Fala Produtor - Mensagem
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Adalberto José Munhoz Campo Mourão - PR 12/07/2018 10:36
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Liones Severo
Porto Alegre - RS
Caro Adalberto José Munhoz, há alguns dias a consultoria S+M divulgou que 77% da soja safra 2017/18 estava negociada, o que equivaleria a 92,5 MMT de uma produção de 119 MMT. Se isto verdadeiro, e parece que sim, então gastamos esse volume em apenas 5 meses do ano safra. Portanto sobram apenas 26,5 MMT de soja disponível para os próximos 7 meses, até a entrada da safra nova. Quanto ao preço em dólares cotado na CBOT, está nas mínimas de 10 anos, porém esses preços tem a agregação do prêmio elevado que tem conservado o preço em reais praticamente estável nas últimas semanas. Se considerarmos o volume comprometido, podemos entender que a grande maioria dos produtores ficaram satisfeitos com o desempenho dos preços. Se os preços são satisfatórios não existe a exigência de novos avanços. Abraços.
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Liones Severo
Porto Alegre - RS
Adalberto, faltou responder parte da sua pergunta. O relatório do USDA de hoje apresentou números baixistas para a soja, mas altistas para o milho e trigo. Essas são as três principais commodities agrícolas que se complementam na natureza de suas funções e utilização. A falta de trigo ração, aumenta a demanda por milho e farelo de soja e a drástica redução da produção e estoques mundiais de milho e o aperto a disponibilidade do trigo, transfere forte incremento na demanda da soja e/ou farelo de soja. Esta foi a razão que os preços da soja foram sustentados pelo desempenho dos preços do milho e principalmente do trigo e assim deverá continuar. abraços
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carlo meloni
sao paulo - SP
LIONES, estava lendo uns comentarios do DALZIR (mencionando as cotaçoes baixista e prevendo uma situaçao apertada para o ano que vem), mas no seu comentario acima temos a percepçao que a queda da cotaçao e' compensada pelo premio... O senhor poderia nos explicar o motivo do premio e como ele nasceu?
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Liones Severo
Porto Alegre - RS
Caro Sr. Carlo Meloni, a concepção do prêmio tinha inicialmente o objetivo de fazer as sojas de varias origens chegarem aos mercados-destino com ao mesmo preço. Entretanto, com o tempo o prêmio se tornou "ágio" ou "deságio".... Atualmente, a soja brasileira está sendo negociada com premios de us$ 2,40 a us$ 2,70 por bushel, dependendo da posição de soja disponível da safra velha, todos acima dos preços cotados na Bolsa de Chicago. Ex. Na posição de setembro, seria 8,24 + 2,70 = us$ 10,94 por bushel, na equivalência da CBOT que os produtores brasileiros estão negociando a soja disponível. Resguardada todas as outras despesas que em qualquer condição seriam as mesmas.
Concepção do prêmio:
Depois das grandes altas dos mercados agrícolas na safra de 1972/73 (crise do Petróleo), os compradores transnacionais de soja, mais precisamente em 1974, resolveram submeter ao mercado uma condição de pouca exposição no risco do preço fixo. E conveniaram a adoção de comercializar produtos agrícolas com base em um componente de preço cuja variação não deveria ser maior ou menor do que 2% do valor principal de cada commodity agrícola.
A referência seria o prêmio (basis) para a soja americana, que naquele país até hoje é sempre positivo, porque representa as despesas de transportar a soja desde Chicago, onde está cotada na Bolsa de Mercadorias, até os portos localizados no Golfo do México.
O cálculo inicial partiu das despesas com o navio para levar a soja americana desde os termos fob-estivado em navio no Golfo do México, até o continente europeu, mais precisamente Rotterdam, principal destino do produto naquela época.
O preço efetivo da chegada da soja na Europa era a definição para estabelecer o prêmio ou deságio à negociação da soja brasileira.
A partir daquele preço se faria a dedução de todos os custos, até tornar a soja nos termos fob-estivado no navio em portos brasileiros.
Os descontos naturalmente seriam maiores, porque o tempo de navegação e a demora para realizar os embarques no Brasil eram superiores ao tempo de navegação e duração do carregamento da soja americana, cujos portos eram bem mais competitivos que os brasileiros.
Na época, a soja brasileira, ainda de pouca tradição no mercado internacional, iniciaria já com um desconto por qualidade não-tradicional para os mercados internacionais, e depois seriam então deduzidas todas as despesas, as quais fariam a equivalência do prêmio ou deságio a ser aplicado para a negociação do produto nacional.
Depois de alguns anos, o mesmo procedimento foi utilizado para a negociação da soja argentina.
Desde a concepção dos negócios em prêmios nas negociações de soja, já se estabeleceu o critério de que a soja americana agregava o valor cotado na Bolsa de Chicago, mais as despesas (arqueação) para colocá-la fob-estivado em navio no golfo do México. Embora o cálculo para a formação do prêmio para a soja brasileira nunca fizesse referência à adoção da cotação na Bolsa de Chicago, mais as despesas para colocá-la em termos fob-estivado em navios nos portos brasileiros.
Não é incomum que o prêmio para a soja brasileira alcance o mesmo prêmio pago pela soja americana em determinados períodos durante o ano. Em tese, ou em condições normais de carregamento dos portos brasileiros, não poderia haver uma grande diferença entre os prêmios do produto americano e os da soja brasileira. Tal fato determinaria uma diferença restrita: a diferença de frete oceânico entre Estados Unidos e um determinado destino, e o Brasil e esse mesmo destino.
Mais recentemente, os prêmios brasileiros têm superado os americanos. Basicamente, no segundo semestre do ano, onde o mercado brasileiro é mais competitivo para as indústrias nacionais, principalmente pela produção de biodiesel, que tem subsídio para a agricultura familiar, descolando as relações de competição para a exportação da soja in natura.
Através dos tempos, os prêmios sul-americanos adquiriram uma nova força negociável, considerada uma das três variáveis importantes que compõem o preço final para a soja em nível de origem, afastando-se dos princípios de sua concepção inicial. Tem forte vínculo com o "ágio", porque sua importância ou valor está diretamente relacionado à situação de escassez de oferta ou suprimento mundial de soja.
O prêmio contratualmente pode ser negativo ou positivo, apenas se atribuindo "mais" ou "menos", o que traduzido significa ágio ou deságio.
A dependência da comercialização das commodities brasileiras em bolsas de mercadorias estrangeiras não permite um desenvolvimento de padrão brasileiro para estabelecer o preço de negociação de acordo com a realidade do Brasil, e o prêmio tem sido a variável compensatória quando a preço final da soja brasileira ou de outra origem estiver defasado em relação a necessidade ou conveniência de preço do setor produtivo, normalmente quando a demanda supera o potencial da oferta.
(do livro : Como Lucrar Negociando Soja ? editado em 2011).
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Liones Severo
Porto Alegre - RS
Bom dia Caro Liones, cotações no fundo do poço, exportações indo bem. No complexo soja o que se espera desse mercado pois já tem notícias de início de falta de matéria prima no país; se puder, aguardamos comentário de vossa pessoa. Abraços obrigado!