Fala Produtor - Mensagem

  • Marcelo Luiz Campina da Lagoa - PR 27/06/2015 18:07

    Lendo o jornal Folha de Londrina de 27/06/15, fiquei comovido com a preocupação do presidente da APASEM (Associação Paranaense de Produtores de Mudas e Sementes) para com a resistência da ferrugem da soja aos fungicidas.

    Pois bem, deixando as ironias de lado, a preocupação desta entidade é com a queda nos lucros, pois muitos produtores que plantam soja safrinha salvam uma parte para semente, prática amparada por lei.

    A proposta é limitar o plantio da soja no estado até o dia 31 de dezembro de cada ano. Um absurdo. Querem até dizer quando posso plantar na minha propriedade.

    O argumento usado é que os fungicidas estão perdendo o poder de controle para ferrugem da soja. Mas este site não está noticiando que os pesquisadores estão empolgados com os resultados positivos dos fungicidas protetores? Não entendo mais nada. Vão limitar também quantas aplicações podemos fazer em cada ciclo da soja? E no Mato Grosso, que em anos chuvosos chegam a fazer 06 aplicações numa safra?

    Aqui na região fizemos duas aplicações no verão e tres na safrinha. Colhemos até 60 secas por hectare de soja safrinha.Em duas safras usamos menos fungicidas que os companheiros do Mato Grosso usam em uma safra chuvosa. O que vão fazer com o Paraguai?? Vão proibir safrinha lá também?

    Se as não custassem um preço abusivo, os produtores não fariam a própria. O custo de sementes para plantar 01 hectare de soja fica em torno de R$1.050,00 ( R$6,00 por kilo e 175 kilos por hectare). Já a semente salva , custa R$175,00 por hectare. Lembro a lei permite ao agricultor salvar sua semente.

    O sonho dos sementeiros é obrigar os agricultores a comprar sementes todos os anos, como é feito com o milho hibrido. Dificilmente conseguirão isso pela mudança da lei (já houve tentativas), então seguem o caminho "sanitário".

    Podem até conseguir limitar o plantio de soja até 31/12, mas podem ter certeza que mesmo assim produziremos nossa semente. Eu mesmo irei reservar uma área de terras e fazer o plantio no dia 31 de dezembro de cada ano.

    Meu dever é tratar dos meus filhos e não ficar pagando preços extorsivos pela semente.

    Para finalizar, leiam abaixo o trecho de um trabalho publicado pela Embrapa sobre fungicidas em soja. Acho que é de 2012 ou 2013.

    "A utilização de misturas de triazóis e estrobilurinas é uma estratégia anti-resistência, devido ao diferente mecanismo de ação da estrobilurina que atua sobre indivíduos resistentes e sensíveis aos triazóis. Com a menor eficiência dos fungicidas do grupo dos triazóis é esperado um aumento de pressão de seleção para resistência aos fungicidas do grupo das estrobilurinas. Estudos mostram que, em teoria, a resistência completa de P. pachyrhizi à estrobilurina tem probabilidade quase nula de ocorrer. No entanto, o ideal é que esses fungicidas não sejam utilizados em aplicações isoladas e que se invista no desenvolvimento de produtos com diferentes modos de ação que possam ser rotacionados, de modo a compor uma estratégia anti-resistência, garantido maior segurança para o sistema de produção da soja".

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    • diego fernando spies Novo Sarandi - PR

      Sou eng Agronomo, filho de produtor rural, primeiro se o senhor está usando 175 kg de semente por há o senhor está uns 20 anos atrasado, segundo o preço que o senhor está falando e de semente de soja intacta no qual está embutido o royalty cobrado pela Monsanto, se o senhor fizer semente caseira irá pagar o royalty na moega ou pode pagar 150 reais por há que irá plantar com esta tecnologia, pode ainda plantar soja RR e não precisará pagar o royalty pra Monsanto, em nossa propriedade e nas outras que dou assistência não vejo nenhum produtor gastando mais de 60 kg de semente de soja por há, que no caso da semente rr custa em torno de 2,8 a 3,5 reais o quilo o mesmo preço da semente intacta, a diferença para os 6 reais é o royalty, agora o senhor já imaginou se todos os produtores começarem a salvar o grão caseiro é plantar isso quem irá investir em variedades novas? A quanto tempo a EMBRAPA não lançou uma variedade interessante?? Ou vc prefere plantar uma embrapa 48 em vez de plantar uma variedade intacta ou RR??? Mate a galinha dos ovos de ouro e em breve irá colher 100 Sc por alqueire quando o ano for bom, a respeito do PY já trabalhei lá por 6 anos, e a velocidade que os nematóides vêm invadindo os solos é assustadora, dfc e ferrugem os produtores nem utilizam mais mistura de triazol com estrubilurina por que não da mais de 7 dias de residual, e se nos últimos anos o senhor não gan dinheiro com soja me desculpa mas o senhor tem q arrendar as suas áreas para quem sabe trabalhar e pegar o dinheiro da renda e viajar pelo mundo.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Marcelo, a velocidade das mudanças estão bem mais rápidas com a aplicação das novas tecnologias. Veja a tecnologia da transgenia, em 2005 foi aprovada a Lei de Biossegurança, autorizando o plantio e a comercialização de Organismos Geneticamente Modificados (OGM). Após 10 anos as áreas cultivadas com OGMs, é de conhecimento de todos.

      Quanto à preocupação dos "sementeiros" em querer faturar sobre os produtores, acredito que daqui um tempo o OGM vai trazer um gene que o tornará infértil, ou seja, o salvamento de sementes será uma atividade ultrapassada, para os padrões tecnológicos é claro,

      É só esperar para ver !!!

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Diego, gostei da ideia: arrendar a área e viajar pelo mundo! Aos leitores do NA: ESTOU ARRENDANDO MINHA ÁREA!!!

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Quanto ao lançamento da "variedade interessante da EMBRAPA". Qual é o orçamento anual da EMBRAPA destinado as pesquisas? Não se esqueça que as primeiras "RR" "montaram" em todas as variedades da EMBRAPA, as empresas donas do gene resistência ao Roud up pegavam os cultivares da EMBRAPA e inseriam o gene transgênico, ou o senhor não tem esse conhecimento?

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    • diego fernando spies Novo Sarandi - PR

      Só usaram as variedades da embrapa para ter menos resistência na introdução de OGM no Brasil, e não pelo germoplasma interessante tanto é que em cerca de 3 anos após a liberação das RR muito pouco se plantou ainda de variedades nacionais. E quanto ao orçamento da embrapa acredito que nem seja esse o maior problema mas sim a ideologia dos melhoristas que são muito conservadores nas características das variedades, mesmo com orçamento pequeno poderiam lançar variedades melhores se entendessem melhor o mercado de sementes que vem pela frente, mas eles são funcionários públicos e não tem metas como tem funcionários de multinacionais.

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    • diego fernando spies Novo Sarandi - PR

      E com o agricultor fazendo semente caseira o senhor axa que as multinacionais irão disponibilizar o mesmo recurso que é disponibilizado hoje? Elas também irão tirar o pé das pesquisas, ai estacionaremos novamente nos níveis de produção, e repito que a semente não e cara o que se torna caro é o royalty da intacta, mas se tem a opção das rr para quem quiser economia.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Diego, noto que este assunto é a tua praia. Gostaria que o senhor discorresse sobre o que aconteceu com as sementes transgênicas na Argentina, haja vista que as empresas que detêm a tecnologia estão instaladas há mais tempo, pois foi de lá que as sementes chegaram no Estado do Rio Grande do Sul, contrabandeadas.

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    • diego fernando spies Novo Sarandi - PR

      Vieram para o Brasil onde a pirataria de sementes é menor ainda

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Desculpe-me, mas não fui bastante claro na pergunta. Como está o mercado de sementes transgênicas no país "hermano", as multinacionais estão com o "pe no acelerador"?

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      De pleno acordo com o colega Diego, me assustei também com a informação de 175 kg por ha de semente, isso é a recomendação agronômica do trigo praticamente. Na soja hoje com população recomendada entre 230 e 330 mil plantas por ha em media não passa de 60 kg por ha mesmo, na minha região respeitando a recomendação agronômica eu uso entre 40 e 48 kg por ha...

      Uma coisa que posso dizer por experiência própria, produzir semente de qualidade custa caro mesmo, primeiro pelo tratamento fitossanitário diferenciado, principalmente contra percevejos. Depos o trabalho de colheita e classificação, teste laboratorias, classificação, e armazenagem climatizada.

      Nunca mais faço semente "nas coxas", para depois ter 50 a 70% de germinação, com um vigor muito "vagabundo". O barato saiu caro.

