Soja e demais mercados perderam a racionalidade diante da gravidade do coronavírus, diz analista

Publicado em 31/01/2020 17:11
Marcos Araújo - Analista da Agrinvest
Janeiro vai terminando com severa pressão sobre em Chicago e R$ 3 a menos por saca no Brasil. Milho recua forte na B3 ao contrário do que indicam seus fundamentos.

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Entrevista com Marcos Araújo - Analista da Agrinvest sobre o Fechamento do Mercado da Soja

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O mercado da soja encerrou esta sexta-feira (31) com quedas de 3,75 pontos nos principais contratos, perdendo mais uma vez importantes patamares de preços nos últimos dias. O mercado de commodities está em pânico diante do avanço agressivo do coronavírus, que já matou mais de 200 pessoas. 

Foi informado o primeiro caso de transmissão de humano a humano do coronavírus nos Estados Unidos, pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças. O caso refere-se a um casal em que a mulher viajou para a China, voltou, foi diagonosticada e transmitiu o vírus para seu marido. Os dois estão sendo monitorados e a confirmação se deu em Illinois.

>> OMS declara surto do coronavírus como caso de emergência internacional de saúde pública

Com a expansão da doença, a China determinou que seus cidadãos ficassem em casa e evitassem sair às ruas. Com a demanda interna e a indústria paradas, o país terá que importar mais produtos acabados, como a carne por exemplo. Isso poderá beneficiar as exportações dos Estados Unidos e do Brasil.

Dessa forma, o mercado perdeu suas  próprias referências, migrando para opções mais seguras. O petróleo, que deu uma guinada após os EUA atacar o líder iraniano Qasem Soleimani, fechou o dia a US$ 51,60 o barril. O frete marítimo também caiu, ficando na faixa de US$ 25 por tonelada.

No mercado interno brasileiro, o mercado também foi na contramão dos fundamentos. Os produtores rurais iniciaram um movimento de vendas e com o aumento da oferta, o preço do milho caiu R$ 3 / saca na B3. 

>> Milho encerra a sexta-feira com leves ganhos em Chicago, mas cai na semana e no mês

Colheita de soja do Brasil atinge 8,1%; chuvas desaceleram ritmo, diz Arc Mercosul

SÃO PAULO (Reuters) - A colheita de soja do Brasil na safra 2019/20 atingiu 8,1% da área total no país até esta sexta-feira, ante 18,4% registrados no mesmo período de 2019, quando os trabalhos tiveram um início dos mais precoces, avaliou a consultoria Arc Mercosul em relatório.

Segundo a empresa de análises, o ritmo da colheita de soja do Brasil, maior exportador global da oleaginosa, está ligeiramente abaixo da média histórica para o período, de 9,8%, em meio a chuvas que desaceleraram os trabalhos durante a semana na região central do país.

"Destaque para a desaceleração semanal da colheita no centro do país, consequência das chuvas intensas observadas em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais", disse à Reuters o diretor da Arc, Matheus Pereira.

"Apesar da discrepância com o ritmo em 2019, atualmente estamos avançando com a colheita muito próxima à média dos últimos cinco anos", completou.

Ele disse ainda que a Arc Mercosul recebeu relatos de que as produtividades iniciais da soja em Mato Grosso e Goiás, grandes produtores nacionais, têm ficado acima das expectativas, sendo boa parte da colheita ainda de variedades de ciclo precoce.

"Números tendem a melhorar conforme avançam (as colheitas) para os talhões com variedades de ciclo tardio", destacou.

A colheita em Mato Grosso, maior produtor do país, atingiu cerca de 20% da área de soja, segundo a consultoria.

Economia do Brasil pode enfrentar crise do coronavírus, diz secretário Troyo

A economia brasileira está preparada para enfrentar uma possível crise por conta dos efeitos da epidemia de coronavírus na China. A avaliação é do secretário de Comércio Exterior e Relações Internacionais, Marcos Troyjo, que participou de um debate sobre os rumos do Brasil, nesta sexta-feira (31), no Rio.

