Fala Produtor - Mensagem

  • Frederico Ozanan Machado Durães 01/02/2019 17:49

    A riqueza das nações é invisível a olhos nus e o desenvolvimento econômico tem duas malhas produtivas - complexa e não complexa.

    Os clássicos do desenvolvimento econômico argumentam que a industrialização sempre foi um caminho para se desenvolver e aumentar a produtividade de um país, região ou território.

    Uma questão central está no fato de que manufaturas são complexas e commodities são não complexas.

    Guardadas as devidas proporções, os dados históricos dos ciclos econômicos com produtos do setor primário - extração do pau brasil, monocultura da cana-de-açúcar, garimpo do ouro, algodão, pecuária, café, borracha - que são passado, e, mais recentemente soja/milho e minérios precisam ser revistos, criteriosa e criticamente, do ponto de vista de uma "curva de aprendizagem" para o Brasil.

    Nos tempos contemporâneos, a economia mundial e brasileira tiveram dinâmicas diferentes. Compreender a evolução e a natureza do PIB Brasil, Coreia do Sul e China nestes últimos 40 anos, por exemplo, precisa demonstrar, com base na teoria das vantagens comparativas, novas formas de formular e implementar estratégia de ação para o Brasil, nos campos da ciência, da inovação, do empreendedorismo e desenvolvimento produtivo.

    Nos tempos correntes, eu venderia soja e milho, mas como bem sabe o professor Marcos Fava Neves - que não venderia soja e milho, esta é uma agenda de risco, de agregação de valor com alto potencial de sofrer externalidades, e que pouco, muito pouco contribui para uma agenda brasileira de independência tecnológica e comercial.

    Um alerta e um fato agravante deste cenário é que em 2022 (logo depois de amanhã) o Brasil completará 200 anos de independência política, e o que teremos realmente para comemorar de independência tecnológica? Resultados da Embraer (aeronáutica), da Embrapa e rede SNPA (agricultura tropical baseada em ciência, dados e evidências), e de alguns outros poucos nichos de prosperidade?

    A quem interessa a agropecuária brasileira? Se desenvolvimento econômico é complexidade, manufaturas são complexas e commodities não são complexas e a agropecuária é atividade econômica de baixa intensidade de P&D, o rico Brasil é pobre e a nossa vantagem comparativa é "capinar a roça", ou melhor, em tempos modernos citadinos (mais de 85% da população brasileira vive nas cidades) é "lavar louças"?

    Eu venderia soja e milho..., mas o negócio agrícola brasileiro apresenta fragilidades de alto risco e influi na agenda de desenvolvimento brasileiro.

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