Crise política e econômica no Brasil e perspectiva de alta dos juros nos EUA criam piso de R$3,20 para o dólar e teto fica indefinido.

Publicado em 24/07/2015 13:25
Crise política e econômica no Brasil e perspectiva de alta dos juros nos EUA criam piso de R$3,20 para o dólar e teto fica indefinido. Setor agropecuário deve se preocupar com custos

A aceleração da alta do dólar nos últimos dias é justificada por duas grandes vertentes da economia. Segundo Jason Vieira, economista da Infinity Asset Management, a primeira é o cenário internacional que refletiu uma série de indicadores macroeconômicos que vieram acima das expectativas médias do mercado. Um exemplo desse indicador foram os pedidos de auxílio desemprego, registrando 255 mil solicitações semanais - maior número registrado nos EUA desde 1973. Ocorreram também outros indicadores antecedentes, que foi marcado por números positivos e, o dólar acabou batendo todas as moedas do mundo. O Brasil foi o recordista como moeda que mais se desvalorizou nesse período.
 
Ainda segundo o economista, com a economia dos EUA caminhando bem, os juros também seguem acompanhando este cenário. “Isso que faz o dólar subir, porque essa alta de juros faz uma revoada de dólares para os EUA e, essa revoada enxuga os países periféricos, elevando o valor global da moeda”, explica.
 
Outro fator contribuinte para a alta do dólar, foi a taxa de juros que tecnicamente define o valor da moeda. “Quando ela aumenta, está também valorizando a moeda. Tudo isso são elementos que acabam puxando bastante o dólar para cima”, conta.
 
Nesta semana, o cenário foi de rompimento de resistências técnicas muito fortes, explica o analista. “Ainda não há um alívio, praticamente se ganhou um piso de R$ 3,20 no curto prazo no Brasil”.
 
Já no cenário nacional, temos no Brasil elementos políticos e econômicos. Os indicadores nacionais também não foram positivos. “Como destaque, temos o desemprego em 6,9% - a grande bandeira do governo federal acabou de ser perdida com uma taxa muito alta, uma vez que o desemprego tem uma tendência muito perigosa, porque ao mesmo tempo em que ele cresce muito rápido, decresce não na mesma proporção”, explica Vieira.
 
Da mesma forma, o que influenciou a vertente nacional, foi a redução da meta de superávit fiscal por parte do governo para 0,15% - número considerado ruim. Segundo especialistas, a expectativa do governo era economizar em torno de 66 bilhões e saiu de um percentual de 1,13% para 0,15%, economizando apenas 8 bilhões. 
 
“Isso não foi bem visto, abriu a possibilidade de que as agências de classificação internacional de risco comecem a revisar a nota brasileira como grau de investimento e, se revisar para baixo, a tendência para o Brasil é de uma piora para o mercado”, esclarece.
 
Diante disso, o grau de investimento é considerado pelos especialistas como uma chancela para que os fundos de investimento, fundos internacionais de pensão, diversos investidores em bolsas de valores e, mercados emergentes, sejam assegurados por essa “chancela”.

Com isso, os investidores passam a colocar mais dinheiro no país (Brasil) e, caso o grau de investimento seja arriscado, os investidores são legalmente pautados pela justiça para retirarem o dinheiro. 


 
Para o economista, o cenário não é positivo no Brasil. Isso significa que o dólar tendo continuidade nesse movimento de alta, os prejuízos podem aumentar. “Existe um limite para quanto esse dólar se torna benéfico para economia. Até certo ponto é bom, depois ele não é mais benéfico, se torna impactante no custo no setor agrícola e geral e, esse é o grande problema em curto prazo”, explica.
 
No entanto, a orientação do especialista, é para que o produtor rural tente buscar sua matriz e racionalizar os custos, tentando de alguma forma evitar um impacto maior. “Os custos são altos para o setor agrícola, uma vez que os insumos, fertilizantes, sementes entre outras coisas, são 100% cotadas em dólar”, orienta.
 
Para os próximos meses, ainda segundo ele, o dólar segue com uma resistência muito forte e busca uma faixa de até R$ 3,35. “Estamos em R$ 3,33 nesta sexta – feira (24), e a resistência são de R$ 3,34, mas podemos inclusive falar de R$ 3,60 em dois meses, sendo um cenário atípico, mas não impossível”.
 
A expectativa é de que o governo aumente sua credibilidade, porém, o embate político, segundo especialistas, é um dificultador. “Situação muito complicada para o governo, para a situação de curto prazo e, nas próximas semanas não existem coisas que trazem alento. A agenda econômica nos próximos dias, por exemplo, nos trás o COPOM e isso pode acarretar em mais complicações com os juros”, finaliza. 


 

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Por:
Aleksander Horta//Nandra Bites

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