Demandas interna e externa fracas fazem preços de suínos ficarem abaixo do custo de produção em SC

Publicado em 16/06/2017 10:58
Concorrência com ICMS gaúcho, aumento na oferta de integrados com redução nos abates do JBS e menor competitividade com a carne bovina agravam cenário de pressão nos preços sobre o suíno de SC

O ano que era para ser positivo para a suinocultura nacional, se mostra até o momento, bastante contrário às expectativas. Uma sucessão de notícias negativas, que incluem desde a operação Carne Fraca até, mais recentemente, a delação de um dos donos da maior empresa frigorífica do país, mudaram o rumo da atividade em 2017.

Em Santa Catarina, estado referência na produção de suínos, os produtores estão amargando prejuízo de R$ 20 a R$ 30 por animal comercializado. De acordo com o presidente da ACCS (Associação Catarinense dos Criadores de Suínos), Lozivanio Luís de Lorenzi, mesmo com a queda nos custos de produção, os preços do suíno vivo conseguiram superar o recuo, mantendo as margens no vermelho.

"Era um momento de recuperar as perdas do ano passado em função dos preços altos do milho. Mas, o que vemos são as cotações do animal vivo caindo forte e trazendo novamente prejuízo ao setor", afirma o presidente.

Segundo Lorenzi, a suinocultura nacional passou pelos últimos cinco anos com margens bastante curtas. Em função disso, os produtores tem dificuldade em manter o fluxo de caixa nas propriedades. Nessa semana, por exemplo, houve relatos de suinocultores entregando a produção por R$ 2,84/kg, enquanto a bolsa de suínos - referência de preço do estado - está cotada a R$ 3,40/kg.

"Sabemos que os produtores não estão conseguindo vender por mais de R$ 3,10/kg, ao passo que os custos giram em torno de R$ 3,40/kg", ressalta Lorenzi.

Desde março, quando foi deflagrada a operação Carne Fraca, a cotação saiu de R$ 4,10/kg para R$ 3,40/kg. E não só as irregularidades divulgadas pela Polícia Federal, mas outros escândalos envolvendo a carne brasileira trouxeram uma quebra de confiança quanto à qualidade do produto nacional, além de causar consequências econômicas ao país.

Desde o ano passado, os consumos das famílias vêm caindo e, com ele, derrubando a demanda das carnes no mercado interno. Nem mesmo o frio tem conseguido impulsionar a compra da carne suína.

Somado a isso, as exportações brasileiras caem a cada mês, dando sinais de que os problemas da Carne Fraca ainda não foram totalmente superados. Inclusive, nesta semana, a União Europeia divulgou relatório de auditória realizada no Brasil, a qual a ponta dúvidas sobre a qualidade da nossa carne.

Além disso, o preço da carne bovina também vem caindo no atacado e varejo, em consequências de todos os problemas envolvendo o setor. Com isso, a competitividade entre as proteínas reduziu, afetando a procura pela carne suína.

O resultado dessa soma de fatores é que "quando o mercado esfria as empresas, que tem sempre uma produção muito alta, acabam ocupando o espaço dos independentes, vendendo animais mais barato nos frigoríficos que são atendidos geralmente por independentes e mini integradores, para desfazer do prejuízo ", explica Lorenzi.

E se não bastasse tantos entraves, o estado também perdeu competitividade quando o assunto é ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). No Rio Grande do Sul, houve redução da alíquota de 12% para 6% - mesmo percentual praticado em Santa Catarina.

Agora, ambos os estados competem para ocupar a parcela de mercado no Paraná e São Paulo. "Os produtores catarinense costumavam vender para essas localidades como forma de complementar a demanda, mas ficou praticamente inviável", diz Lorenzi.

Segundo ele, a ACCS preiteia, desde outubro do ano passado, junto ao governo do estado a redução do ICMS, para que os produtores tenham maior facilidade de entrar em outros estados. Mas, até o momento nada foi concretizado.

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Por:
Aleksander Horta e Larissa Albuquerque
Fonte:
Notícias Agrícolas

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