Perdas registradas por falta de classificação das sementes de milho, verdadeiro descalabro ao produtor rural, por Valdir Fries

Publicado em 25/01/2018 08:56

Frente as sementes de milho tidas como “CLASSIFICADAS E FISCALIZADAS” disponibilizadas no mercado nos últimos anos, e principalmente para o cultivo da segunda safra (safrinha) de milho em 2017, nos levou a abrir um processo de ocorrência junto a própria empresa detentora/produtora da semente de milho, na busca de esclarecimentos administrativos e justificativas técnicas e legais quanto as sementes a nós disponibilizada, e consequentemente poder cobrar maior fiscalização por parte das Instituições responsáveis.

Já manifestamos aqui, o que vem ocorrendo com as sementes de milho que estão sendo disponibilizadas no mercado, sementes de milho sem qualquer classificação, o que demonstra e nos leva a acreditar que NÃO EXISTE nem um tipo de FISCALIZAÇÃO por parte dos Órgãos Públicos legalmente responsáveis para que se faça cumprir o que diz a Lei 10.711/2003…  Ou seja, INCOMPETÊNCIA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO NA FISCALIZAÇÃO, OU DIGAMOS “A MÁFIA DAS SEMENTES DE MILHO”??? – 

confira acessando o link: https://valdirfries.wordpress.com/2017/02/23/incompetencia-do-ministerio-da-agricultura-pecuaria-e-abastecimento-na-fiscalizacao-ou-digamos-a-mafia-das-sementes-de-milho/

QUAL O PADRÃO DE SEMENTES DE MILHO QUE DEVE CHEGAR AO MERCADO EM 2018? Os mesmos dos anos anteriores?

A cada lote de sementes, adquirido pelo produtor rural, nunca se sabe ao certo qual o padrão de sementes estará recebendo, muito menos o que ira encontrar dentro das embalagens. Nas imagens acima, (sobra das sementes, ainda com o colorido do grafite utilizado na plantadeira), são “SEMENTES DE MILHO” que chegou ao mercado em 2017 sem qualquer padrão de classificação, embora na embalagem das sementes estivesse mencionado os dados da classificação e as recomendação de  quem as produziu e embalou as tais “sementes”.(Obs: A quantidade de sementes que seriam para plantar uma área de 30 hectares, pelas falta da classificação da sementes, se plantou uma área de 34 hectares de plantio, e ainda restaram a quantidade de 10 kg de semente.

Todos nós produtores rurais sabemos que tecnicamente, esta mais que comprovado pela pesquisa, que  o STAND DE PLANTAS adequado é fator primordial para se obter altas produtividades.

Como conseguir um stand de plantas uniforme e em conformidade com o recomendado pela pesquisa, quando se recebe sementes fora de padrão e sem qualquer classificação?

Sabemos que por mais que o produtor rural tente buscar/adequar os equipamentos (discos de plantio), e regular a plantadeira, por mais cuidado que se tenha em termos de velocidade de plantio, com sementes fora de padrão, não se consegue bons resultados, e neste caso, o resultado não foi nada satisfatório.

Com sementes fora de padrão e sem classificação, NÃO se consegue viabilizar o plantio em conformidade com o recomendado… Resultado:

Diante das imagens da lavoura, ainda na fase de desenvolvimento inicial das plantas, já era possível prever perdas de produção, certa e significativa.

Previstas as perdas, e realizada a ocorrência junto a detentora da cultivar, ficamos e estamos no aguardo de uma RESPOSTA e principalmente de uma SOLUÇÃO para os problemas de classificação de sementes de milho, uma vez que até a safra passada, produtoras de sementes já colocavam no mercado mais a 15 padrões diferentes de tamanho de sementes de milho, o que poderíamos dizer que na verdade, em muitos casos o que se recebe é GRÃOS DE MILHO, e NÃO SEMENTES.

Buscamos uma solução através do registro da ocorrência, e para tanto, neste caso, cobramos o acompanhamento técnico da detentora/produtora das sementes, vistorias foram realizadas no decorrer do ciclo da cultura, porém, os profissionais Assistentes Técnicos que estiveram na lavoura, se negam a nos fornecer qualquer informação plausível que venha justificar a falta de classificação das sementes comercializada.

