Prêmios da soja em alta no Brasil mostram que demanda externa segue disputando o grão remanescente

A terça-feira (28) terminou com baixas de mais de 1% entre os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago. O agosto encerrou o dia cotado a US$ 8,96 e o novembro a US$ 8,87 por bushel. Na contramão, os prêmios para a oleaginosa brasileira continuam subindo e voltaram a registrar novos ganhos nesta terça, como explicou o economista e analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais.
Para o especialista, os Brasil tende a superar as exportações de soja com algo entre 12 a 13 milhões de toneladas em relação ao ano passado, e alcançar perto de 86 milhões. No entanto, afirma que aos poucos os embarques brasileiros deverão perder um pouco de fôlego nos próximos meses dada a maior concentração das operações no primeiro semestre de 2020 e de uma escassez de produto no país que se intensifica mês a mês.
E em um movimento como este, os preços da oleaginosa no interior do país, onde a indústria processadora nacional continua disputando pela pouca soja com as exportações, pagam melhor do que nos portos. "No comparativo de paridade de exportação, os valores já são algo entre R$ 6,00 a R$ 7,00 superiores do que os indicativos nos portos", explica o analista da Granoeste. Segundo ele, são valores, na região de Cascavel, oeste do Paraná, de R$ 112,00 a R$ 113,00 por saca.
"Os preços nos portos não estão tão atrativos, quanto em muitas regiões do interior", diz Motter. "Há uma antecipação do nosso período de entressafra dada a aceleração da comercialização, e os embarques continuam a acontecer", completa.
MERCADO INTERNACIONAL
A baixa forte do mercado na Bolsa de Chicago se deu com a surpresa trazida pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em seu reporte semanal de acompanhamento de safras no final da tarde de ontem aumentando em 3 pontos percentuais no índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições.
Motter chama a atenção, no entanto, para a necessidade que os campos de soja norte-americanos ainda se consolidem e garantam alta produtividade. Ainda assim, espera uma boa safra vinda dos EUA e reforça que este, no entanto, não deverá ser o maior fator de pressão sobre as cotações.
"A demanda chinesa será muito importante pela frente. Apesar das tensões elevadas, a China não tem outra saída a não ser comprar soja dos EUA e a tendência continua", diz o analista.
0 comentário
Soja termina com preços estáveis no mercado brasileiro, com pressão de Chicago, mas suporte do dólar
USDA informa mais uma venda de soja para a China nesta 6ª feira (19) em dia de novo leilão
Chinesa Sinograin vende um terço da soja ofertada em leilão, diz Mysteel
Soja segue lateralizada em Chicago nesta 6ª feira, ainda reagindo a cenários já conhecidos
Apesar de novas baixas em Chicago, preços da soja se mantêm no Brasil com dólar ainda alto
Soja: Preços cedem em Chicago, com falta de novidades e pressionada pelo óleo nesta 5ª feira