Fala Produtor - Mensagem

  • Waldir Sversutti Maringá - PR 16/05/2008 00:00

    Lula, Faraó do Mundo? Moro em Maringá, mas não conheço ainda meu colega internauta desta cidade, Sr Alberto Eduardo Rings. Quero falar sobre o comentário que fez sobre os 7 anos de vacas magras e os 7 anos de vacas gordas, sob o titulo FARAÓ DO MUNDO.

    Começo perguntando ao Sr Alberto se ele acha que nosso Faraó Lula se preocupa ou se preocupou alguma vez com a renda do produtor rural e com a formação e composição dos estoques reguladores da Conab ?

    Sr Alberto, no meu entendimento, a crise que sempre existiu foi a do confisco da renda do campo, por manobras escusas de gente engravatada das cidades; nunca houve uma crise séria de falta de alimentos aqui no Brasil; as secas seguidas no RS e Oeste do Paraná já são corriqueiras e não provocam falta de alimentos no Brasil. As ultimas safras tem sido cada vez mais crescentes, felizmente. A discussão histérica da mídia internacional nos dias de hoje, repercutindo tb em nossa imprensa, falam de uma forma que só falta crucificar o produtor rural brasileiro, sobre desmatamentos e biocombustiveis.

    Lembro de uma edição do Globo Rural na seção de piadas, na década de 80 ou 90, em que foi publicada uma charge de como se fixar o homem no campo: na foto aparecia ele todo esfarrapado pregado em uma porteira da fazenda... Hoje quem está dentro quer sair, quem está fora quer entrar.

    O descaso com a renda negativa do produtor rural provocada com as armadilhas dos planos econômicos, juros excessivos incompatíveis com os riscos e a renda da atividade, falta de seguro e principalmente a política cambial dos governos FHC e Lula, foram tantas, que eles (nós) acumularam dívidas enormes, cheias de ilícitos, como foi a do malfadado Plano Collor, e demorarão muito tempo para saldá-las. Suplicam e dependem de prorrogações constantes para se manterem na atividade. Não podem ficar um ano sem plantar, tem índices mínimos de produtividade e função social para cumprir. Se vacilar o MST, a VIA CAMPESINA e agora a louca de Rondônia... pega ! E como pega ! Tem que plantar na marra, coagido e confiscado, cujo fato já daria para classificar como regime de trabalho escravo. Claro, há as exceções dos barões da soja que conseguem recursos do exterior a baixíssimos custos.

    O mercado também tratou de manter os preços deprimidos o quanto pôde, muitas vezes abaixo até do custo de produção, como foi o caso do arroz nos 3 últimos anos, diante do dólar depreciado e ridículo que permitiu as importações em plenas safras, deprimindo e inviabilizando a produção. E mais recentemente a senhora dona Conab achou por bem desclassificar a variedade Cirad, altamente produtiva e produzida naquele ano no Centro-Oeste, Norte e Nordeste, como arroz longo, e deixou na saudade centenas de produtores dessa variedade, e o que foi mais grave, ela fez isso só depois da colheita. Chegou-se ao absurdo desse precioso grão ser utilizado na produção de ração no norte do MT e do Brasil, pois seu preço em casca chegou a menos R$ 0,20 o kilo.

    Abusaram o quanto quiseram e puderam da paciência do produtor. Quem foi ??? Ora, a falta de cumprimento da política agrícola, que é boa, prevê uma garantia de renda compatível com outras atividades e está amparada até mesmo na Constituição, mas não a praticam, deixando faltar EGF ou AGF.

    Outro mau exemplo foi com o trigo, com a manutenção da política de in/segurança alimentar com a importação contumaz, fácil e barata desse produto nas últimas duas décadas, desestimulando a produção interna e deixando para o exterior o emprego, a renda e os impostos. O Brasil foi pego no contrapé para tomar uma lição, despertar e aprender, se... quiser.

    Então Sr. Alberto, a burro-cracia das autoridades monetárias que sempre dificultaram e relegaram a formação de estoques reguladores, o que deveria ser uma política de segurança alimentar da população brasileira, deixam-na no segundo plano, pela falta de recursos disponíveis na hora certa e nos lugares certos, como se isso fosse um favor ao produtor, na verdade sempre desdenharam da formação do estoque regulador de alimentos, deixando os produtores entregues à própria sorte carregando ele os estoques, com isso aviltando os preços.

    Lula, de forma louvável, vem demonstrando que se preocupa com a fome dos seus governados, mas ainda está preso ao esquema do pessoal do mercado financeiro e eles não deixariam o presidente fazer estoque nenhum aqui no Brasil, do tipo que o FARAÓ fez para o mundo. Alegam falta de dinheiro até pata fazer o mirrado estoque para segurança interna. Só se o exterior, com a montanha de dólares que tem, bancasse a estocagem ! Aqui reservam o dinheiro para outras "coisas mais importantes”.

    Na verdade não há falta de alimentos, nunca houve, muito menos nos dias de hoje, a colheita do Brasil esta aí bombando os 140 milhões de toneladas. O que falta mesmo é dinheiro na mão dos pobres, daqui e dos países carentes de recursos, como na África, que preferem guerras tribais intermináveis. Se agora sobra dinheiro na mão de milhões de consumidores do Brasil e da Ásia para “ comer mais “ como disse o presidente, então sim, o Brasil pode em alguns anos, como já vem fazendo, de forma gradual e segura, aumentar mais a produção de alimentos para o mundo, sem abdicar do maravilhoso sucesso que vem obtendo na produção de etanol e acelerar ainda mais a produção de biodiesel para mistura, a despeito da posição equivocada dos ambientalistas quanto aos biocombustíveis.

    Custos ... O problema está ... justamente aí, ... como diria o Juvenal Antena. Se o agricultor brasileiro cair nessa onda de produzir mais, aumentando sua área de produção A QUALQUER CUSTO, vai se ralar, vai dar com os burros n´água. Seria o caso de perguntar: Porque o petróleo sobe sem parar nos últimos tempos? Porque falta petróleo? Não; ele sobe de preço porque os poderosos sabem que se produzirem mais o preço do barril cai, formaram um verdadeiro cartel ! Esse mesmo principio, eu diria, acontecerá por aqui com os alimentos... se aumentarem a produção a qualquer custo, os preços desabarão !

    Em alguns comentários meus de 2007 reclamando dos preços baixos e da CRISE DE RENDA, eu já parodiava Chico Anízio: A nossa vingança sará maligna ! Esta sendo !

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