final de junho há 11 milhões de toneladas nos Estados Unidos, é um número maior do que todo mundo esperava. Com 500 milhões toneladas a mais, ficou muito claro que as exportações por lá não estavam tão vigorosas quanto o mercado estipulou antecipadamente”, disse o analista.
Segundo Mariano, o fator industrial está aumentando exponencialmente o valor pago ao produtor. O farelo (+18%) e o óleo de soja (+21%) atingiram exportações maiores. “A exportação do grão está menor no Brasil, em virtude da indústria bater cada dia mais na porta do produtor, procurando o produto para garantir o abastecimento no segundo semestre. Isso, aconteceu obviamente também nos Estados Unidos”, analisou.