Preocupação com La Niña chega a Chicago e preços da soja registram terceira alta seguida com incertezas sobre redução na oferta

O mercado da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) registrou importantes altas nos fechamentos de hoje, com os primeiros vencimentos encerrando acima dos US$10/bushel.

Camilo Motter, analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, destaca que o mercado vem observando o comportamento climático na América do Sul. Agora, o fenômeno La Niña já é confirmado pelos institutos de meterologia - fenômeno este que é responsável por chuvas irregulares e com má distribuição na Argentina, no Paraguai e no sul do Brasil, podendo chegar até mesmo ao Centro-Oeste, no Mato Grosso do Sul.

Com essa extensa região exposta a essas irregularidades, o resultado final da produção das lavouras começa a preocupar o mercado, mesmo que o Brasil tenha apenas de 5% a 8% de sua área para plantar e a Argentina esteja com 50% da soja plantada. Essa é a terceira sessão que encerra com alta motivada por estes fatores, em um momento no qual a safra norte-americana acaba de chegar definitivamente no mercado.

Contudo, a CBOT se antecipa aos fatos e versa essas projeções dentro de uma produtividade normal, já considerando anteriormente que o Brasil não irá alcançar os mesmos números da safra passada. Quanto ao La Niña, ainda existem incógnitas: os episódios anteriores demonstram que há muita variação de uma ocorrência do fenômeno para a outra.

Motter prevê que o mercado, daqui para a frente, irá trabalhar em cima de uma grande volatilidade, respeitando a participação dos fundos, que é intensa, mas mais comedida do que em outros momentos.

No Brasil, a tendência é de preços mais firmes. Porém, o analista observa que os produtores vêm se colocando em uma postura mais defensiva e realocando a meta dos preços aguardados para a venda, analisando melhor os momentos ideais para a comercialização, tanto para a soja disponível quanto para a safra nova.