Cenário eleitoral pode clarear e café tem algumas boas novas, por Rodrigo Costa

Publicado em 03/09/2018 09:06

O mês de agosto registrou altas históricas para os principais índices acionários dos Estados Unidos liderados pela valorização de algumas empresas de tecnologia, mencionado aqui há duas semanas.

O índice do dólar, cesta composta por sei moedas de regiões e países desenvolvidos, buscou as máximas desde julho de 2017, levando o CRB para próximo das mínimas do ano, e então devolvendo grande parte dos ganhos após ponderações dos investidores sobre declarações do FED e de Trump.

O Real Brasileiro foi uma das moedas que mais desvalorizou no período, afundando frente a nebulosa eleição presidencial de outubro e o receio dos mercados de um resultado contrário a uma agenda ortodoxa necessária.

Neste breve retrospecto do mês, o pano de fundo serviu para levar o café para baixo e como pudemos nota claramente na última sessão de quinta-feira alguns fundos de algoritmo tem operado a commodity de acordo com a oscilação da moeda brasileira.

Virtualmente terminada, a colheita no Brasil deixa de ter um aspecto negativo para pressionar ainda mais as cotações e o feriado Americano do Labor-Day, na próxima segunda-feira dia 3 de setembro, marca simbolicamente o fim do verão, trazendo os compradores de café físico de volta às mesas e pelo que tudo indica há bastante a ser feito para preencher seus livros.

Os diferenciais “caros”, historicamente falando, não animam uma boa parcela de quem precisa de cobertura de basis, seja por parte de quem andou vendendo a descoberto ou quem está naturalmente sempre “short”, os torradores.

Por outro lado, mesmo que se pague, digamos, US$ 10.00 centavos por libra abaixo para cafés “Good Cups”, uma fixação imediata do terminal faz do preço final da matéria-prima US$ 90.00 centavos por libra – nível fácil de ser absorvido.

É claro que não é tão simples assim para alguns operadores, haja vista a separação das mesas de diferenciais e de futuros, que tem analisada a performance de seus profissionais em cada critério, ou seja, a quanto o João fez o seu hedge de futuros e em que diferencial Pedro está posicionado. Entretanto, no frigir dos ovos os acionistas certamente vão considerar a “união” dos dois times, eventualmente ficando satisfeitos com o “big picture”.

Noticias positivas começam a pipocar, ainda que seja natural o pessimismo imperar em um cenário de preços baixos e poucos darem atenção a elas. Uma delas foi o FDA, órgão americano que regulamenta alimentos e remédios, não autorizar o estado da Califórnia a rotular o café como sendo uma bebida cancerígena.

Outra, talvez mais efetiva aos preços, foi a “recuperação” do Real depois de bater R$ 4.2148 na quinta-feira para R$ 4.0545 na sexta-feira, na expectativa, realizada na madrugada de sábado, à impugnação da candidatura de Lula no TSE.

Não menos importante a linha de crédito colocada a disposição dos produtores colombianos para ajuda-los neste momento em que os preços praticados no país estão abaixo do custo de produção, traz uma perspectiva de retração na oferta, ou um eventual atraso quando a colheita começar por lá – ainda que caiba a discussão da efetividade da atitude no médio e longo prazo.

Já olhando para o longo prazo, a compra pela gigante Coca-Cola da maior rede de coffee-shops do Reino Unido, a Costa Coffee (infelizmente não é da minha família, apesar do nome) confirma o que tenho comentado sobre o promissor futuro da demanda para a bebida-café, com inovações como o café-gelado e uso como ingrediente em vários produtos. A estratégia da Coca parece focar no potencial do mercado Chinês, mas é inegável que a empresa ganha corpo e traz expertise para competir com a Starbucks em mercados maduros, principalmente os Estados Unidos.

O começo do horário eleitoral no Brasil vai gradativamente dar forma ao pleito presidencial, e se as pesquisas divulgadas até agora estiverem certas, assim como vários analistas, parece que a esquerda deve perder força, o que aliviará a pressão no Real e promover um ajuste da bolsa de café em Nova Iorque.

Os produtores de café no Brasil podem não sentir tanto, pois o valor da saca paga localmente pode não mudar muito, salvo se o terminal conseguir rumar acima de US$ 120.00 centavos por libra, um objetivo, hoje, bastante distante.

Uma ótima semana e muito bons negócios a todos a todos.

Rodrigo Costa*

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Archer Consulting

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário