Fala Produtor - Mensagem

  • VINICIUS CAETANO MARTIN Curitiba - PR 12/09/2019 16:13

    Felizmente ja vemos um movimento de grandes proprietários de terras em direção à diminuição e até eliminação desta dependência de herbicidas como única maneira para controle de plantas . Negar um problema não ajuda a resolve-lo, temos sim que constantemente buscar novas tecnologias para oferecer aos consumidores alimentos com qualidade de fato. Eu cito o trabalho da Fazenda da Toca que apresenta um avanço e pioneirismo que ja mereceu vários prêmios internacionais.

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    • Luiz Alfredo Viganó Marmeleiro - PR

      O que você sugere Vinicius no lugar do glifosato? A princípio uma molécula usada há mais de 40 anos em todo o mundo e que tem milhares de trabalhos que corroboram sua segurança, e poucos que "provam" efeitos deletérios ao ser humano ou aos animais; além disso é barato e fabricado em dezenas de países por multiplas empresas, sem custo de royalties, sendo acessível a todos os agricultores; é hidrossolúvel e de manejo simplificado, tendo como maior problema seu pH baixo o que a torna corrosivo, tanto que quem tenta se suicidar tomando glifosato sobre danos graves no esôfago, pela ação de contato e não pela toxicidade per si; Em contato com o solo é rapidamente degradado em compostos inativos, o que torna quase impossível a lixiviação e contaminação do lençol freático. Sem o glifosato as alternativas são ou produtos mais caros e mais tóxicos ou o antigo "cultivo mínimo" com uso de grades, tudo isso vai contra a uma agricultura sustentável e viável economicamente, sem falar nas misturas de produtos que se fazia na época do soja convencional, o que vai elevar o consumo de agroquímicos e mais uma vez acender a luz amarela na mídia. Ai dá-lhe reportagem no Fantastico demonizando os "campeões mundiais" no uso de defensivos! http://portal.anvisa.gov.br/documents/111215/117833/Nota+t%C3%A9cnica+23+de+2018+-+Glifosato/faac89d6-d8b6-4d8c-8460-90889819aaf7

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    • VINICIUS CAETANO MARTIN Curitiba - PR

      Que bom o seu questionamento...eu coloco algumas posições um pouco polêmicas ( ou muito conforme a pessoa) para buscar justamente estes questionamentos. A menos que eu esteja enganado...ou tenha sido enganado...quando fiz agronomia existem outras técnicas que podem substituir o glifosato ou outro qualquer herbicida, mas que foram esquecidas pelo agricultor. Vou contar uma história do que aconteceu no curso de agronomia quando eu estava fazendo o curso. Não vou citar nomes para preservar as pessoas mas foi assim: Na minha turma de 60 e tantos alunos, tinhamos eu e outro colega apenas que estavamos fazendo o curso para trabalhar com agricultura orgânica ou não convencional, os outros tantos se interessavam pela agricultura convencional mesmo. Então tínhamos aula inclusive de Agricultura Geral e uso de agrotoxicos onde estudavamos as culturas e os manejos...todos com a complementação do uso de agrotóxicos...normalmente. Nosso professor era defensor ferrenho do uso dos agrotóxicos e muito sutilmente nos alfinetava, mas com todo respeito para que eu e este colega colocássemos a nossa posição em relação ao manejo alternativo que faríamos...o que ele contrapunha sabiamente mostrando as vantagens de se fazer o controle quimico, e ficava em nós sempre aquele sentimento de que nosso manejo não poderia ser aplicado em grandes extensões de terra.

      Então, na última aula pratica de campo daquele ano, ele nos levou em uma grande área com aveia preta plantada e ainda verde e como prova final do semestre pediu para que todos fizessem, oralmente, a melhor recomendação para manejo daquela aveia para a cultura seguinte. O meu colega que pensava como eu, me questionou Vina (meu apelido) e agora...prova final da disciplina de agrotóxicos...eu acho que a aveia é uma cultura que tem um ciclo de inverno e o ciclo acaba e ela morre sozinha,,,mas se eu disser isso ele vai ferrar com a gente. Eu respondi: Eu sei disso...mas quer saber? Ele perguntou o melhor manejo...a gente ja tem nota pra passar mesmo...vamos falar que não precisa aplicar nada. E foi o que fizemos. O meu nome começa com V e o do meu colega com R ...ficamos para o final...todos os nossos colegas sem exceção, responderam receitando manejo com herbicida e somente nós não....o que provocou até algumas risadas. Ali tive a melhor aula de minha vida. Este professor diante da turma, falou que o melhor manejo naquela situação era não usar herbicida. E que levássemos aquilo para nossa vida....

