Euro forte leva Nova Iorque a preços de 2014, por Rodrigo Costa

Publicado em 02/04/2018 09:20

Um artigo mencionando “uma obsessão” de Trump com o poder do grupo Amazon, incluindo declarações do então candidato à presidência sobre pagamentos de impostos mais baixos pela empresa, fez a ação negociada em bolsa afundar, gerando uma perda de 53 bilhões de dólares de capitalização em duas sessões.

O setor tecnológico também foi atingido pelos problemas de uso de informações privadas pelo Facebook, empresa que sabe mais dos usuários do que os próprios usuários, como já foi mencionado várias vezes por diversas consultorias e analistas.

Os principais índices acionários da Europa e dos Estados Unidos encerraram o primeiro trimestre com perdas acumuladas entre 1.22%, como o S&P500 e 8.21%, como o FTSE100 – o DAX escorregou 6.35%. Mesmo com as quedas das principais empresas de tecnologia o NASDAQ tem performance positiva de 2.32% no ano.

O CRB está virtualmente no mesmo patamar do começo de 2018 e entre os componentes do índice os ganhadores até o fim de março são o cacau, a gasolina, o milho, a soja e o petróleo, com as altas de 35.10%, 12.16%, 10.55%, 9.77% e 7.48%, respectivamente. As piores performances foram do suíno-magro, -20.24%, açúcar demerara, -18.54%, alumínio, -11.62% e cobre, -8.33%.

O café arábica perdeu 6.38% no ano, ruim, mas não catastrófico se considerarmos o volume de vendas dos fundos de investimento. O Robusta em 29 de dezembro fechou a US$ 1,718 a tonelada e na última sexta-feira a 1,725 dólares por tonelada.

Os especuladores voltaram a colocar uma posição recorde bruto-vendida, assim como os comerciais estão comprados no maior volume da história (bruto também) em um ambiente de recorde em números de contratos em aberto, equivalente a 78,033 milhões de sacas, ou em torno de 78% do que o mundo produzirá no ciclo de 18/19.

Curioso notar que alguns fundos voltaram a apostar na alta, mesmo com a queda do terminal para novas mínimas na semana encurtada pelo feriado da sexta-feira santa.

Um outro fato que merece destaque é a conversão de Nova Iorque nas moedas das principais origens. Para os brasileiros os níveis atuais, R$ 397.30 centavos por libra, estão bem abaixo dos R$ 466.66 centavos de agosto do ano passado, ou da máxima de 2017 que foi R$ 504.90 centavos. Mas se está ruim para os produtores do Brasil, para os da Colômbia a situação é pior. Os COL 3,330.27 centavos por libra de hoje é o nível mais baixo desde julho de 2015, dado o Peso não ter desvalorizado tanto quanto o Real recentemente.

Transformando o “C” em Lempiras Hondurenhas temos HNL 28.41 centavos, não tão distante do HNL 27.21 centavos de junho do ano passado, mas ainda acima dos patamares de 2015 – próximos de HNL 25.00 centavos.

O principal mercado consumidor, a Europa, continua aproveitando os mais baixos níveis de mais de quatro anos, fixando o flat-price abaixo de 1 euro por libra, e aplicando os diferenciais “caros” dos naturais, por exemplo, suas compras estão menores do que EUR 90.00 centavos por libra.

Neste momento parece improvável que os torradores deixem de aproveitar as quedas para se proteger, assim como as origens tem aparecido no menor sinal de alta. Vale lembrar que o posicionamento dos comerciais tem uma natureza mais resiliente do lado comprado, não preocupando tanto, mas os especuladores mudam de mão com maior agilidade.

As exportações do Vietnã somaram 3.17 milhões de sacas em março, acima das 2.8 milhões há um ano, e acumulando 8.67 milhões de sacas no trimestre, ou 15% superior do que o primeiro quarto de 2017.

O mês de abril deve trazer o começo da colheita do conilon, na última quinzena principalmente, e daqui a pouco o mercado deve ficar mais atento ao clima no cinturão de café no Brasil, inicialmente monitorando as chuvas durante a colheita, e depois eventuais sistemas de baixa pressão durante o frio.

Uma safra grande como a de 2018/2019 demora mais tempo para ser colhida, tendo um risco adicional quanto a perda eventual de qualidade caso o clima não seja ideal. Por outro lado, os compradores internacionais não se preocupam com isto, pois no fim vai ter café bom o suficiente, segundo eles, dado o grande volume de produção.

A complacência dos agentes em ficar vendido a descoberto e vender volatilidade baixa tem um efeito de combustão grande caso haja alguma surpresa, como demonstra o ocorrido no cacau nos últimos noventa dias.

Uma Boa Páscoa e uma ótima semana a todos.

Rodrigo Costa*

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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Fonte:
Archer Consulting

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