Fala Produtor

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC 29/11/2018 06:02

    Pensamento critico pode ser definido como centenas ou milhares de interpretações sobre uma mesma realidade. Abri o site da Secex e estou analisando as tabelas do comércio exterior brasileiro, aqui como na China o que importa são superávits, que é considerado como uma medida de valor moral da nação..., vamos dizer assim, quanto mais exportamos melhores somos. Os malandros chineses também são assim, choram até não mais poder, acreditaram que os EUA seriam um mercado cativo para sempre. E são engraçadas algumas interpretações dadas a isso, se a China nos compra soja ela é fundamental para nosso comércio, se a china vende bugigangas aos EUA ela é fundamental ao comércio dos EUA. Que interpretação curiosa não? Dando superávits ou déficits ela é sempre a "fundamental" ao comércio. Os chineses querem nos fazer acreditar que o mundo depende deles. É lógico que existem diferenças entre o "socialismo" brasileiro e o comunismo chines, lá se as autoridades quiserem podem arrancar o rim de uma pessoa e vender. Aqui se o empregado quebrar uma unha o patrão é processado, castigado, humilhado. Mas o fato é que embora o Brasil exporte mais do que importa, como a china, nossa economia é extremamente fechada. Quem pratica o mais descarado protecionismo são os brasileiros e chineses,...comunistas e seu ditado, xingue-os do que voce é, acuse-os do que voce faz. A explicação dada pelo governo brasileiro para o protecionismo é a geração de emprego, escondendo cuidadosamente nos discursos, nas falas, que isso diminui a renda dos brasileiros assalariados, pois que são obrigados a pagar mais caro por produtos somente por que são produzidos aqui. Eis ai o protecionismo economico. Lembrando que o governo brasileiro cobra muito mais caro, os impostos, licenças, etc... Sobre a fabricaçao de tratores por exemplo, do que nos EUA. Quando trazem uma fábrica americana para cá, o governo tem mais lucro que a própria fábrica, e os produtores brasileiros é que precisam trabalhar para pagar não só o trator como também o governo. Exemplo prático pode ser visto com a cultura do café, os pequenos não conseguem mecanizar devido aos baixos preços e altos custos da mecanização e mão de obra, isso aconteceu com a soja. É um bom método para acabar com os pequenos e garantir a produção através de poucos grandes, via financiamentos impagáveis, renegociações e acordos. Pensem um pouco, por que o governo não corta a zero os impostos e taxas sobre a produção de máquinas e equipamentos para pequenos produtores, equipamentos existem mas só podem ser adquiridos por financiamentos públicos, o governo controla tudo, a resposta é evidente, o objetivo do governo é arrecadar, e arrecadar para que? Para promover ideologia de genero, sustentabilidade, empoderamento feminino ou qualquer outra porcaria inventada por eles, mas isso é a cortina de fumaça para enganar os trouxas, os espertos andam atrás é do dinheiro de quem trabalha. Confortávelmente instalado em uma sala de luxo com tudo pago pelos "otários".

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  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR 29/11/2018 04:46

    Um dos motivos da guerra comercial entre China e EUA é o domínio da tecnologia.

    Desde o tempo da Terra de Santa Cruz, quando o frei Henrique de Coimbra celebrou a primeira missa, o Brasil é um produtor de commodities. Primeiramente ouro, pau-brasil, açúcar, café, minério de ferro e mão-de-obra barata, exportada para vários países de forma ilegal.

    Não devemos nos esquecer que a planta Coffea arábica é originária da Etiópia, ela cruzou mares para produzir riquezas em países ao redor do mundo, o Brasil um deles.

    Ocorre que a tecnologia da industrialização e do blended, para se obter a bebida que agradam aos paladares dos países consumidores, está sob o domínio de empresas europeias e, segundo consta, elas não estão dispostas em ceder essa parte do bolo, para os países produtores da matéria-prima.

