Fala Produtor - Mensagem
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Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC 21/12/2018 06:05
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Cácio Ribeiro de Paula
Bela Vista de Goiás - GO
Caro Rodrigo,
Permita-me destacar aqui parte de suas afirmações contidas no texto acima:
"Sobre o calcário, ele não tem efeito se não for incorporado..., além de, se o produtor tiver os equipamentos adequados, levar o calcário em terras de areia a uma boa profundidade, que não é atingida de jeito nenhum com aplicação superficial."
Comentando, há um sem número de pesquisas(sérias e confiáveis) no país que evidenciam o contrário do que você escreveu...
Calcário em superfície, aplicado em áreas de PD consolidado, sem incorporação, demora anos para atingir profundidades maiores, mas, com uso de GESSO AGRÍCOLA e PLANTAS DE COBERTURA, ajudam sobremaneira o carreamento de elementos(Ca e Mg) a extratos mais profundos do perfil do solo.
Indubitavelmente, a incorporação do calcário ACELERA a "descida" deste. Por isso, um bom serviço no momento de abertura da gleba ou talhão, incorporando à maior profundidade possível, é fundamental ...
Por fim, exploro(e milhares de outros agricultores por todo o BR também) áreas por mais de 15 anos sem revolvimento do solo, com calagens frequentes em superfície... e os perfis mais profundos melhoram seus atributos químicos(pH, níveis de bases, saturação de Ca e Mg,...) ao longo do tempo, demonstrados claramente pelos resultados de análises dos solos.
Impressiona a todos os resultados obtidos com o uso de BRAQUIÁRIAS nos sistemas de exploração, quanto aos mesmos atributos referidos acima, sem contar outros como DENSIDADE DO SOLO, ESTRUTURA, MATÉRIA ORGÂNICA, etc.
Grades trazem benefícios(bem lembrados por vc), que podem ser obtidos pelo uso de conceitos adequados(e necessários) à sustentabilidade do sistema produtivo, dentre os quais: PALHA & ROTAÇÃO DE CULTURAS,...
Como afirmava com grande sabedoria um dos MESTRES DO PD, prof JOHN LANDERS: " SEM PALHA E ROTAÇÃO NÃO HÁ PD - PLANTIO DIRETO"!
PD é, sem sombra de dúvida, uma das maiores revoluções da Agricultura no Mundo, sobretudo em SOLOS TROPICAIS.
Saudações!!
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elcio sakai
vianópolis - GO
...tem outra pegadinha na correção do solo no centro oeste, se a saturação de bases estiver muito alto é benéfico pra multiplicação do nematoide do cisto.
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Rodrigo Polo Pires
Balneário Camboriú - SC
Sr. Cácio, agradeço a intervenção, e quero dizer que não sou contra o plantio direto, só não acho que seja algo tão revolucionário assim. Falei que gesso leva os cátions, não só Ca e Mg como voce afirmou, como também o K. Todos positivos, só que existem pesquisas que dizem também que esses cátions permanecem ligados à um elemento de carga negativa que não sei dizer agora de cabeça qual é, e fica indisponivel para a planta. Agora, se existem essas pesquisas que comprovam que a adição de gesso mais calcário aplicados superficialmente corrigem o ph das camadas mais profundas, gostaria que voce colocasse o link aqui prá eu ver. Sobre o calcário ir até as camadas mais profundas com rotação de culturas, aqui no Noticias Agricolas mesmo, foi entrevistado um sujeito que conseguiu com nabo forrageiro, ele explicou isso. E eu acredito que funciona. Mas entre plantar nabo, esperar nascer, esperar morrer e apodrecer para que o calcário desça, e gradear, prefiro mil vezes a grade do que qualquer outro sistema.
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Cácio Ribeiro de Paula
Bela Vista de Goiás - GO
Caro Rodrigo, segue um link para sua apreciação:
http://simpas.org.br/assets/arquivos/DIA2_PN2_PAL3-CalagemSuperficial_EFCAIRES.pdf
OBS.: ao suprimir(não listar o nutriente potássio(K)), não está implícito que ele não faça parte das denominadas bases, apenas não fiz menção.
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carlo meloni
sao paulo - SP
Botei calcário e botei gesso , depois subsolei----Vamos ver o que vai dar em fevereiro---Com relação ao PD que o sr Rodrigo acha uma técnica relativa enquanto o sr Cacio acha uma revolução eu acho que os dois estão certos----Foi uma revolução ao incorporar todas as áreas com pendencia superior a 10%
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Álvaro Henrique Mello de Souza
Ponta Porã - MS
Eu comentei sobre calcário em perfil, e vi a discussão e ela, com dados, sempre é sadia..., Acompanho áreas aqui com mais de 7, 8 anos de milho+brachiaria, em sucessão a soja, áreas trigo-soja-milho, áreas soja -brachiaria, soja - controlaria+brachiaria... e tirando o ajuste químico, estamos entrando em um processo de compactação, muito parecido com o que a cana recentemente teve, com adoção da colheita mecanizada!!!
