Calcário para o norte de Mato Grosso

Publicado em 08/12/2011 08:38
Por Amado de Oliveira Filho é economista, especialista em mercados de commodities agropecuárias, direito ambienta e desenvolvimento sustentável
No último dia 02, os pecuaristas do norte de Mato Grosso, iniciaram em Alta Floresta, um movimento denominado SOS Jazida de Calcário de Apiacás. Trata-se de um movimento reivindicatório que visa a produção de calcário em uma jazida no município de Apiacás que está sendo atingida pela expansão de uma terra indígena.

Lembraram os participantes do movimento que a ocupação daquele município se iniciou na década de 60, com o governo do estado de Mato Grosso vendendo aos produtores do Brasil inteiro, terras que foram transferidas da União para o Estado na década de 50.

Portanto a União Federal e o Estado de Mato Grosso atraíram corajosas famílias para desbravar uma inóspita região, adquirindo do poder público, terras que entendiam ser a sonhada oportunidade de crescimento social e econômico, mesmo sabendo que muitos ficariam pelos caminhos, dizimados pela malária e outras doenças.

Como problema pouco é bobagem, em 2002 o Ministério da Justiça, através da Portaria 1.149, inicia processo de ampliação das terras indígenas kaiabi, já demarcadas, de 117.000 hectares para 1.053.000 hectares. A partir daí centenas de famílias passaram a viver sem as mínimas condições de segurança jurídica, sem crédito rural e, vendo a cada dia, seu patrimônio, adquirido do próprio Estado, ser dilapidado por uma continuada desvalorização, afastando a tão sonhada prosperidade buscada numa saga de mais de 40 anos.

Além de tudo isto, em toda a região norte de Mato Grosso não existe nenhuma indústria de calcário para a correção do solo e que venha garantir a exigida sustentabilidade ambiental e a obtenção de produtividade na exploração econômica das atividades da agropecuária. No entanto, sob a área que a FUNAI insiste em ampliar no município de Apiacás está localizada uma importante jazida de calcário dolomítico cujas pesquisas, iniciadas pelo Governo de Mato Grosso no ano de 2001, encontram-se paralisadas por força da Portaria nº 1.149/02.

Surge um cenário de desequilíbrio econômico que se dá em função do custo do frete para transportar o calcário beneficiado em Nobres para os municípios da região resulta em até cinco vezes o valor do produto, tornando inviáveis as políticas públicas de apoio a produção de alimentos. As conseqüências são a estagnação e a falta de segurança alimentar, pela delicada e cara situação de ter que importar alimentos até mesmo de outros estados.

Vale destacar que a atividade da pecuária é cobrada sistematicamente pelos governos e por outras instituições para que aumente a produtividade, produzindo mais cabeças de gado por hectare. Por outro lado, sem explorar o calcário de Apiacás será impossível obter e manter a sustentabilidade ambiental da agropecuária, uma vez que fica muito caro a recuperação de pastagens degradadas.

Alguns aspectos serão severos com o norte de Mato Grosso, no entanto, os reflexos econômicos serão sentidos em toda a região, inclusive na cidade pólo de Alta Floresta onde a atividade comercial já ressente dos impactos negativos da economia dos demais municípios.

Entende os produtores que são urgentes a necessidade de se dotar o norte de Mato Grosso de idênticas condições de desenvolvimento de outras regiões do próprio Estado, não permitindo a manutenção de uma sociedade de segunda categoria e também, por entender que o Brasil não pode perder a oportunidade de se consolidar mundialmente como grande produtor de alimentos.

Por isto, a sociedade do norte de Mato Grosso, juntamente com as instituições participantes do movimento, não abre mão da imediata revisão da Portaria nº 1.149 de forma a permitir a plena utilização do calcário na recuperação de pastagens e áreas de agricultura, permitindo condições de produção similares às demais regiões do Estado.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Por:
Amado de Oliveira Filho
Fonte:
Acrimat

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário