Manejo para aprofundamento do sistema radicular da soja garante melhor desempenho da planta com reflexo na produtividade

Publicado em 06/02/2017 14:23
Confira a entrevista com Telmo Amado - Professor Universidade Fed. Santa Maria - RS
Rotação de culturas com maior aporte de resíduos vegetais, combinação de insumos como calcário e gesso e aplicação de condicionador de solo são práticas que auxiliam no aprofundamento do sistema radicular

Na Rota Tecnológica da Dimicron, a jornalista Fernanda Custódio, do Notícias Agrícolas, conversou com o professor e pesquisador de solos Telmo Amado, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), sobre o sistema radicular de uma lavoura de soja no município de Nova Prata (RS).

Amado conta que parte dos solos brasileiros enfrenta problemas de compactação e dificuldade de melhoria química. Com um manejo que visa o aprofundamento do sistema radicular, bons resultados podem ser colhidos.

Ele destaca, portanto, que a lavoura em Nova Prata apresenta um sistema radicular profundo, com raízes laterais importantes para uma boa utilização de nutrientes e raízes mais profundas trazendo eficiência para o uso da água presente no solo.

Com isso, as plantas de soja apresentam uma carga de flores elevada, com a formação de vagens no início, com perspectivas de boas produtividades "se o clima correr bem". O aprofundamento do sistema radicular oferece também maior vigor para a planta que, bem nutrida, reflete em maior produtividade.

O produtor responsável pela lavoura também investiu em rotação de culturas. Com um aporte de resíduos vegetais elevado, ele combinou insumos como calcário e gesso e entrou também com um condicionador de solo, para ativar a biologia do solo e estimular a planta a fazer o aprofundamento radicular. A compactação do solo, por sua vez, também diminui.

 

Na FOLHA: Fundação busca melhor técnica de plantio para cada tipo de solo (por MAURO ZAFALLON)

  Jonas Olivi/Divulgação  
Foto via drone de plantacao de soja na fazenda experimental da Fundação MT, localizada em Itiquira (MT). (Foto Jonas Olivi/Divulgacao) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Área de pesquisa da Fundação MT emItiquira, com técnicas diferentes de plantio de soja em cada área

A área de soja avança. E vai avançar mais. Mato Grosso utilizava 5,6 milhões de hectares em 2008. Neste ano, são 9,4 milhões e, em 2025, serão 14,8 milhões, segundo o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).

A necessidade de mais áreas não significa abertura de novas fronteiras. Elas poderão vir do aproveitamento de terras já utilizadas.

Na abertura de novas áreas devem ser levadas em conta as aptidões da terra, o que nem sempre foi feito.

Em sua maioria, as áreas já abertas foram úteis para a agricultura ou para a pecuária. Parte delas, porém, "não serve nem para uma nem para outra coisa. Terão de ser devolvidas à natureza", diz Leandro Zancanaro, pesquisador da Fundação MT.

Cada ambiente tem uma aptidão específica e é preciso agir de maneira diferenciada em cada um deles.

À procura de um acerto maior na exploração das áreas agrícolas e de maior produtividade, a Fundação MT busca um mapeamento das áreas e uma definição estratégica de manejo.

Um dos objetivos desse mapeamento é dar conhecimento ao produtor para que não abra áreas em terra imprópria para a agropecuária.

"Não devemos desmerecer o passado, mas entender o que foi feito", diz Zancanaro. Em boa parte das terras de 30 anos os produtores encontraram um solo ácido e pobre.

SEM RECEITA

"Mas não há uma receita de solo. É preciso que cada produtor busque a melhor solução para a sua propriedade. Há coisas ocultas que precisam ser procuradas", diz Francisco Soares Neto, diretor-presidente da fundação.

Aí entra um dos objetivos da fundação: desenvolver conhecimentos e difundi-los. E os estudos da fundação mostram dados interessantes.

Se o produtor de Mato Grosso tivesse continuado adotando as mesmas práticas de quando iniciou o cultivo de soja no Estado, a produtividade ainda estaria em 29 sacas por hectare. A média atual é de 54 sacas, com áreas atingindo 70 ou mais.

"O sistema de produção define o jogo", diz Zancanaro. Antes as pesquisas eram isoladas. Hoje se chegou à conclusão de que é necessária uma integração de todas as áreas envolvidas na produção. O manejo do solo, por exemplo, interfere na ampliação ou na redução de pragas e insetos.

Os dados da fundação mostram isso. Há nove anos os pesquisadores da entidade vão a campo e fazem experimentos para descobrir o que é melhor para o solo.

Plantar soja todos os anos e, na sequência, deixar a terra nua, por exemplo, é uma das piores escolhas. O solo se desgasta, perde vida e a produtividade é baixíssima.

O plantio do milheto após a soja dá palhada para o solo e eleva a produção. A inclusão do milho, além da palha, traz uma segunda renda.

A braquiária, como outras gramíneas, dá palhada ao solo e, devido às raízes profundas, melhora a umidade. O desafio é achar meios de recuperar a capacidade produtora do solo. O futuro depende de boas práticas.

Para Zancanaro, "o que o produtor fez lá atrás interfere no hoje e o que está fazendo hoje interfere no futuro".

Ou seja, os resultados de um boa prática agrícola não aparecem de um ano para o outro. A diversificação de culturas e até o cancelamento de plantio de soja em alguns anos serão inevitáveis.

As pesquisas da fundação mostram, portanto, que uma das condições básicas para a melhora do solo –e a consequente alta da produtividade– é o aumento de palhada.

Esta pode desde reduzir nematoides (vermes que atacam as raízes das plantas) até garantir mais água no solo.

O jornalista viajou a Itiquira (MT) a convite da Fundação MT

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Fonte:
Notícias Agrícolas + Folha

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