Se atentem os produtores, máquinas grandes, colheitas com solos úmidos, carretões nas lavouras, estão gerando um processo de compactação acelerado, nas quais RAÍZES provenientes destas rotações, não darão conta de resolver sozinhas... muitos produtores estão com solo compactado, e infelizmente depois de trabalhos belos de palha, terão que interromper este problema de maneira física, e tornar produzir palha e raizes!! caixa de armazenamento de água cai pela metade nestas situações, chegamos em momentos críticos com pouca eficiência no armazenamento de umidade, devido pouca capacidade de infiltração e alto escorrimento superficial, atrofiamento de raízes, imaginem esta combinação corriqueira e adicione possíveis danos de nematóides e fungos de solo(aumentando ano após ano)??
Olha a combinação perfeita para plantas suscetíveis a seca. Haaaa e se tiver alumínio e pouco CA e Mg em profundidade??? Isto está se tornando muito comum, produtores buscam aumentar áreas, ao invés de produzir mais aonde estão...
esta combinação no sistema produtivo, mais a ganância de plantar mais, está sendo o trampolim para buraco perfeito...
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Rodrigo Polo Pires
Balneário Camboriú - SC
Exatamente, esse é o ponto Sr. Elcio e Sr. Alvaro, o plantio direto também tem seus problemas, e não custa lembrar a fala do professor e pesquisador Elmar Floss em sua recente entrevista ao Noticias Agricolas em que ele destaca, além da seca, a perda de produtividade pela ação de patógenos devido às condições climáticas que não foram diferentes em certas regiões do MT, onde choveu outubro e novembro quase que direto, sempre com altissima umidade do ar... Quanto ao trabalho apresentado pelo Sr. Casio, e sou grato pela consideração, digo que não é um trabalho cientifico, nem sequer apresentando uma exatidão metodológica. Já li e reli diversos trabalhos da Embrapa e em nenhum li com conclusão o aumento de produtividade da soja por aplicação de gesso, e torno a repetir, sequer que gesso corrija o ph das camadas mais profundas do solo... Nesse trabalho, que é de um laboratório de análises de solo, também não está comprovada o aumento de produtividade pela adição de calcário e gesso em superficie. Aliás na soja não houve nenhuma diferença significativa na produção de soja, como em todos os outros trabalhos cientificos sobre o tema, ainda que essa produção após gesso tenha sido um pouco menor após adição de gesso e calcário superficial. O elemento que não lembrei no outro comentário aparece nesse trabalho, é o óxido de enxofre. SO 2 negativo. Não está correta a maneira de simbolizar, mas é uma limitação do meu computador. Sobre o efeito da rotação de culturas, ele é benéfico também no plantio convencional, ou seja, a rotação tem efeito por si só, independendo de outros fatores como mecanização ou sua ausencia no preparo do solo. Cito também a revista brasileira de ciencia do solo, que já li bastante, e que não sei se ainda existe, mas se existe é uma excelente revista, com artigos muito bons. Outro detalhe que lembro de memória, se não me falha, é que os cátions levados à camada abaixo de 20 cm pelo gesso não ficam disponiveis para a planta, isso li em trabalhos de pesquisadores da Embrapa, onde eles fizeram as medições desses elementos na planta de acordo com a metodologia recomendada pela pesquisa oficial. Então, como disse o Sr. Elcio, não adianta ter ph 6,5, em água, principalmente em solos arenosos se nesse solo estiver presente grande quantidade de nematóides do cisto. O nematóide vai comer toda a soja, e grades além de incorporar o calcário, matam nematóides, na verdade a exposição ao sol é que mata, mas quem faz o serviço é a grade. Voltando ao trabalho do link, mesmo no milho, não há uma conclusão de que houve aumento significativo da produtividade, segundo um dos métodos utilizados para verificação de aumentos ou diminuições significativas cientificamente comprovadas. E não estou dizendo que o plantio direto não funciona, ele é esplendido após crotalária spectabilis ou nabo forrageiro, desde que bem implementado. Já a palha umida de brachiárias pode apresentar problemas no plantio, então eu entendo quando voce diz que é preciso observar os detalhes técnicos. O ponto é que para corrigir camadas profundas com calcário o melhor ainda é a boa e velha grade, puxada de preferencia por um 600 cv. Sr. Meloni, quero dizer que voce também está certo. Obrigado a todos, para mim foi produtiva a discussão, sempre gosto de pensar sobre esses temas, e mais ainda com companheiros tão bons como voces. Abraço.
