Renato Dias: Crise institucional coloca frente à frente quem é contra e quem é a favor à liberdade de expressão
PGR denuncia deputado que atacou STF por coação e incitar animosidade entre militares e corte

BRASÍLIA (Reuters) - A Procuradoria-Geral da República apresentou nesta quarta-feira denúncia ao Supremo Tribunal Federal contra o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), responsável por divulgar na véspera um vídeo com ataques a ministros do STF, por uma série de crimes que vão de coação no curso do processo a incitar a animosidade entre as Forças Armadas e a cúpula do Poder Judiciário.
A acusação criminal foi apresentada no curso do inquérito que investiga atos antidemocráticos no Supremo, aberto em abril do ano passado a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras. Mais cedo, a Reuters havia informado que a PGR preparava uma denúncia e que a expectativa era que ela fosse proposta já nesta quarta.
Daniel Silveira foi preso em flagrante por crime inafiançável na noite de terça-feira após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, no âmbito de outro inquérito, o que trata da divulgação de notícias falsas (fake news). Nesta tarde, o plenário do Supremo confirmou por unanimidade a decisão de Moraes.
Na denúncia, o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, disse que o deputado passou a adotar uma estratégia de fazer agressões verbais e ameaças em redes sociais a ministros do STF desde que passou a ser alvo da investigação.
Segundo comunicado da PGR, a denúncia cita vídeos postados pelo parlamentar em novembro e dezembro do ano passado e o divulgado na terça-feira em que constam coações a ministros do STF.
“Neste último vídeo, não só há uma escalada em relação ao número de insultos, ameaças e impropérios dirigidos aos ministros do Supremo, mas também uma incitação à animosidade entre as Forças Armadas e o tribunal, quando o denunciado, fazendo alusão às nefastas consequências que advieram do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968, entre as quais cita expressamente a cassação de ministros do Supremo, instiga os membros da corte a prenderem o general Eduardo Villas Bôas, de modo a provocar uma ruptura institucional”, descreve acusação.
O vice de Augusto Aras destacou que as manifestações contidas nos vídeos que serviram como plataforma para a prática das infrações penais escapam à proteção da imunidade parlamentar, que não abrange esse propósito.
“As expressões ultrapassam o mero excesso verbal, na medida em que atiçam seguidores e apoiadores do acusado em redes sociais, de cujo contingente humano, já decorreram até ataques físicos por fogos de artifício à sede do Supremo Tribunal Federal”, afirmou a acusação.
Os crimes pelos quais o deputado é acusado podem superar 10 anos de prisão, caso ele venha a ser condenado pelo Supremo.
Na denúncia, no entanto, a PGR não fez qualquer pedido cautelar, como de manter a prisão, afastamento ou suspensão do parlamentar de suas funções.
Em outra frente, a Câmara também tem de decidir se mantém ou reverte a decisão do STF. Há entre deputados quem defenda relaxar a detenção de Silveira por entender a ordem ilegal e mandar o caso para uma decisão do Conselho de Ética, a quem cabe avaliar condutas dos parlamentares.
STF confirma por unanimidade prisão de deputado que atacou ministros da Corte em vídeo