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    • geraldo gentile Ibaiti - PR

      Não podemos esquecer, caro Paulo, que o Brasil, desde o convênio do Café de 1932, se auto-proibiu exportar café torrado. O maior produtor de café do mundo conformou-se em produzir o grão enquanto outros países (notadamente Alemanha, Itália e EUA) ficaram com a parte do leão no ciclo de riqueza gerada pelo café através da torra do grão e sua distribuição para o mundo. Blended de Café é um conhecimenjto relativamente simples. Faltou escala na indústria nacional, uma terrível intervenção estatal via IBC que jamais premiou a produção de cafés finos e vias de Distibuição do produto. A proibição somente caiu no Governo Collor de Melo. A mesma situação vivemos, hoje, com o complexo soja no qual praticamente inexiste a exportação de farelos e óleo, limitando-nos a exportar apenas o grão in natura. Abraços.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      É isso aí Sr. Rensi e Sr. Gentili, a experiência e a memória são coisas muito importantes. Nós não temos cafés finos, assim como podemos citar o cacau como outro exemplo, nem chocolates, não por nossos conterrâneos não possuírem habilidades e capacidades para produzir cafés finíssimos de alta qualidade como também chocolates. Nosso problema é que o governo resolveu, além de proibir as atividades com regulamentações e impostos que invariavelmente chamam por outros nomes, financia o "empoderamento feminino, as questões de gênero, artistas sem talento, parada gay,... quer dizer o sujeito pode fazer sexo no meio da rua mas não pode produzir e comercializar seu café e seu cacau sem ser incomodado pelo governo. Taxam o setor produtivo para financiar putaria e manter a impunidade de nulidades politicas corruptas.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Geraldo, será que essa situação não é o reflexo da política de compadrio em voga no país desde sempre. ... ... Quando o Collor extinguiu o IBC e a SUDHEVEA, infelizmente eu trabalhava na produção das duas commodities. Lembro-me com se fosse hoje. O Kg do cernambi (latex da borracha) era UM dólar, caiu para US$ 0,30/Kg. O café tinha um preço de paridade de US$ 120,00/sc de café beneficiado; caiu para US$ 38,00/sc. Imagine como ficou o produtor. Enfim, são muitas histórias. Mas, fico tentando entender porque não existe um mercado firme com outros países de exportação de produtos agrícolas industrializados. Sinceramente não consigo entender. ...

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Rodrigo, sou um velho matuto que a maioria das vezes, tenho a língua solta demais e, muitas vezes meus textos são mal compreendidos. Isto em função da minha qualidade de "quase" escrevinhador. ... ... Lembro-me que o Manual de Entomologia editado antes de 1970, cujo responsável era o professor Domingos Gallo. Constava que o bicho-mineiro era uma praga secundária na cafeicultura, ou seja, não causava danos econômicos. ... Com o evento da ferrugem do café no inicio dos anos 70, a recomendação de controle era pulverizar as lavouras com produtos a base de cobre (Cu). Ocorre que o cobre é bactericida. Com o seu uso, bactérias de vida livre que viviam sobre as folhas de café e, parasitavam as larvas do bicho-mineiro, matando-as. Mantinham o nível de infestação do bicho-mineiro, baixo. Com a eliminação desse inimigo natural (bactéria) pelo uso do cobre, a praga bicho-mineiro tornou-se uma das principais pragas. ... ... Tudo em função do progresso. ... Mas, o que isso tem a ver? ... ... Quando o Sr. diz que não temos cafés finíssimos. Acho que é uma questão de conceito, pois se não me falha a memória, existem países na Europa que agradam o seu paladar, para nós são cafés de pior qualidade, classificados como riados, ou rios.... Trabalhei produzindo café no Norte do Paraná e na região do cerrado de Minas Gerais. ... No Norte do Paraná, colhia no pano, secava em secador rotativo Pinhalense, enfim tratava o café da melhor maneira possível e, conseguia no máximo bebida dura. ... Em Minas, derriçava no chão, às vezes alguns lotes de café secado em terreiro de terra, apresentavam bebida mole. ... ... Ou seja, a melhor bebida para os nossos padrões. ... Quanto a qualidade do produto ela é uma coisa subjetiva, pois depende do costume do consumidor. ... ... Veja o trigo, para nós o melhor é o trigo pão e melhorador. .... Para os países, como Índia, Egito e outros, onde o pão é parecido com a massa de pizza, o melhor trigo é o brando. ... ... Falei demais...