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Paulo Roberto Rensi
Bandeirantes - PR
Sr. Álvaro, de Ponta Porã-MS. Li seu comentário e, gostaria de dar um pitaco na conversa. ... Segundo a pesquisa, uma terra ou solo, independe o "jeito" que o chamamos, tem ao longo do tempo, sofrido todo tipo de maus tratos.. ... Mas, vamos ao principal: O solo não é um depósito de nutrientes. ... O solo é um "meio" onde a vida dos microrganismos desse "meio" é que determina a sua estabilidade. ... ... Os "bichinhos" estão aí há bilhões de anos e, para que eles se instalem no solo, só é preciso deixar esse "meio" sob condições próprias para o desenvolvimento desses "bichinhos". ... ... ... Os solos tropicais são ricos em bactérias de vida livre, benéficas para a estabilidade dos solos. ... ... ... Solos grumosos são resistentes à erosão, compactação, baixa fertilidade ... ... ... E, quem produz os grumos? ... ... ... São os bichinhos. ... ... ... Vejo há muito tempo, técnicos falhar no benefício da palha. Mas, qual palha? Essa, proveniente da dessecação com herbicidas? Qual é o teor de hemicelulose, celulose e lignina nessa palha? Ela tem os mesmos valores biológicos de uma palha de uma planta que encerrou seu ciclo naturalmente? ... ... Veja que é essa palha dessecada que está sendo dada como alimento para os "bichinhos" do solo. Se o alimento não for bom, os animais ("bichinhos") não vão ser fortes o bastante, para desempenhar sua função. ... ... ... Esse velho matuto, após algumas estações climáticas vividas, tem um "jeito" meio embaçado de enxergar, acho que deve ser pelo fato da catarata adiantada... ... ... Mas, tente "enxergar" os "bichinhos" do solo... ... Num solo sem a ação da tecnologia, diz-se que se encontra 110 MILHÕES de microrganismos, na quantidade de uma colher de sopa, de terra. ... ... ...ESSE É O "EXÉRCITO" QUE FORTALECE A NOSSA TERRA !!!
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Paulo Roberto Rensi
Bandeirantes - PR
Sr. Carlo, o calcário depende da sua granulometria para que seu "resultado" seja obtido. Há um calcário chamado de calcinado, que tem seu resultado mais rápido. ... ... Enfim, dependendo de cada caso é que é usado o "caso". ... ... No caso normal, o calcário só vai começar a mostrar resultado depois de um ano da aplicação. Haja visto que se diz que a calagem deve ser realizada a cada quatro anos. ... ... Existem alguns fontes de fósforo, que estão na forma de fosfatos naturais, que são as rochas moídas. Alguns têm, dependendo o caso, apresentar resultados benéficos quanto ao pH e, ao mesmo tempo está melhorando o nível de fosforo do seu solo. ... ... Os solos do Brasil são todos pobres em fósforo. ... E na adubação com esses fosfatos naturais há uma liberação gradual desse nutriente, realizada pela ação dos microrganismos do solo, ou seja, esse fósforo não vai se tornar mineralizado e, consequentemente indisponível para as plantas.
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Cácio Ribeiro de Paula
Bela Vista de Goiás - GO
Muito bem lembrado, Sr. Rensi!!... Toda interferência humana, no caso) sobre qualquer processo biológico, provocará alterações (desequilíbrios, momentâneos pelo menos). E as cadeias e/ou ecossistemas, por "esforços internos" buscarão por novos "status de equilíbrio". Por isso, caro Rodrigo, nenhum sistema produtivo será perfeito, do ponto de vista da estabilidade biológica.
Não querendo, mas "fugindo do ponto central da nossa "discussão", iniciada pelo Sr. RODRIGO, quer queira, quer não, o PD é, sobretudo em regiões tropicais, a "SALVAÇÃO DA LAVOURA, literalmente!!
Aproveitando o ensejo, algumas questões para nossa reflexão:
1) Alguém conceberia produção agrícola em sistema CONVENCIONAL, SUSTENTÁVEL, em solos com declividades superiores a 10%?
2) E em solos com níveis de argila abaixo de 15%?
3) Quais seriam o risco agronômico, os custos econômico e ambiental e a sustentabilidade disso a médio e longo prazos?
4) Em quanto contribuiria a exploração agrícola, em moldes diferentes do PD, com o sequestro de CARBONO atmosférico?
Saudações e Feliz Natal a todos!!