BRASÍLIA (Reuters) - Com um forte discurso em defesa da instituição, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira confirmar por unanimidade a decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou na véspera a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) por ter divulgado um vídeo em que, entre outras coisas, fez ataques aos ministros da Corte.
Todos os ministros votaram para manter a prisão, em uma rápida votação. Havia a expectativa de apoio amplo entre os ministros do STF, conforme relatado mais cedo reportagem da Reuters.
Na abertura da sessão, o presidente do STF, Luiz Fux, deu o tom da defesa institucional que iria ser feita pela Corte.
"O Supremo Tribunal Federal mantém-se vigilante contra qualquer forma de hostilidade à instituição. Ofender autoridades além dos limites permitidos pela liberdade de expressão exige necessariamente uma pronta atuação da Corte", disse Fux.
Em seu voto, Moraes disse que as manifestações de Silveira revelam-se como "gravíssimas" e que tinham "claro intuito" de impedir o exercício do Judiciário. Destacou que ele está cometendo crime em flagrante delito por crime inafiançável, o que permite a prisão dele.
Segundo o ministro, as declarações do parlamentar visavam criar animosidade entre o poder civil e os militares. Destacou ainda que, pela Constituição, não se permite propagar ideias contrárias à ordem democrática vigente.
"As suas manifestações, declarações, sua incitação à violência não se dirigiu apenas aos diversos ministros do Supremo... mas muito mais do que isso, suas manifestações dirigiam-se diretamente a corroer as estruturas do regime democrático, do estado de direito, por várias e várias vezes fazendo apologia da ditadura, do AI-5, do fechamento do Supremo, incitando a violência física nos limites da morte física porque não concorda com posicionamentos", disse.
No duro voto, Moraes citou que Silveira continuou a cometer crimes mesmo após a ordem de prisão ao continuar fazendo incitação à violência e ainda desacatar uma autoridade ao se negar a usar máscara no momento da realização do exame de corpo de delito.
O decano da Corte, Marco Aurélio Mello, disse que agora deve se aguardar o pronunciamento da Câmara dos Deputados, que, segundo ele, "certamente não faltará ao povo brasileiro".
A decisão foi encaminhada para a Câmara que vai decidir se mantém ou revoga a determinação do STF.
"Jamais imaginei vivenciar o que eu vivenciei, jamais imaginei que uma fala seria tão ácida, tão agressiva e tão chula no tocante às instituições", disse Marco Aurélio, ao sublinhar ter 74 anos.
O decano disse que Moraes está agora com as "costas largas" porque não se trata mais de um ato individual do STF, mas "do colegiado que imagino formalizado a uma só voz".
Líder do governo diz que votará pela soltura de deputado preso por ofensas ao STF

BRASÍLIA (Reuters) - O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), anunciou nesta quarta-feira que votará pela soltura do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), detido na véspera por divulgar um vídeo em que ofende e pede a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre as declarações de Silveira no vídeo, o deputado diz que já imaginou ministros do STF sendo surrados.
"Como parlamentar, votarei pela soltura do deputado Daniel Silveira; pela liberdade de expressão, de opinião e pela imunidade parlamentar, diretos garantidos na Constituição Federal. O impasse é entre Legislativo e Judiciário. O governo não faz parte da questão", tuitou Barros nesta quarta-feira.
O STF decidiu em rápido julgamento nesta tarde manter por unanimidade a decisão da véspera do ministro Alexandre de Moraes, que determinou a prisão do deputado.
Ao mesmo tempo, a Mesa Diretora da Câmara também reunia-se para discutir o caso, que também será levado à reunião do colégio de líderes, na sequência, segundo o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
No Twitter, Lira afirmou que os deputados irão "em conjunto, avaliar e discutir a prisão do deputado Daniel Silveira", já sinalizando que pretende dividir a responsabilidade pela condução do caso.
Partidos divergem sobre o assunto. Representantes da oposição defendem a cassação do deputado, enquanto há os que trabalham por um relaxamento de sua prisão. Uma das saídas seria encaminhar o caso ao Conselho de Ética da Câmara.
1 comentário
Preços mundiais dos alimentos caem pelo terceiro mês em novembro, diz FAO
Minério de ferro encerra semana em baixa devido à melhora na oferta e demanda fraca da China
Comércio dos EUA com a China provavelmente precisa ser menor, diz Greer
Ações da China interrompem três dias de quedas com otimismo sobre chips domésticos
Índices de Wall Street fecham quase estáveis com impulso de apostas de corte do Fed, mas pressionados pela Amazon
Amcham: novembro registra 4ª queda seguida nas exportações aos EUA e reforça necessidade de acordo bilateral
Aloísio Brito Unaí - MG
E o povo brasileiro se cala???!!!. Cadê a voz contra esse senhor Alexandre de Morais???. Ele já demonstrou esse nível de autoridade ditatorial há muito tempo. É hora de botar a boca nessas redes sociais, pelo menos isso, já que o povo não vai ir às ruas por essa blasfêmia desse Juiz, filho de Temer e PSDbista.