Nem uma “SOLUÇÃO” foi tomada até então. Também não recebemos nem uma “resposta” com as devidas justificativas técnica e administrativa por parte da empresa, em relação a ocorrência registrada.

A lavoura em questão, foi implantada com toda a tecnologia empregada nas demais áreas plantadas com outras cultivares da própria detentora/produtora. No entanto, conforme se observa, nesta lavoura em questão, vimos a má distribuição das sementes provocada pela falta de classificação, pior, isto demonstra a nítida FALTA DE FISCALIZAÇÃO em relação ao padrão das “sementes classificadas” e disponibilizadas no mercado.

O que vimos nas imagens acima, é uma lavoura com baixa população de plantas por hectare se comparado com o numero de plantas por hectare tecnicamente recomendado, e com o agravante do stand de plantas mal distribuído, com falhas de plantio ao longo das linhas e na sequência da mesma linha, se observa plantas aglomeradas, que no decorrer do ciclo da cultura, as próprias plantas de milho acabaram concorrendo entre si, e ao final, conforme pode se observar na imagem abaixo, o resultado produtivo foi espigas de porte reduzido e ponteiros de espigas mal formadas:

As imagens acima não deixam duvidas, stand de plantas aglomeradas provocam perdas de produção. A pesquisa acusa isso a muito tempo.

A lavoura motivo da ocorrência, se comparada com outra lavoura, porém cultivada com “sementes” com o MÍNIMO PADRÃO DE CLASSIFICAÇÃO (inclusive do mesmo detentor da tecnologia)…ao menos de tamanho próximo da uniformidade, dentro do padrão médio comercializada no mercado pela grande maioria dos diferentes detentores/produtores de sementes de milho no Brasil… como segue:

Embora sejam grãos do ponteiro das espigas, se consegue adequar o equipamento e regular a plantadeira para distribuição das sementes em condições de proporcionar melhor uniformidade de plantas por metro linear. Mesmo com sementes de ponteiro, o resultado de produtividade foi bem superior. Com stand de plantas adequado, se obteve espigas bem formada, e garantia de produção, conforme pode se observar na imagem abaixo, onde se obteve maior produtividade, chegando a 152 sacas por hectare na safrinha 2017:

Conforme demonstramos, neste sentido, precisamos de maior rigor na FISCALIZAÇÃO das sementes “CLASSIFICADAS e CERTIFICADAS”, tendo em vista que detentoras e produdtoras de sementes de milho chegam a disponibilizar no mercado mais de 15 padrões de sementes de diferentes tamanhos, provocando um verdadeiro desespero aos produtores rurais,  e preocupação para os profissionais que prestam serviço de Assistência Técnica a nível de campo.

VOLUME DE PERDAS REGISTRADO NA LAVOURA:

As perdas de produção na lavoura objeto da ocorrência, conforme previsto inicialmente, foram significativas.

Através de uma avaliação geral da lavoura, registramos três diferentes tamanhos de espigas na lavoura:

Nas amostragens, calculamos em:

  • 5 % de espigas inteiras (inclusive de tamanho um pouco superior que as normais da própria cultivar), formada pelas plantas isoladas;
  • 15 % com formação de espigas medianas de tamanho pouco inferior ao porte normal de espigas para a cultivar;
  • E os demais, 80 % da lavoura com espigas mal formadas  com os ponteiro das espigas mal granado, resultado típico de plantas aglomeradas que concorreram entre si, resultando não podia ser diferente, espigas com ponteiros de grãos chochos e avariados:

As imagens que seguem mostra o peso médio do produto de cada espiga:

  

CALCULO DE PERDAS: Na área objeto da ocorrência, segundo levantamento, a população de plantas por hectare calculada/estimada, na média de 50.000 plantas por hectare, e a produtividade média obtida nesta área foi de 7.387 kg por hectare, ou seja, 123 sacas de milho por hectare.

(Observação: o volume de sementes da cultivar em questão, que tecnicamente seria para plantar 30 hectares, devido a falta de plantabilidade, ocupou uma área de 34 hectares, e ainda restaram cerca de 10 Kg (dez quilos) de sementes).

Diante das estimativas de perdas, o peso do produto obtido conforme mencionado acima, confirma uma perda significativa em relação as demais áreas de plantio com outras cultivares, onde se obteve nas mesmas condições de cultivo, uma produtividade de 9.144 kg por hectare, ou seja, 152,4 sacas de milho por hectare.