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carlo meloni
sao paulo - SP
Eu fiquei entusiasmado com essa troca de informaçoes tecnicas que releio tentando me aprofundar---Tenho limitaçoes pois sou projetista de maquinas eletricas e curioso em agronomia---No comentario do sr Alvaro nao vi nenhuma mençao a duas coisas que no meu entender compactam muito o solo----Sao elas a carreta de distribuiçao de calcareo normalmente de pneus estreitos que repassa varias vezes nos mesmos caminhos para alcançar toda a area,,,e temos o pulverizador com tanque pesado e pneus estreitos passando normalmente sobre terreno molhado---A compactaçao trabalha contra a absorçao da chuva e o meu desejo seria encontrar um metodo de avaliar a ABSORÇAO----No Brasil encontramos areas planas na parte central, mas a partir da costa maritima ate' 800 km do interior o perfil e' ondulado--Portanto nessas areas onduladas alem da compactaçao mecanica temos os declives que dificultam a absorçao da chuva---Eu gostaria de encontrar um metodo de avaliar a absorçao utilizando higrometro e pluviometro---Porque nao adianta toda essa tecnica de elementos quimicos, se tivermos falta de absorçao por causa de declive---Enfim eu acho que esse e' um assunto a ser analisado e considerado tambem---Com relaçao as rochas basalticas moidas so' encontrei preços absurdos----Dinheiro sempre vai na frente da tecnica--Enfim agradeço a todos os excelentes comentarios--
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Cácio Ribeiro de Paula
Bela Vista de Goiás - GO
Pessoal que planta soja, vou falar um pouco sobre esse debate sobre fertilidade do solo. Um produtor comentou que utilizou 23 ton há de calcário em "manchas" da área, terra de primeiro ano e que a soja está um espetáculo. É preciso no entanto, considerar o aspecto economico financeiro da lavoura. Incorporar calcário a uma profundidade de 20 cm não é operação barata e nem fácil. Na verdade ele não diz que incorporou, nem que granulometria tem esse calcário utilizado por ele. O que deve ser levado sempre em consideração é que a análise de solo é que vai fornecer os elementos e as propriedades dos diferentes tipos de solo para a recomendação propriamente dita. O nivel, ou melhor, a quantidade de elementos é uma só, porém as combinações possiveis com as diferentes formulações de adubos são muitas. Mesmo diferentes tipos de calcário podem ser combinados para atingir um nivel determinado pretendido pelo produtor, que deve sempre buscar o máximo com o minimo. Vejo muitos técnicos e produtores buscando 6,5 de ph no solo, elevando os niveis de Ca e Mg a padrões determinados que segundo cálculos garantem altas produtividades. Mas isso não é absolutamente verdadeiro, não dá prá fazer um cálculo deterministico em questões de lavoura. Uma lavoura com ph 5.5 adubação de 200 kg de 00-20-10 com micro, mais 100 kg de potássio em cobertura pode atingir uma produtividade de 65 sacas por há e ser altamente lucrativa. Claro que estou falando sobre aquilo que afirmei anteriormente, pode-se atingir o máximo com o minimo. O problema é que a maioria não conhece sequer a lei do minimo, que dirá a lei dos rendimentos decrescentes. Basicamente é o seguinte, um único elemento abaixo do minimo, dos 16 essenciais, é fator limitante de produtividade, assim como um único elemento acima do máximo também é fator limitante de produtividade. Sobre o calcário, ele não tem efeito se não for incorporado, grades tem efeitos benéficos pois elimina corós, fungos que ficam sobre a palhada, nematóides, além de, se o produtor tiver os equipamentos adequados, levar o calcário em terras de areia a uma boa profundidade, que não é atingida de jeito nenhum com aplicação superficial. Então quero reforçar aqui que na entrevista feita ao Aleksander, o entrevistado está certo, embora não tenha conseguido se expressar de maneira adequada. Isso é perfeitamente possivel, alguém entender sobre determinado assunto sem no entanto ser capaz de expressar seus pensamentos de acordo. Falando sobre termos práticos, tem uma área de 25 há que foi preparada para colher 100 sc há de média, começando encher grão, depois de mais de 15 dias de sol não vai mais. Então não adianta querer inventar coisa, áreas argilosas da mais alta qualidade na região sul do MT com mais de 20 dias de estiagem, para quem olha dentro do ar condicionado estão normais, mas entrem nela as 3 da tarde prá ver se o baixeiro não está indo para as cucuias. E mais, com a estiagem, já pode ser chamada assim, podemos olhar o carrapatinho hoje, e daqui a uma semana ele vai estar do mesmo jeito. A planta "para". E já que estou falando nisso, a adubação de correção deve ser feita quando o adubo estiver "barato". Corrigir o solo é sim uma operação complexa.