Café: No mercado interno, preços sentem pressão de forma menos intensa, mas cafeicultores ainda evitam vendas

Publicado em 04/03/2015 17:19
Café: Chuvas acima da média no Brasil e alta do dólar tem mantido tom especulativo e de pressão sobre as cotações em NY. Porém, mercado ainda se mostra distorcido em relação à realidade da safra brasileira e preços recuam de forma menos agressiva no mercado interno.

Mercado futuro do café arábica fechou em alta na Bolsa de Nova York, após ontem os preços despencaram no mercado internacional, perdendo um patamar importante de R$ 1,30 por libra peso, fechando com mais de 800 pontos de queda nos principais vencimentos. 

"O mercado é muito especulativo e vem em queda preocupante desde o inicio do mês de fevereiro. Mês esse que foi chuvoso para a média histórica, e isso acabou impactado em uma pressão baixista dos compradores de fora", explica Eduardo Carvalhaes, analista de mercado do Escritório Carvalhaes.

No entanto, mesmo as chuvas sendo positivas para a produção, a safra está longe de alcançar o volume que o Brasil pode produzir. "Acredito que com essa chuva ela vá chegar aos números que a Conab e os agrônomos estimavam no mês de dezembro. Será uma safra menor que a necessidade de exportação e consumo, mas em todo caso foi suficiente para derrubar a bolsa lá fora", declara Carvalhaes.

As estimativas são de uma safra de 49 a 50 milhões de toneladas, números que são absorvidos pelo mercado pesando nas cotações.
"Essa é uma briga muito antiga no Brasil entre estimativas privadas e estimativas oficiais do governo. No entanto, as privadas acabam tendo maior repercussão porque eles alegam que somando a produção brasileira de 2002 até 2014 - estimadas pela Conab - e comparar com a soma das exportações e o consumo interno, esses números não fecham", declara.

Segundo ele, analisando os fundamentos de mercado não haveria motivo para os preços no mercado internacional caírem da forma como aconteceu ontem, por exemplo, porque mesmo que a safra seja abaixo do esperado, o Brasil ainda produz mais do que o consumo interno.

"Os produtores começam a se perguntar se com toda essa crise na produção brasileira - depois de 10 meses de seca em 2014 e um veranico muito forte em janeiro, duas safras abaixo do potencial - eles derrubam o preço desse jeito, o que vai acontecer quando tivermos safras normais? Isso desanima muito", ressalta o analista.

Além disso, o produtor está preocupado com o aumento de custo, por conta da alta do salário mínimo - custo de mão de obra mais caro - a subida do dólar - fertilizantes mais caros em 2016 - além da alta do óleo diesel e da energia elétrica, deixando o cafeicultor com margens apertadas.
Com esse cenário, de acordo com Carvalhaes, não é possível estimar se os preços vão retomar alguns patamares, ou continuará em queda.

No caso dos estoques de passagem, estima-se que os níveis estejam baixos, haja vista o grande volume de exportação registrado em 2014. "Quando terminar o ano safra 2014/2015 no final de junho, os estoques de passagem devem estar muito baixos. E o Brasil terá que se sustentar apenas com a nova safra", conclui.

 

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Por:
Carla Mendes e Larissa Albuquerque
Fonte:
Notícias Agrícolas

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