“Nós estamos acompanhando com bastante atenção, porque é natural que haja uma preocupação quanto aos rumos da economia mundial e queremos entender qual a dimensão dessa ameaça. No entanto, no Brasil a gente está bem preparado, nós temos diversificação das nossas exportações, da nossa corrente de comércio”, disse Troyjo.

Para o secretário, é natural que quando um fator acomete a segunda maior economia do mundo isso traga impacto nas várias dimensões da atividade econômica. Porém, ele disse ter segurança de que as autoridades chinesas estão tomando todas as medidas cabíveis para que isso seja controlado e não seja um peso na atividade econômica global.

“Até o presente, nós não temos sinalização de nossas exportações que estejam sofrendo qualquer tipo de impacto mais significativo por conta disso. Vai depender muito da evolução, e isso não diz respeito só ao Brasil, mas a todos os países que fazem negócios com a China. Hoje, de cada dez países do mundo, sete tem a China como principal parceiro comercial”, disse.

Troyjo disse que o governo vem fazendo vários estudos sobre os possíveis impactos, caso haja um alastramento do coronavírus no mundo, mas demonstrou confiança de que a economia brasileira está forte. “Nós fazemos vários estudos. Temos uma ideia bastante clara do que isso possa significar para a corrente de comércio brasileira. A própria força da economia brasileira mostra que temos condições de absorver algum choque negativo que venha de fora”.

Brexit

O secretário falou também sobre o Brexit, processo de desligamento do Reino Unido da União Européia. Segundo ele, é interesse do Brasil estabelecer acordos comerciais com os britânicos.

“Nós temos conversado com os nossos colegas britânicos e temos todo o interesse em avançar em acordos comerciais com o Reino Unido pós-Brexit. Uma das prioridades do governo Bolsonaro é a multiplicação de acordos comerciais e um parceiro tradicional como os britânicos, sem dúvida alguma, poderiam constituir um grande destino ampliado para as exportações do Brasil. Os britânicos são um dos menos protecionistas. Nós vamos atrás de um acordo comercial com o Reino Unido”, disse Troyjo.

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas/AgenciaBrasil

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1 comentário

  • Roberto Cadore Cruz Alta - RS

    A queda do preço da soja é apenas uma das consequências da epidemia desse novo coronavírus. Poderemos ter outras consequências, como o aumento do preço de insumos relacionados à atividade agrícola e industrial também. Afinal, quantas fábricas chinesas produzem ingredientes ativos de agroquímicos, defensivos e remédios???... Outras epidemias surgiram e foram controladas. Quanto tempo vai levar e quão lenta vai ser a recuperação econômica da China e dos seus parceiros globais???. Creio que hoje ninguém tem essa resposta.

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    • Heber Marim Katuete - PY - PI

      Eita país desgraçado... Sempre tem algo novo para se preocuparem e deixar o mundo com as barbas de molho...

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    • Luiz Alfredo Viganó Marmeleiro - PR

      Qualquer observador mais atento sabe que a China sempre foi um país oportunista e que sabe dar as cartadas certas no momento certo: Desde a morte de Mao, quando Deng assumiu o poder eles pensaram com sabedoria, própria dum pais de tradição e cultura milenar, projetando a volta do "Império do Meio" com calma e parcimônia. Podem crer que vão usar essa epidemia a favor do país, fortalecendo as decisões autoritárias (afinal ainda são e serão uma ditadura do proletariado lembram?), forçando a baixa das comodities que compra de nosotros, usando e abusando de restrições sanitárias pra barganhar no mercado internacional, e no final vão dar um tapa na cara de todos ao controlar a tal epidemia! O projeto de poder da China é no mínimo de domínio da Ásia, e eles vão manter isso nem que tenham que sacrificar milhões de pessoas na região contaminada.

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