Fala Produtor - Mensagem
-
Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS 18/05/2015 16:28
-
Paulo Roberto Rensi
Bandeirantes - PR
Sr. Eduardo, se há utopias em ser autossuficiente em adubos nitrogenados, o que o Sr. acha em diminuir as perdas das quase 10 milhões de toneladas de Uréia consumidas no país todo ano.
È de conhecimento geral da nação que dos 100 pontos de Nitrogênio produzidos somente 14 pontos chegam ao prato do consumidor, a diferença é perdida nas operações. Onde há a maior perca é na aplicação do fertilizante, pelos processos de Urease e desnitrificação que são responsáveis pela perca de 46 pontos, ou seja, próximo de 50% das perdas.
O governo poderia implantar uma política de investimento, para que próximo das unidades misturadoras fosse instaladas fabricas para processar a Ureia importada, transformando-a em adubo de parede semipermeável, reduzindo substancialmente as perdas e consequentemente o consumo.
-
Eduardo Lima Porto
Porto Alegre - RS
Bom Dia Senhor Paulo, estou absolutamente de acordo com o Senhor no que se refere a necessidade de evitar as perdas por volatilização geradas a partir da aplicação da Uréia. Existem aditivos como NPBT que misturados a Uréia conseguem reduzir significativamente a perda e isso está fartamente comprovado na literatura agronômica internacional. Particularmente, não acredito em nada que dependa da decisão do Governo. As Políticas de Governo já buscam na essência facilitar a vida do próprio Governo e dos seus funcionários, raramente estão dedicadas a aumentar a eficiência dos processos e a gerar benefícios diretos para quem quer que seja. É o que eu dizia acima, Benefícios Especifícos e Custos Coletivos. Isso é típico de regimes socialistas míopes onde todos pagam a conta para o beneficio de poucos. Muitas vezes os Agricultores e suas representações de classe se perdem nesse aspecto fundamental. Lutamos pelo Respeito a Propriedade Privada (nosso Direito Sagrado) ao mesmo tempo que brigamos por Subsídios e Preços Mínimos para cobrir a ineficiência setorial. A Autosuficiência exigida mediante desembolso Governamental soa como Subsídio Direto e essa conta acaba sendo paga por todos, principalmente por aqueles que não se beneficiam diretamente da benesse. Hoje o frete granel de Cloreto de Potassio da Russia descarregado no Porto de Rio Grande não custa mais do que USD 35,00/ton. Quanto o Senhor imagina que custaria levar o mesmo produto para o Rio Grande do Sul? A diferença de frete seria por baixo umas 8-10 vezes maior porque não temos um bom sistema de cabotagem. Qual seria a solução do Governo? Inventariam uma tarifa anti-dumping para proteger a industria nacional, que a sua vez, perseguiria a paridade de preços internacionais sempre para não perder dinheiro. Os Otários defensores da Autosuficiencia pagariam mais caro e os que não tem absolutamente nada que ver bancariam indiretamente uma parte substancial da conta. É essa a minha visão sobre o assunto.
-
Paulo Roberto Rensi
Bandeirantes - PR
Eh! Acho que uma indústria de ética para políticos et caterva seria mais eficiente!!! BRAZIL, PAÍS AMORAL !!!
-
Guilherme Frederico Lamb
Assis - SP
se botar o estado para fazer politica sobre o processo de transporte e aplicação de fertilizantes nitrogenados ai que estamos completamente fodidos mesmo... precisamos é de menos estado... Menos Marx e mais Mises...
-
Guilherme Frederico Lamb
Assis - SP
o que o governo deveria fazer ;e reduzir a tributação nefasta sobre os fertilizantes e intereferir menos no mercado... aquele miserável Fundo da marinha mercante é um exemplo.
Devagar no Brasil estão sendo introduzidas tecnologias que reduzem as perdas dos fertilizants nitrogenados, o Yara Bela é um produto excelente nesse sentido...