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  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR 29/11/2018 04:17

    A realidade é a ocorrência de fatos e, o fato é que até o momento somente 15 países do mundo baniram o uso do das sacolas plásticas e o Brasil não se encontra entre esse grupo.

    Segundo uma pesquisa, estima-se que há atualmente 150 milhões de toneladas plásticos nos oceanos. Anualmente são 8 milhões de toneladas que vazam para os oceanos. E ainda não existe tecnologia capaz de retirar este material dos oceanos. Eles acabam se quebrando em micropartículas que entram na cadeia alimentar da vida marinha e, em seguida, na nossa cadeia alimentar.

    O Brasil já domina a tecnologia do plástico ecológico, derivado do etanol. Sabe-se que o setor sucroalcooleiro passa por dificuldades. Porque que alguns millennials não criam uma startup com alguma ideia inovadora, tipo: A produção de sacolas biodegradáveis a um custo tal, que viabilize o seu consumo pela população brasileira.

    Com certeza o setor irá responder a demanda para a produção de sacolas biodegradáveis, inclusive abastecer alguns desses países que aboliram as sacolas plásticas.

    Aviso que sou da primeira geração de Baby Boomers, bebes nascidos entre 1946-1954. Ou seja, se apresento uma ideia estapafúrdia, uso o Estatuto do Idoso para me defender. Enfim é bom ter algum privilégio na vida. Inclusive daquele de não entender, porque não ouviu o que disseram. O motivo, falta de audição.

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  • adegildo moreira lima presidente medici - SC 28/11/2018 23:43

    Onde foi parar o Osvaldo Piscinin que tantas boas recordações nos trazia com seus textos?? Abandonou o notícias agrícolas??

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  • Adalberto José Munhoz Campo Mourão - PR 28/11/2018 19:21

    Parabéns Liones... como sempre explicando o motivo no qual as coisas acontecem... sabedoria plena sem perder a humildade de sempre... abraços!

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  • carlo meloni sao paulo - SP 28/11/2018 17:54

    Vejo tanta gente reclamar do preço do café -----Por que uma cooperativa como Cooxupe' não se esforça para atrair beneficiadores estrangeiros para instalarem suas fabricas em Minas Gerais?? Esta e' uma forma de combater outras nações que a cada dia querem uma maior fatia no mercado mundial do cafe'--

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    • geraldo gentile Ibaiti - PR

      A Cooxupé realiza o beneficiamento do café e os blends cabíveis. Não existe "beneficiadoras de café" estrangeiras. Apenas grandes tradings multinacionais que compram o grão já beneficiado.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      E' neste ponto que somos * tapados * porque a beneficiadora estrangeira esta' com o mercado do cafe' da nação dela nas mãos dela----Nunca vai te entregar----Então para agregar valor e vender tem que ser uma estrangeira---A ideia da Cooxupé só serve para o mercado nacional----Se uma beneficiadora estrangeira se instalar aqui ela vai utilizar mão de obra daqui, paga imposto, e deixa de comprar da Colômbia---

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Carlo. Existe uma "particularidade" com o café. O produtor entrega o seu café na cooperativa, normalmente os sacos vão separados em lotes, café varreção, café boia, e café cereja. Enfim essa é uma das nomenclaturas. O detalhe é que o café do Sr. Antonio é um lote que fica separado nas pilhas de cafés dos produtores até a data da venda desse café. ... ... Os exportadores recebem as amostras dos cafés estocados nas cooperativas, os classificam de acordo com seus defeitos e bebidas. Dos pequenos lotes fazem um lote de milhares de sacos, ou seja, o blended e, vendem para os países importadores, onde esse lote está homogeneizado todas as "diferenças" que o produtor teimosamente quis valorizar. ... Na Colômbia, os lotes de cafés são misturados na Cooperativa com o objetivo de obter o tipo de café que o mercado está comprando. ... Ou seja, lá o café é literalmente uma commodity. ... ... Imagine se a soja de um produtor, ficasse depositada "separada" no silo da soja de outros produtores. ... Enfim, só sei que nada sei...