PERDAS FINANCEIRA neste talhão em relação aos demais: Com as perdas de produtividade, consideramos que deixamos de colher em média, cerca de 29,29 sacas de milho por hectare, portanto, as perdas calculadas chegam a  990 sacas de milho, decorrentes da mal distribuição das sementes, provocado pela falta de classificação do padrão das sementes.

Apurado o valor médio do mercado do milho em 2017, (na região Noroeste do Estado do Paraná, comercializado na faixa dos R$ 21,00 por saca de 60 kg de milho), podemos afirmar que deixamos de obter (perdemos) um rendimento financeiro calculado em R$ 20.790,00 (vinte mil, setecentos e noventa reais).


CONCLUINDO:

A Lei 10711/2003 em seus artigos determinam a responsabilidade das Instituições governamentais para FISCALIZAR a produção das sementes “CLASSIFICADAS E CERTIFICADAS”… Porém fica claro que isto não esta acontecendo a altura da Lei, nos submetento a um sistema que vem agindo livremente, provocando perdas e danos financeiros ao setor produtivo, causando um verdadeiro descalabro para os produtores rurais.

Os resultados de perdas estão aqui registrado, e para se garantir, disponibilizamos cerca de 10 kg das semente em questão, guardada em boas condições, se necessário for utilizar das sementes para realizar a contra prova na tentativa de se obter um stand de plantas uniforme de acordo com o recomendado pela própria sementeira (55.000 a 58.000 plantas por hectare para a época de plantio), fica ao dispor.

Portanto, fica o volume de sementes ao dispor do DETENTOR/PRODUTOR, caso decidir buscar a justiça em relação ao exposto, bem como disponibilizamos estas sementes para que sirva à própria JUSTIÇA FEDERAL abrir inquérito para investigar a responsabilidade dos agentes de serviços das Instituições Públicas quanto a “FISCALIZAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO e CERTIFICAÇÃO DAS SEMENTES DE MILHO” colocadas no mercado nestes últimos anos, em detrimento da Lei 10711/2003.

OBSERVAÇÃO: Até o momento, a  única “RESPOSTA” que tivemos em relação a ocorrência, são informações do detentor/produtor das sementes de que neste ano de 2018 a empresa estará reduzindo em 50 % os diferentes tamanhos de sementes.

Ou seja, estará disponibilizando no mercado apenas 6 tamanhos de sementes, melhor classificada em termos de padrão de sementes, para assim garantir melhor plantabilidade das lavouras…

Mesmo assim,  estamos cobrando das Instituições responsáveis, maior rigor na FISCALIZAÇÃO das sementes “CLASSIFICADAS/CERTIFICADAS”.

QUAL O PADRÃO DE SEMENTES DE MILHO QUE DEVE CHEGAR AO MERCADO EM 2018? 

Diante do exposto, volto a repetir: ““Implantar uma lavoura com stand de plantas INADEQUADO, quem perde não é tão somente o produtor rural, quem perde é o Município, quem perde é o Estado, quem perde é o País… Tudo por falta de FISCALIZAÇÃO”.

Por Valdir Edemar Fries – Produtor rural em Itambé, PR.

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1 comentário

  • Eliseu Schovanz

    Assim como o milho q ficou apenas com multinacionais a produção d sementes e c tornou um preço absurdo a semente e sem garantia nenhuma d qualidade, nesse caminho está indo toda a cadeia d sementes, estão cada vez mais querendo tirar nosso direito d ter nossa semente, e com isso estão deixando cobrarem preços absurdos por sementes d soja, trigo etc... e ninguém faz nada, nem a bancada q c diz ruralista nem os nossos sindicatos, estamos a mercê d um grupo q só quer ganhar muito dinheiro nas costas d quem realmente está dando o verdadeiro suporte ao Brasil, ou seja, nós produtores.

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    • Gilberto Rossetto Lucas do Rio Verde - MT

      O maior fiscal de quem compra sementes (ou qualquer mercadoria) é o próprio consumidor..., então cabe a ele fiscalizar o que adquiriu, pagou e vai plantar. Se está recebendo mercadoria em desacordo com o adquirido devolva prontamente. Se exigimos menos Estado, não adianta querer deixar só a cargo da autoridade pública a fiscalização.

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