Economia global terá 2019 de tensão, volatilidade e crescimento limitado

Publicado em 24/12/2018 10:14
Roberto Dumas Damas - Economista e Professor do Insper
Pico do avanço econômico nos EUA e Brexit também devem influenciar

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Economia global terá 2019 de tensão, volatilidade e crescimento limitado

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O ano de 2018 ficou marcado pelos conflitos gerados na guerra comercial entre Estados Unidos e China, de um lado, Donald Trump e do outro, Xi Jinping. Os dois se encontraram na reunião de cúpula do G20 em Buenos Aires no dia 1 de dezembro e anunciaram uma trégua nessa disputa, que contnua presente em todos os mercados.

Porém, não é apenas a guerra comercial que irá influenciar nos rumos que a economia mundial irá tomar em 2019, diz Roberto Dumas Damas, economista e professor do Insper.

“A guerra comercial, infelizmente, não é o único fator que vai ser considerado para 2019. Temos outros fatores vindos de outras economias, principalmente o Banco Central americano que subiu a taxa de juros novamente e deu uma declaração que provavelmente vai subir mais duas vezes... 

" --A economia americana vai crescer cada vez menos e vai enfraquecer bem mais do que a gente imagina em 2019.

O econmista explica que como vamos ter o desaquecimento dos estímulos fiscais, a economia americana, que atingiu o ápice e foi impactada pelo expansionismo fiscal, agora vai dar lugar para o compracionismo monetário..., não quer dizer que será uma recessão, mas é um crescimento bem menor em 2019/2020 do que vimos em 2017/2018”, diz Roberto Dumas Damas, economista e professor do Insper.

Os impactos do ano que vem não devem ficar restritos aos americanos. Os chineses também devem sofrer com a desaceleração em 2019.

-- “Com a guerra comercial dos Estados Unidos, a China vai tentar se defender como pode".

Para Dumas, política, economia e sociedade são uma coisa só e a China não pode crescer apenas 3 ou 4%, "você precisa sempre ter um crescimento para segurar uma tensão social".

-- "Se essa guerra comercial apontar um crescimento muito menor,o governo chinês vai tentar impulsionar de novo com mais investimentos, ou depreciando o câmbio,  deixando as forças de mercado desempenhar esse papel -- depreciando o câmbio de modo a impulsionar a exportação para outros países, e, com isso, ganhando competitividade”, afirmou Damas.

BRASIL

Sem participar diretamente deste conflito, os brasileiros ficam aguardando os reflexos que essas tensões podem gerar por aqui, como por exemplo, na questão das exportações.

“A demanda de quantidade por commodities agrícolas certamente deve aumentar porque, em que pese que a China vai crescer menos, o consumo e a renda do trabalhador chinês está aumentando. Então as demandas por soja, commodities agrícolas, proteína animal, papel e celulose vão continuar forte. Minério de ferro já é uma outra coisa, porque a China não vai aumentar tanto os investimentos e a demanda não vai ser tão alta.

Porém, tem outra variante no caso do Brasil, o Xi Jinping tem uma preocupação merecida em relação a poluição e o minério de ferro brasileiro é de ótima qualidade, então provavelmente o minério de ferro comprado do Brasil vai ser maior do que o da Austrália. Já a demanda por cobre, zinco, alumínio e petróleo isso o mundo já está mostrando que vai ser menor, tanto que os preços caíram abruptamente de 9 a 20% esse ano”, pontua o Roberto.

Para o professor, o crescimento da economia brasileira vai estar atrelado a capacidade do novo governo realizar ações importantes como a reforma da previdência.

“Agora que estamos em um momento de mudança pelo menos no setor econômico com um sentimento neoliberal e a possibilidade de aprovar a reforma da previdência, vamos ter um vento de proa vindo do externo.

Mas se não tivermos alguma ideia de como endireitar a questão da previdência aí o crescimento do Brasil não passa de 0,5%. No mundo está todo esse vento e aqui no Brasil não conseguir endireitar a reforma da previdência em até 6 meses, não tem como dar certo.

Resolvendo essa questão nós conseguimos ter um crescimento de 2,2 a 2,5% no ano que vem”.

EUROPA

Algumas questões no velho continente também podem contribuir para a desaceleração da economia mundial em 2019. Entre elas os problemas enfrentados pela Turquia e as negociações do Brexit no Reino Undio.

“A Turquia começa a preocupar porque ela pode dar um contagio na zona do Euro como um todo. Você tem bancos europeus com ativos turcos na ordem de 168 bilhões de dólares.

Quando tivemos a crise asiática em 1997 e 1998, os bancos europeus não tinham mais do que 10 bilhões de dólares em ativos coreanos, mas mesmo assim bateu na Europa e ela cresceu menos.

Hoje essa exposição que era de 8 é de 168 então vai bater na zona do Euro e isso vai fazer com que todo aquele crescimento da União Europeia seja menor”, comenta Roberto Dumas Damas, que também fala sobre o Brexit.

“O Brexit foi um acordo do James Cameron que saiu pela culatra, acharam que iam votar para ficar e votaram para sair, só que agora não sabem como sair. Eles querem o completo divórcio da União Europeia, mas não querem uma fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte.

