Café: Queda do dólar dificulta os negócios no mercado físico brasileiro, mas fundamentos seguem sólidos

Publicado em 11/03/2016 18:04
Mais uma semana com os negócios de café no Brasil colocados em segundo plano pela severa crise econômica e política, que culminou ontem com o Ministério Público de São Paulo pedindo a prisão preventiva do ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva, denunciado em ação penal por ocultação de patrimônio, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. 

O conturbado cenário político derrubou a cotação do dólar frente ao real. A percepção de que subiram as chances de impeachment ou de cassação da presidente Dilma Rousseff fez a moeda americana ter fortes perdas ante ao Real no decorrer da semana. Ontem o dólar fechou a R$ 3,6187, em baixa de 2,17%, no menor patamar desde 28 de agosto de 2015. Hoje recuou mais um pouco. 

A crise dificulta os negócios no mercado físico brasileiro de café, mas os fundamentos continuam sólidos e apontando para preços sustentados no decorrer de 2016. Apesar de estarmos em plena entressafra, as exportações brasileiras continuam apresentando bons volumes. Fevereiro fechou com 2 785 166 sacas embarcadas e ainda teremos de usar os estoques atuais para cobrir o consumo interno e nossas exportações de março, abril, maio e junho. É provável que a colheita da nova safra 2016 se adiante devido ao calor e às boas chuvas de verão, mas só teremos bons volumes de arábicas de qualidade a partir de meados de junho. A experiência mostra que até os embarques de julho e agosto, início do novo ano safra, precisam ser completados por cafés da safra anterior. 

Mesmo na hipótese das exportações dos quatro meses restantes desta entressafra caírem para uma média mensal de 2,5 milhões de sacas, precisaremos até julho de 14 a 15 milhões de sacas da safra atual para cumprir nossos compromissos de exportação e consumo interno. Isto considerando que parte do consumo interno desse período será atendido pelos primeiros lotes de conilon da nova safra 2016. 

Existe muita especulação sobre o tamanho da próxima safra brasileira de café 2016/2017. Se os números mais altos que circulam não se mostrarem reais (é pouco provável que sejam), o Brasil terá dificuldade para cumprir seus compromissos de exportação e consumo no ano safra 2016/2017 (julho de 2016 a junho de 2017). Precisaremos de 56 a 57 milhões de sacas (35 a 36 milhões para a exportação e 20 a 21 milhões para o consumo interno) e praticamente não contaremos com remanescentes de safras anteriores. 

O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, informou que no último mês de fevereiro foram embarcadas 2.785.166 sacas de 60 kg de café aproximadamente 2 % (41.173 sacas) a mais que no mesmo mês de 2015 e 1%(22.174 sacas) a mais que no último mês de janeiro. Foram 2.434.577 sacas de café arábica e 67.592 sacas de café conillon, totalizando 2.502.169 sacas de café verde, que somadas a 281.205 sacas de solúvel e 1.792 sacas de torrado, totalizaram 2.785.166 sacas de café embarcadas. O preço médio de venda foi de US$ 147,72 por saca aproximadamente 24% menos que o preço médio de fevereiro de 2015, de US$ 195,04 por saca. 

Até dia 10, os embarques de março estavam em 373.289 sacas de café arábica, 10.561 sacas de café conillon, mais 36.170 sacas de café solúvel, totalizando 420.020 sacas embarcadas, contra 329.830 sacas no mesmo dia fevereiro. Até o mesmo dia 10, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 1.149.357 sacas, contra 999.449 sacas no mesmo dia do mês anterior. 

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 4, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 11, subiu nos contratos para entrega em maio próximo 475 pontos ou US$ 6,28 (R$ 22.68) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 4 a R$ 599,83 por saca, e hoje dia 11, a R$ 600,90 por saca.

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Fonte:
Escritório Carvalhes

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