      Vejo que as justificativas para o uso se resumem a aplicar produtos ainda piores?, então estou fazendo o certo aplicando um mais bonzinho...mas será que as alternativa são só estas? Se você está me pedindo para eu sugerir um "produto comercial" para evitar o uso do glifosato, eu não vou ter o que te oferecer... manejar passa por conhecer muito bem a propriedade, intercalar cultivos de adubação que façam cobertura de solo, muitas vezes diminuindo a pressão de três safras por ano...mudar de cultura e sair do triunvirato milho trigo soja, diminuir espaçamento, caprichar na semeadura melhorando o stand, subsolar e até fazendo uma catação manual quando a infestação é pouca. A reação em cadeia de beneficios quando se para de usar agrotóxicos, por outro lado...ja esta sendo comprovada por quem faz. Em muitos casos, até que se aprenda a conhecer sua area...e a melhor maneira de se fazer o manejo...vai se levando com o que se tem....mas é um vício...quando se faz uma produção usando menos e até eliminando completamente o uso de qualquer agroquimico, da uma alegria muito grande ver aquele caminhão saindo abarrotado e eu ainda com um bom dinheiro no bolso sem nem ter recebido ainda pela carga.

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    • Gilberto Rossetto Brianorte - MT

      Vinicius ... se boa parte dos produtores aceitassem tuas ideias, com certeza iria ocorrer o seguinte: preço do soja e trigo R$-500,00 a saca, milho R$ 300,00 e boa parte da população viraria um "risco/sisco" de tão magras pela falta de alimentação. É esse o preço que o mundo terá que pagar? Acho que não devemos brincar com o que está dando certo. Quando eu nasci um velho tinha 50 anos, hoje o idoso tem 80 anos, ... será que os quimicos fizeram tão mal ao homem?

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    • Getulio Coutinho

      O problema doutor Vinícius é dinheiro.

      Sou pequeno produtor e engenheiro químico. Estudei à noite na USP, trabalhava de dia - para esclarecer alguns leitores. O problema é dinheiro. Se a soja for a 300, milho a 100. Vão é ficar contente. A questão é que para produzir tanto, destroem outros tantos. O desinformado não sabe que o GLF é proibido em parte da Europa ? E produzir para matar a fome ? Não, para vender. O importante é o que sobra, não o valor bruto. E falar em produzir alimentos e Riqueza para o Brasil é balela. Riqueza para meia dúzia.

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    • VINICIUS CAETANO MARTIN Curitiba - PR

      Getúlio, eu classifico que hoje temos dois caminhos claros a seguir: ou nos esforçamos para, de fato, mudar a forma de produzir na pratica, mesmo fazendo pequenos pilotos dentro de nossa propriedade para aprender como nos relacionar com o nosso ambiente, ou seguimos como engrenagens da agricultura convencional e nos acomodamos para ver no que vai dar... Para um pequeno agricultor, fazer isso é mais facil porque ele conhece e participa mais dos processos produtivos..., o desafio é fazer isso acontecer na grande propriedade que vai continuar existindo, ... então que pelo menos se tenha uma alternativa, pois o que temos que oferecer são alternativas.... Eu estou fazendo um esforço para não entrar nos méritos ideologicos, monetários, politicos e até religiosos desta questão, porque neste momento vejo que a população clama por alimentos com menos ou nenhum agrotóxicos e o meio ambiente está sendo predado de forma muito irresponsável.... Sempre acreditei que dá pra ser produtor de forma mais racional e hoje vejo muitas iniciativas que mostram isso como a agricultura sintropica, a agricultura biointensiva, a agrofloresta, os sistemas diversos de integração... então, para aquelas pessoas que ainda tem como objetivo ser agricultor mais inteligente, esse é o meu recado.. Se conseguir que esta semente caia em solo bom, vamos diminuir o tempo que temos para nos adequar, e então as coisas poderão melhorar.

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    • Orlando Jung Anapolis - GO

      VINICIUS, ja que a população clama por alimentos com menos ou nenhum agrotoxico, vejo uma oportunidade de ouro para os produtores que quiserem seguir esta alternativa menos "toxica", dando mais uma alternativa para o consumidor, que paga o bônus por um alimento ecologico...

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    • VINICIUS CAETANO MARTIN Curitiba - PR

      Orlando, a oportunidade é muito boa...eu estou tentando passar aos que me leem que, o simples ato de se mudar de opinião e passar a realizar ações de agricultura sintropica na propriedade já da um status de comprometimento com o meio ambiente...e isso muda muita coisa...e com a adoção destas praticas de agrofloresta um leque de possibilidades de ganho se apresentam...é interessante como isso funciona.

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