Mas a República da Irlanda é um país independente do Reino Unido e faz parte da União Europeia. Eles não têm saída, então muito provavelmente vão jogar na mão dos britânicos novamente e fazer um novo plebiscito que vai perguntar se eles aceitam o acordo como está, um divórcio com uma softborder entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda no curto prazo, ou esquece o Brexit e volta como está porque o PIB vai cair e a Libra vai se depreciar.

-- "Para não ficar na mão do parlamento, eles devem pedir um novo plebiscito”.

Veja a entrevista completa com o professor Roberto Dumas Damas no vídeo em que ele aborda esses e outros pontos sobre as perspectivas para a economia mundial em 2019.

Top 5 vê Selic estável no piso histórico de 6,5% até o fim de 2019

(Reuters) - A maioria dos economistas que mais acerta previsões na pesquisa semanal do Banco Central eliminou a expectativa de aumento de juros em 2019, passando a prever que a Selic continuará em seu piso histórico pelos próximos 12 meses, diante da inflação comportada e uma recuperação lenta da economia brasileira.

Três consultados do chamado Top 5 reduziram as previsões de Selic no ano que vem, estimando que os juros voltariam a subir apenas em 2020, num total de 1,5 ponto percentual, e continuariam no patamar de 8 por cento até o fim de 2021, mostrou a pesquisa semanal Focus nesta segunda-feira.

Na semana passada, o presidente do BC, Ilan Goldfjan, afirmou que a retirada da menção a eventual início gradual de subida nos juros dos comunicados mais recentes do Banco Central não foi acidente.

Na mediana das expectativas dos mais de 100 economistas que contribuíram para a pesquisa do BC, a inflação permanecerá comportada a 4,03 por cento no fim do ano que vem, subindo a partir dos 3,69 por cento projetados para este ano. O avanço da economia deve acelerar dos atuais 1,30 por cento esperados para 2018 para uma taxa de 2,53 por cento no ano que vem, levemente abaixo da projeção da semana anterior a 2,55 por cento.

Veja abaixo as principais projeções do mercado para a economia brasileira, de acordo com a pesquisa semanal do BC com cerca de 100 instituições financeiras:

Expectativas de mercado 2018 2018 2019 2019
                   Mediana:          Há 1/ Hoje/ Há 1/ Hoje

semana semana

IPCA (%) 3,71  3,69  4,07  4,03

PIB (%)   1,30   1,30  2,55  2,53

Dólar (fim de período-R$) 3,83 3,85 3,80 3,80

Selic (fim de período-% a.a.) - - 7,50 7,25

Preços administrados (%) 6,69 6,50 4,75 4,80

Produção industrial (%) 1,91 1,91 3,04 3,30

Conta corrente (US$ bi) -15,50 -15,50 -27,30 -26,65

Balança comercial (US$ bi) 58,00 57,75 52,82 53,40

IDP (US$ bi) 72,00 74,00 80,00 78,40

Dívida líquida pública (%/PIB) 54,00 54,00 56,40 56,40

Índices europeus caem na reta final do pior ano desde 2008 (Reuters)

MILÃO (Reuters) - Os mercados acionários europeus fecharam em queda nesta segunda-feira com as preocupações sobre uma paralisação prolongada do governo dos EUA e a posição do chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, contribuindo para a o nervosismo sobre a desaceleração do crescimento econômico, num quadro que deixou as ações a caminho de sua pior perda anual em uma década.

Os volumes foram baixos, no entanto, com muitos mercados fechados para negócios por apenas metade do dia antes do feriado de Natal.

O alemão DAX e o italiano FTSE MIB não operaram.

"Os mercados ainda estão sob pressão do update mais hawkish do Fed na semana passada, exacerbando os medos de uma desaceleração do crescimento e refinanciamento mais caro após anos de estímulo", disse Mike van Dulken, chefe de pesquisa na Accendo Markets.

As ações europeias perderam 14 por cento no acumulado do ano e estão a caminho de seu pior ano desde 2008, tendo recuado para mínimas de dois anos após a atualização da perspectiva de juros do Federal Reserve, banco central dos EUA.

O índice FTSEurofirst 300 fechou em queda de 0,50 por cento, a 1.322 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,52 por cento, a 6.685 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 1,45 por cento, a 4.626 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,89 por cento, a 8.480 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,21 por cento, a 4.640 pontos.

 

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Por:
Carla Mendes e Guilherme Dorigatti
Fonte:
Notícias Agrícolas/Reuters

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1 comentário

  • Dalzir Vitoria Uberlândia - MG

    Mais uma vez o papel aceita tudo...o caso dos ingleses com a zona do euro é muito pontual e não interfere em nada no crescimento do mundo...o caso dos americanos com chineses a maior tempestade já passou pois devem ir negociando até ajustar...a Europa sim deve estar entrando em uma queda de crescimento...pois países de ponta existem dois ou três...o resto parece um nordeste brasileiro...tem e produz alguma riqueza devido aos subsideos do governo ou a roubalheira feita das colônias do passado..na verdade grandes crescimentos não teremos e sim alguns ajustes..

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