Mas o problema é que agregar valor por aqui é complicado devido a tributação em cascata o custo fica muito alto.
vejam o caso da amonia anidra nos EUA, que custa entre 550 e 700 u$ a tonelada para o produtor por la e tem altissima eficiência, alem da concentração na casa dos 82% de N. Ainda a Dow Agro faz por la um aditivo chamado N serve que aumenta ainda mais a proteção dessa fonte de N, fazendo que ele fique disponivel por ate 9 meses com liberação controlada e sem perdas. Estive com um produtor de Illinois que usa ha anos essa tecnologia.
-
Paulo Roberto Rensi
Bandeirantes - PR
Tenho enorme respeito pelo agrônomo Xico Graziano e pela sua trajetória em prol da Agricultura Brasileira. Entretanto, respeitosamente, me permitirei estabelecer um contra-ponto que tem por objetivo apenas contribuir para o debate, sem qualquer menção de ordem pessoal ao articulista... A auto-suficiência brasileira em Fertilizantes Químicos é uma utopia e as tentativas diversas que se deram nesse sentido foram fracassadas pelas razões abaixo.
O Nitrogenio (N) fornecido principalmente pela uréia depende decisivamente de enormes disponibilidades de Gas Natural que deve ser fornecido em escala e custos competitivos com os maiores produtores mundiais de Petroleo. Na especificidade, encontram-se diferentes graus de pureza do Gas Natural e variadas formas de obtenção (direta e indireta), os quais contribuem para que determinadas fontes sejam mais caras do que outras. Recordo que em 2009, havia uma conversa política em torno da auto-suficiência na produção de Ureia. Nessa época, o Gas Natural era vendido por aqui ao redor de USD 10,00/MBtu enquanto na Russia o produto girava em torno de USD 2,00/MBtu. Países do Oriente Médio também possuíam valores muito baixos e em qualidade superior a nossa. Não bastasse, apesar do Governo em sua peculiar demagogia difundir o plano megalômano, na hora do vamos ver a Petrobras se negou a garantir o Gas Natural para uma iniciativa das Cooperativas do PR que buscava produzir ao redor de 1 milhão de ton/ano. Ainda que a Petrobras subsidiasse o preço de venda da Ureia ou distorcesse os seus custos de produção para viabilizar uma maior entrega, veríamos uma postura comercial parecida a das grandes Tradings, pois a empresa naturalmente buscaria balizar os valores com base nas médias praticadas no mercado internacional, bem como nas contas de chegada dos principais Portos ou Pólos de Consumo (Paridade).
Em se tratando dos Fosfatos, creio que essa fonte é a que temos em maior abundância no território. Desconheço as concentrações minerais comparadas com os principais fornecedores mundiais. A realidade é que a produção de Fósforo é altamente poluente, o que possivelmente deve estar pesando muito para que ocorram as liberações ambientais correspondentes. Há que se avaliar muito bem e sem qualquer ranço ideológico se Benefícios Específicos compensam Custos Difusos. Se a conta for negativa, não há qualquer problema em seguir importando.
Quanto ao Potássio, há poucos anos esse elemento foi o mais crítico para a Agricultura Mundial. No momento, existem alguns Projetos de grande porte em operação no Mundo, com destaque para a Alana Project na Etiópia, considerada umas das maiores jazidas e com menores custos de extração. Esse Projeto está sendo desenvolvido há anos, possui ações na Bolsa de Toronto e participações acionarias de players de peso, entre eles a Sinofert da China (maior compradora de Cloreto de Potassio do Mundo).
As jazidas presentes na Amazonia, com bem dito pelo Xico Graziano, encontram-se a mais de 600 metros de profundidade e estão em plena selva. Qualquer iniciativa dessa ordem, ainda que remotamente viável, enfrentaria enorme resistência ambiental. Novamente, os Benefícios seriam muito localizados diante dos Custos que seriam divididos com a Coletividade. Há que se ter em conta que o frete doméstico do Amazonas até o Paraná ou o Rio Grande do Sul seria algumas vezes maior do que o valor pago nos fretes de importação.
Portanto, a auto-suficiência tão propagada aos quatro ventos no Brasil é uma discussão que deve ser feita com critérios rigorosamente econômicos, pois os políticos não tem capacidade mental e conhecimento agricola para uma correta tomada de decisão nessa matéria.
Já pensaram se a Suiça decidisse que deveria ser "auto-suficiente" em Soja?