Dólar dispara no Brasil refletindo a instabilidade dos cenários político e econômico

Publicado em 04/03/2015 09:42
Dólar dispara no Brasil refletindo a instabilidade dos cenários político e econômico do país. A divisa se aproxima dos R$ 3,00 e, ao mesmo tempo em que favorece a formação do preço das commodities no Brasil, deve elevar os custos de produção. Situação está nas mãos de Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Joaquim Levy e, claro, Dilma Rousseff. Veja a análise de Miguel Daoud.

A evolução da taxa cambial, que ontem chegou a R$ 2,92 será um fator determinante para o produtor finalizar a safra deste ano, e se preparar com a safra 2015/2016. A quantidade de troca em reais, no caso das exportações é valorizada pela alta do dólar, no entanto, os custos também sobem.

"O ciclo agrícola que é muito extenso - de 9 meses a 1 ano - precisa ser bem planejado na questão dos custos, caso contrário o produtor não aproveita o alta do câmbio. Então o preço de venda tem que ser maior que o preço de custo, porém o produtor não tem interferência no preço de venda, pois ele é formado em Chicago", alerta Miguel Daoud, analista financeiro.

Contudo, os custos podem ser controlados e devem ser planejados, para que o produtor saiba o momento certo de comprar e vender. Com o câmbio nesses valores, o produtor rural precisa agir com cautela.

"O produtor fez sua relação de troca com o câmbio mais baixo - e ainda tem produto para vender - ele pode pegar esse câmbio alto, mas não tem toda sua produção. Então, a rentabilidade dele começa a ficar apertada, mas o problema está na próxima safra, onde os custos vão subir e se houver uma piora no cenário brasileiro, pode afetar também os países emergentes", explica. Para ele, na medida em que os países com grande produção tem uma relação de troca do câmbio na moeda local, há uma tendência do comprador pagar mais barato.

Além disso, a alta do dólar frente ao real pode ser explicada pela desestabilidade do governo atual - que vem aplicando medidas e tributos, como a taxa Selic que está 19%, para estabilizar a economia. Para Daoud, esse cenário pode restringir o crédito ao produtor rural, e para os próximos dias ele deve ficar atento as informações da situação política para se planejar.

 

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Por:
Carla Mendes e Larissa Albuquerque
Fonte:
Notícias Agrícolas

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3 comentários

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Peraí um pouco, antes de chamar o molusco, melhor lembrar que quando ele pegou o governo do FHC, ele dizia que o Brasil estava quebrado, e era mentira! Agora está quebrado de verdade. Será que foi o Lula que quebrou o Brasil com investimentos podres na petrobrás e no PAC?

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Daoud, já pensou se o dólar estivesse 2 pila? Lá em Rondonópolis a soja valeria 36, em Sorriso uns 30.

    Quem salvou a sojicultura nacional não foi a demanda da China, da África, o que salvou a sojicultura foi a desvalorização cambial... por enquanto.

    A soja não conseguiu voltar ao patamar de 10,50, chegou a 10,36 e reverteu. Minha opinião é bater nos 9,20, se romper esse patamar, vem abaixo de 9. Sem uma puxada forte na selic o dólar vai a 4.

    O Brasil faliu e está sob forte ataque especulativo. Chamem o Lula.

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  • Yuri Fabiano Schneider Sorriso - MT

    Boa tarde! Sou de Sorriso - MT.

    Trabalho no mercado financeiro prestando assessoria no gerenciamento de riscos em commodities.

    Desde no ano passado, quando o dólar estava na casa dos R$2,25 tenho conversado com agricultores e donos de revendas que possuem dívidas em dólar. Sempre oferecendo mecanismos para a proteção contra uma alta, que consequentemente afetaria negativamente suas dívidas.

    Infelizmente, foram poucos que estiveram dispostos a utilizar o mercado para gerenciar seus riscos de uma alta como essa que acompanhamos.

    O produtor aqui tem uma enorme capacidade em aumentar sua produtividade, mas quando se trata em utilizar de ferramentas para gerenciamento de riscos, deixa muito a desejar. O que vejo é que é possível, e extremamente viável realizar operações no mercado para ter um maior gerenciamento nos níveis de preço, tanto quanto no dólar, como na soja ou milho.

    Foi falado na entrevista que o produtor controla seus custos, mas não o preço de venda. Não vejo isso como uma verdade absoluta, pois é possível se utilizar de mecanismos financeiros, para aproveitar bons momentos do mercado e diminuir a exposição nas oscilações.

    Temos que deixar de lado a especulação, e diminuir ao máximo a exposição ao risco, que dentro da agricultura, não é pouca.

    Felizmente temos mecanismos para isso, infelizmente não são utilizados.

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