Prezado amigo João Batista, parabéns por trazer à luz do debate racional um tema tão importante ao agronegócio café como a questão do "Drawback". Parabéns, ainda, ao Dr. Nathan, pelo belíssimo trabalho de representação que desenvolve junto à ABIC na defesa de seus interesses.
Apenas uma ressalva, João: devemos tomar muito cuidado com argumentações construídas sobre premissas falsas e que não permitem sua generealização. Digo isso pois a questão do Drawback no Brasil nada tem a ver com qualidade...
O argumento de que pequenos e médios torrefadores sofrem por não poderem ter acesso a cafés de outras origens não explica o problema. Primeiro, porque se trata de uma fatia muito pequena num nicho restrito de mercado. Segundo, porque para esses, poderíamos recomendar empregar os serviços dos profissionais realmente habilitados para a degustação de cafés especiais, que chamam-se Q-graders e esses poderiam identificar e informar melhor a seus clientes os atributos de origens brasileiras que se equiparam aos melhores cafés do mundo.
A questão toda tem, na verdade, um foco mercadológico de redução de preços de blends para tentar equilibrar uma situação de altas cargas tributárias, dificuldade de acesso a crédito, legislação trabalhista abusiva e dificuldades de agregação de valor ao produto final em função da concentração das grandes redes de supermercados.
Sendo assim, o foco principal da questão é o de permitir ou não a importação de cafés de qualidade e sustentabilidade duvidosos, principalmente do Vietnã, que não comungam das mesmas condições de câmbio, impostos e legislações ambientais e trabalhistas às quais o cafeicultor brasileiro está submetido, com o intuito de fornecer matéria-prima barata à indústria, principalmente na entresafra brasileira, período que nossos cafeicultores aguardam todos os anos para tentarem vender fora da "barrigada de safra".
Ou seja, meu amigo, a questão não se trata em buscar os cafés frutados da África, os suaves Centrais e Colombianos ou os terrosos da Indonésia para blendar, mas pura e simplesmente a compra de cafés robusta de preços baixos para tentar burlar nosso caótico ambiente empresarial, penalizando para tanto as milhares de famílias brasileiras que continuam a sobreviver da atividade.
É isso aí, João, vamos em frente mas com olhos e ouvidos bem abertos...
Luiz Roberto S. Rodrigues
Engenheiro Agronomo - Produtor Rural
Presidente Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná
Prezado amigo João Batista, parabéns por trazer à luz do debate racional um tema tão importante ao agronegócio café como a questão do "Drawback". Parabéns, ainda, ao Dr. Nathan, pelo belíssimo trabalho de representação que desenvolve junto à ABIC na defesa de seus interesses.
Apenas uma ressalva, João: devemos tomar muito cuidado com argumentações construídas sobre premissas falsas e que não permitem sua generealização. Digo isso pois a questão do Drawback no Brasil nada tem a ver com qualidade...
O argumento de que pequenos e médios torrefadores sofrem por não poderem ter acesso a cafés de outras origens não explica o problema. Primeiro, porque se trata de uma fatia muito pequena num nicho restrito de mercado. Segundo, porque para esses, poderíamos recomendar empregar os serviços dos profissionais realmente habilitados para a degustação de cafés especiais, que chamam-se Q-graders e esses poderiam identificar e informar melhor a seus clientes os atributos de origens brasileiras que se equiparam aos melhores cafés do mundo.
A questão toda tem, na verdade, um foco mercadológico de redução de preços de blends para tentar equilibrar uma situação de altas cargas tributárias, dificuldade de acesso a crédito, legislação trabalhista abusiva e dificuldades de agregação de valor ao produto final em função da concentração das grandes redes de supermercados.
Sendo assim, o foco principal da questão é o de permitir ou não a importação de cafés de qualidade e sustentabilidade duvidosos, principalmente do Vietnã, que não comungam das mesmas condições de câmbio, impostos e legislações ambientais e trabalhistas às quais o cafeicultor brasileiro está submetido, com o intuito de fornecer matéria-prima barata à indústria, principalmente na entresafra brasileira, período que nossos cafeicultores aguardam todos os anos para tentarem vender fora da "barrigada de safra".
Ou seja, meu amigo, a questão não se trata em buscar os cafés frutados da África, os suaves Centrais e Colombianos ou os terrosos da Indonésia para blendar, mas pura e simplesmente a compra de cafés robusta de preços baixos para tentar burlar nosso caótico ambiente empresarial, penalizando para tanto as milhares de famílias brasileiras que continuam a sobreviver da atividade.
É isso aí, João, vamos em frente mas com olhos e ouvidos bem abertos...
Luiz Roberto S. Rodrigues
Engenheiro Agronomo - Produtor Rural
Presidente Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná
Q-grader certificado pelo CQI