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  • Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR 28/11/2018 14:34

    Subsídio para montadora é uma palhaçada. Ainda bem que Bolsonaro vai cancelar essa vergonha.

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  • Ivanir Matos Espera Feliz - MG 28/11/2018 12:25

    Alguém diz que o café é baseado em dólar só não consigo entender porque o dólar sobe e o café não o dólar cai o café cai porque será?

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    • geraldo gentile Ibaiti - PR

      Simples: existem apenas 05 grandes tradings que dominam a comercialização do café no mundo.

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  • Luiz de Santana Junior Aracaju - SE 28/11/2018 10:58

    Acertou na mosca, estou na região de Itabi-SE, choveu 14 mm. Cem por cento de acerto.

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  • Jorge Marçal Belford Roxo - RJ 28/11/2018 10:24

    Excelente matéria do Café Arábica, com a cotação de hoje (fundamental), era tudo o que eu precisava saber, pois trabalho com Café; simplesmente formidável a matéria, sob todos aspectos... (Jorge Marçal, empresário/comerciante de café), professor de Letras).

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC 28/11/2018 05:54

    Dificil entender isso, por que Tereza Cristina foi uma indicação politica. Politicos tem essa habilidade, enganar todos de forma que pensem sobre eles como seres dotados de extrema competencia em toda e qualquer área. A nova ministra é igual ao Blairo Maggi, a primeira coisa que quer saber é sobre os financiamentos. Nada de reforma tributária para reduzir os custos de todas as atividades agropecuárias. Tenho a impressão de que a maioria entendeu a função das ONGs no país, mas não se deram conta ainda que organizações como a OIT e ONU também exercem grande influencia em nosso país. Os termos sustentabilidade, um conceito tão amplo que é possivel fazer dele o que se quiser, e incrivelmente o termo "empoderamento feminino" aparece no texto também. Ora esses termos foram criados pela esquerda justamente como vaselina, chegam a fazer previsões de crescimento e desenvolvimento devido a essas "politicas". Desconheço outra atividade que precise mais de máquinas e equipamentos que a agropecuária, a maioria bens de capital que serão utilizados para produzir bens de consumo. Outro termo que aparece ali é o da "igualdade de oportunidades", quimera perseguida por doidos. Esse termo o da igualdade de oportunidades também é um conceito tão amplo que pode acomodar qualquer coisa, desde que não se respeitem as inúmeras limitações que a realidade exige. Conheci parte desse discurso a 40 anos atrás na faculdade de agronomia em Passo Fundo, e era impossivel contestar isso dentro da universidade já naquela época. Vejam que a OIT e a ONU ao mesmo tempo que defendem a tal "igualdade de oportunidades", exigem a criação de legislação que dificulte ou proiba várias atividades que poderiam ser desenvolvidas por pessoas comuns. É tanta legislação que a tal igualdade torna-se uma impossibilidade mesmo teórica. Os altos custos de máquinas e equipamentos, do qual ninguém fala, impedem aquilo que se convencionou chamar igualdade de oportunidades. As legislações, licenças, mesmo o fato de politicos "cuidarem" do comércio exterior já prova que não é possivel essa igualdade, eles vão trabalhar por alguns grupos, todos com financiamentos públicos e com a garantia de que não irão precisar gastar um centavo para abrir mercados no Brasil e exterior, o governo tomará conta disso. É uma pilantragem quase que indescritivel.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      He! He! (risos) ... ... (REESCREVENDO) : ... E ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE ... "HIPOCRITIZANDO" !!! ...

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  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR 28/11/2018 00:00

    Pelo andar da carruagem, está ficando nítido & notório, que o Programa Mais Médicos foi mais uma maracutaia da presidenta mais honesta desse país.

    Agora fica a expressão que não quer calar: FALA AÍ "DONA" ROUSSEF !!!

