Aiba contesta dados do estudo sobre a limitação de expansão de área para a produção de grãos na região do Matopiba

Publicado em 22/11/2016 10:59
Confira a entrevista de Julio Cézar Busatto - Presidente da AIBA
Somente no Oeste da Bahia, áreas de cerrado disponíveis para a produção de grãos soma 3 milhões de hectares. Áreas de primeiro ano, que precisam de mais investimentos e, seca ocasionada pelo El Niño afetaram a safra na temporada anterior. Para esse ciclo, perspectiva é de recuperação na produção diante da expectativa de clima mais favorável.

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Aiba contesta dados do estudo sobre a limitação de expansão de área para a produção de grãos na região do Matopiba

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O presidente da Aiba (Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia), Julio Cézar Busatto, contestou os dados do estudo sobre o potencial limitado da expansão de áreas da região do Matopiba (que compreende o bioma Cerrado dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) realizado pela consultoria Agroicone. As informações foram reportadas pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (21).

De acordo com o levantamento da consultoria, a região citada teria apenas 2,8 milhões de hectares de pastos com condições ideais similares para o cultivo de grãos. Porém, a liderança reforça que, apenas no Oeste da Bahia são mais de 3 milhões de hectares disponíveis para o plantio de grãos, que respeita as normas do Código Florestal vigente .

“Foi uma surpresa muito grande essa matéria, pois a empresa responsável não conhece a região e com certeza está usando uma base de dados que não está correta. É preciso considerar que nos últimos cinco anos sofremos com a influência do El Niño, assim como aconteceu no final da década de 1950. Situação que foi agravada na safra passada e resultou em perdas. Ainda assim, em áreas consolidadas ainda tivemos uma produtividade próxima de 50 sacas de soja por hectare”, destaca Busatto.

Ainda na visão do presidente da entidade, os produtores que tiveram mais perdas foram os que investiram em aberturas de áreas. “Isso porque, na região, os solos são pobres em matéria orgânica e precisam de 4 a 5 anos de investimentos para resistir aos veranicos, mas já sabemos disso de longa data. Contudo, esse é um cenário que não representa a maioria dos produtores da região”, completa.

Somente no caso da soja, a Bahia deverá cultivar entre 1,5 milhão a 1,6 milhão de hectares nesta temporada, conforme dados levantados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Com isso, a produção da oleaginosa deverá ficar entre 4,6 milhões a 4,7 milhões de toneladas na safra 2016/17.

“Há 30 anos não plantávamos nada nas áreas de cerrado no estado e hoje, nosso cultivo é de 2,2 milhões de hectares nessa área. Somos responsáveis por 4% de que o Brasil produz em grãos e fibras, mas também sabemos que o negócio é um risco e precisamos de um seguro agrícola eficiente. Uma saída para que o agricultor não banque a produção brasileira a custo das suas terras”, reforça Busatto.

Irrigação

Além disso, o presidente da Aiba destaca que no Oeste do estado há um potencial de irrigação para mais de 500 mil hectares. “Para essa safra, a orientação é diminuir o investimento em áreas novas devido aos riscos e aumentar a irrigação”, diz.

Entretanto, ainda serão necessários mais três anos para que haja recuperação na rentabilidade dos produtores da região, ainda conforme acredita a liderança. “Estamos mais otimistas com essa safra, finalizamos o plantio da soja e as chuvas parecem que voltaram ao normal. No ano passado, estávamos amargando um replantio ao redor de 8% na área. Precisamos capitalizar os produtores e avançar no crescimento”, finaliza a liderança.

Clique aqui e confira a nota de esclarecimento da Aiba

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Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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2 comentários

  • Vilson Ambrozi Chapadinha - MA

    Estou no final do Matopiba, nordeste do Maranhão, região conhecida por Meio Norte, ... por aqui são mais de 1.000.000 de ha de território com vegetação mista (cerrado, campo cerrado e florestas de babaçu). Ocupamos somente 80.000 ha com agricultura mecanizada, sendo a soja a principal cultura, outros 30.000 estão ocupados com eucalipto, totalizando 110.000 ha ou 11% da area total. Se apertar, chega-se a 15% no máximo, ... o restante das áreas estão fora de qualquer possibilidade para se fazer agricultura -- ou se tem limitação de solo, de relevo ou das tais "reservas sociais". Pelo que conheço do Matopiba não consigo ver nem os 2.8 milhoes de ha que a consultoria estimou. No Oeste da Bahia as areas não ocupadas ate agora tem limitações climáticas (a irrigaçao dos vales do Rio Grande e Preto seria uma saida)... Já o Tocantins tem limitações de solos (areia e cascalho), o Maranhão está cercado de limitações legais e sociais (reservas amazonicas, babaçu, quilombos, indigênas, assentamentos etc.), alem de solos, relevo e clima que dificultam a agricultura. As áreas agricultáveis do Piauí estão no limite, só restando plantar-se nas bordas do semi-árido. Posso estar equivocado na minha análise, mas estou há 30 anos rodando por todos esses lados...

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    • Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR

      Concordo plenamente Vilson. Já andei muito por estes estados procurando terra pra comprar. Não sobrou muita coisa que se aproveita para soja. Muita terra de areia onde chove pouco, cascalho, solo arenoso e declivoso, e assim por diante. O filé já está plantado. Estes analistas e órgãos de governo estimam a área agricultável olhando mapa. Tem que ir no lugar. Por isso digo: cuidem bem das áreas existentes, valorizem quem planta nela, pois a comida dos bilhões que vem por aí vai sair do que temos aí. Não vai ter milagre da multiplicação de terras boas. A não ser que inventem plantas que cresçam sem água e em pedra.

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  • Mauricio Ferreira da Rosa Sampaio São Paulo - SP

    Esclarecedora entrevista com o Sr Julio Busatto, a quem tive oportunidade de conhecer pessoalmente há 15 anos atrás quando fui diretor comercial da Bunge Fertilizantes. Realmente, concordo que a materia do Valor Economico de hoje (ontem) foi bastante infeliz em todos os sentidos... Parabens ao Sr Julio Cesar Busatto, e ao Noticias Agricolas pelos esclarecimentos.

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