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  • Roberto Cadore Cruz Alta - RS 27/11/2018 12:43

    Início de safra complicado no RS. Chuvas torrenciais tem sido verificadas no Estado. Alguns produtores com 3 replantes em partes de áreas... Mas, nesse momento, nada me assusta mais do que a possibilidade da entrada da ferrugem asiática precocemente... Soja recém germinando e já encontrados focos de ferrugem em plantas hospedeiras, e pra dificultar ainda mais, os fungicidas perderam eficiência... Precisamos preparar o espírito e o bolso.

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  • geraldo emanuel prizon Coromandel - MG 27/11/2018 11:04

    Não houve acordo jurídico entre o STF e o Governo Temer. Porque um acordo judicial pressupõe objeto lícito. Houve sim, um acordo espúrio onde a parte lesada é o povo brasileiro. Um golpe semelhante ao funrural. Boris Casoy diria " isso é uma vergonha".

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  • Eder Oliveira 27/11/2018 10:47

    FHC TOMA GRANA PARA IFHC E QUEM VAI EM CANA É O LULA

    Reprodução de artigo (do final de 2002) onde o colonista da Globo News exibe (Hoje) a vergonhosa parcialidade da Vara de Curitiba e da "imprensa" que manipula:

    FHC PASSA O CHAPÉU

    Por: Gerson Camarotti

    Presidente reúne empresários e levanta R$ 7 milhões para ONG que bancará palestras e viagens ao Exterior em sua aposentadoria

    Foi uma noite de gala. Na segunda-feira, o presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu 12 dos maiores empresários do país para um jantar no Palácio da Alvorada, regado a vinho francês Château Pavie, de Saint Émilion (US$ 150 a garrafa, nos restaurantes de Brasília). Durante as quase três horas em que saborearam o cardápio preparado pela chef Roberta Sudbrack - ravióli de aspargos, seguido de foie gras, perdiz acompanhada de penne e alcachofra e rabanada de frutas vermelhas -, FHC aproveitou para passar o chapéu. Após uma rápida discussão sobre valores, os 12 comensais do presidente se comprometeram a fazer uma doação conjunta de R$ 7 milhões à ONG que Fernando Henrique Cardoso passará a presidir assim que deixar o Planalto em janeiro e levará seu nome: Instituto Fernando Henrique Cardoso (IFHC).

    O dinheiro fará parte de um fundo que financiará palestras, cursos, viagens ao Exterior do futuro ex-presidente e servirá também para trazer ao Brasil convidados estrangeiros ilustres. O instituto seguirá o modelo da ONG criada pelo ex-presidente americano Bill Clinton. Os empresários foram selecionados pelo velho e leal amigo, Jovelino Mineiro, sócio dos filhos do presidente na fazenda de Buritis, em Minas Gerais, e boa parte deles termina a era FHC melhor do que começou. Entre outros, estavam lá Jorge Gerdau (Grupo Gerdau), David Feffer (Suzano), Emílio Odebrecht (Odebrecht), Luiz Nascimento (Camargo Corrêa), Pedro Piva (Klabin), Lázaro Brandão e Márcio Cypriano (Bradesco), Benjamin Steinbruch (CSN), Kati de Almeida Braga (Icatu), Ricardo do Espírito Santo (grupo Espírito Santo). Em troca da doação, cada um dos convidados terá o título de co-fundador do IFHC.

    Antes do jantar, as doações foram tratadas de forma tão sigilosa que vários dos empresários presentes só ficaram conhecendo todos os integrantes do seleto grupo de co-fundadores do IFHC naquela noite. Juntos, eles já haviam colaborado antes com R$ 1,2 milhão para a aquisição do imóvel onde será instalada a sede da ONG, um andar inteiro do Edifício Esplanada, no Centro de São Paulo. Com área de 1.600 metros quadrados, o local abriga há cinco décadas a sede do Automóvel Clube de São Paulo.

    O JANTAR, INICIADO ÀS 20 HORAS, foi dividido em dois momentos. Um mais descontraído, em que Fernando Henrique relatou aos convidados detalhes da transição com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Na segunda parte, o assunto foi mais privado. Fernando Henrique fez questão de explicar como funcionará seu instituto. Segundo o presidente, o IFHC terá um conselho deliberativo e o fundo servirá para a administração das finanças. Além das atividades como palestras e eventos, o presidente explicou que o instituto vai abrigar todo o arquivo e a memória dos oito anos de sua passagem pela Presidência.

    A iniciativa de propor a doação partiu do fazendeiro Jovelino Mineiro. Ele sugeriu a criação de um fundo de R$ 5 milhões. Só para a reforma do local, explicou Jovelino, será necessário pelo menos R$ 1,5 milhão. A concordância com o valor foi quase unânime. A exceção foi Kati de Almeida Braga, conhecida como a mais tucana dos banqueiros quando era dona do Icatu. Ela queria aumentar o valor da ajuda a FHC. Amiga do marqueiteiro Nizan Guanaes, Kati participou da coleta de fundos para a campanha da reeleição de FHC em 1998 - ela própria contribuiu com R$ 518 mil. "Esse valor é baixo. O fundo poderia ser de R$ 10 milhões", propôs Kati, para espanto de alguns dos presentes. Depois de uma discreta reação, os convidados bateram o martelo na criação de fundo de R$ 7 milhões, o que levará cada empresário a desembolsar R$ 500 mil. Para aliviar as despesas, Jovelino ainda sugeriu que cada um dos 12 presentes convidasse mais dois parceiros para a divisão dos custos, o que pode elevar para 36 empresários o número total de empreendedores no IFHC.

    Cont..

    Diante de uma platéia tão requintada, FHC tratou de exercitar seus melhores dotes de encantador de serpentes. "O presidente estava numa noite inspirada. Extremamente sedutor", observou um dos presentes. Outro empresário percebeu a euforia com que Fernando Henrique se referia ao presidente eleito, Lula da Silva. "Só citou Serra uma única vez. Mas falou tanto em Lula que deu a impressão de que votou no petista", comentou o convidado. O presidente exagerou nos elogios a Lula da Silva. Revelou que deixaria a Granja do Torto à disposição do presidente eleito. "Ele merece", justificou. "A transição no Brasil é um exemplo para o mundo." Em seguida, contou um episódio ocorrido há quatro anos, quando recebeu Lula no Alvorada, depois de derrotá-lo na eleição de 1998. O presidente disse que na ocasião levou Lula para uma visita aos aposentos presidenciais, inclusive ao banheiro, e comentou com o petista: "Um dia você ainda vai morar aqui".

    Na conversa, Fernando Henrique ainda relatou que vai tentar influir na nomeação de alguns embaixadores, em especial na do ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, para a ONU. Antes de terminar o jantar, o presidente disse que passaria três meses no Exterior e só voltaria para o Brasil em abril. Também revelou que pretende ter uma base em Paris. "Nada mal!", exclamou. Ao acabar a sobremesa, um dos convidados perguntou se ele seria candidato em 2006. FHC não respondeu. Mas deu boas risadas. Para todos os presentes, ficou a certeza de que o tucano deseja voltar a morar no Alvorada, projeto que FHC desmente em conversas mais formais.

    Embora a convocação de empresários para doar dinheiro a uma ONG pessoal possa levantar dúvidas do ponto de vista ético, a iniciativa do presidente não caracteriza uma infração legal. "Fernando Henrique está tratando de seu futuro, e não de seu presente", diz o procurador da República Rodrigo Janot. "O problema seria se o presidente tivesse chamado empresários ao Palácio da Alvorada para pedir doações em troca de favores e benefícios concedidos pelo atual governo."

    O IFHC não será o primeiro no país a se dedicar à memória de um ex-presidente. O senador José Sarney (PMDB-AP) criou a Fundação Memória Republicana para abrigar os arquivos dos cinco anos de seu governo. Conhecida hoje como Memorial José Sarney, a entidade está sediada no Convento das Mercês, um edifício do século XVII, em São Luís, no Maranhão. Pelo estatuto, é uma fundação cultural, sem fins lucrativos. Mas também já foi alvo de muita polêmica. Em 1992, Sarney aprovou no Congresso uma emenda ao Orçamento que destinou o equivalente a US$ 153 mil para seu memorial. Do total, o ex-presidente conseguiu liberar cerca de US$ 55 mil.

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