      Hoje uma semente RR custa 2,50 R$ a vista, usando 50 kg por ha, 125,00 R$ por ha, isso com germinação acima de 95% e vigor tambem.

      A semente salva caseira, não vai ter a mesma qualidade, com certeza vai demandar mais kilos por ha para atingir a população desejada e mesmo assim a distribuição espacial das plantas vai deixar a desejar, pois não é possivel fazer a plantadeira saber e escolher as sementes boas e ruins na mistura para ditribuilas uniformemente. Com certeza prejuizo.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      Caro Sr. Paulo Rensi, o canal rural ha alguns anos apresentou uma serie potencias da soja, o quinto episodio falava sobre transgenia (eu gravei toda a serie). Esse episodia ilustra o que o amigo Diego citou, na Argentina os produtores quiseram dar uma de "espertos" e começaram salvar sementes nos anos 90, a pesquisa por novas variedades e melhoramento genético cessou, tiveram serios problemas de produtividade com isso. Produzir semente custa caro no Brasil como tudo custa caro, isso é um efeito e não a causa dos nossos problemas. As sementeiras também estão sujeitas ao custo Brasil. Estamos atacando o alvo errado...

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    • Marcelo Luiz Campina da Lagoa - PR

      Na região oeste do Paraná, plantamos soja bem cedo. O plantio começa em 05/09 , pois a maioria dos produtores quer fazer milho safrinha e precisa plantar cedo para escapar das geadas. Quem não quer plantar milho safrinha se obriga a plantar na mesma época, pois se ficar com a lavoura atrasada, todos os percevejos do estado vão para sua lavoura, sem falar na pressão de doenças, pois todos os seus vizinhos estão com a soja madura e a sua ainda está enchendo grãos.

      Como o plantio é feito bem cedo, para fazer a plantas crescerem mais, jogam 20 sementes por metro no espaçamento de 45cm. Com uma semente de peneira 6,5, gasta-se por baixo 3,5 sacas de 50 kilos por alqueire, que dá 175 kilos por alqueire ( e não por hectare como escrevi anteriormente- desculpe pelo erro) . Mas a conta é muito desfavorável para o agricultor mesmo assim. Salvando sua semente ele gastará R$175,00 por alqueire e comprando a semente ele gastará R$ 1050,00 por alqueire ( R$6,00 por kilo de semente de uma variedade bem produtiva - lançamento Intacta RR chega a custar R$8,50 o kilo).

      Quanto a qualidade, nenhuma semente colhida no verão se iguala em vigor e germinação a semente colhida na safrinha. Pode perguntar para qualquer agricultor no oeste do Paraná. De uns anos para cá, o plantio de sementes compradas virou um pesadelo. Muitos lotes não tem vigor e não nascem satisfatoriamente.Se não guardar na geladeira não germina mesmo. Quando chamamos o vendedor para olhar , começa a ladainha que todos conhecemos: choveu demais, choveu de menos, adubo foi colocado perto, qual herbicida usou, quando aplicou Ally no inverno, tratamento de sementes com problemas, etc, etc , etc.... Todos os agricultores já passaram por isso. A semente salva é nova, foi colhida com tempo frio e assim ficou até o plantio. O agricultor pode fazer testes de germinação e vigor em laboratórios especializados e saber o que tem nas mãos. Quando compramos sementes das empresas, eles liberam para retirada na véspera do plantio, e fica impossível fazer análise. Tem muito lote que dá boa germinação, mas o vigor é uma porcaria. Já aconteceu comigo várias vezes.

      A lei me permite salvar minha semente, e até que eu possa seguir a lei, continuarei a salvar sementes. Não precisa ser a última novidade em Intacta, que aliás se provou uma porcaria ,nem pensar em chover na colheita ou chover pesado logo após o plantio.A produtividade foi a mesma das variedades RR normais e a Helicoverpa é controlada pelos inimigos naturais. A lagarta que nos dá dor de cabeça é a spodoptera e a transgênia Intacta não funciona. Quero continuar a poder decidir o que plantar e quando plantar na minha propriedade , que é particular. Interessante como ninguém fala sobre vazio sanitário de milho. Eu que planto milho no verão sei o que é problema. Quando minha lavoura germina em final de agosto, tem vizinhos colhendo milho safrinha. Recebo toda leva de percevejos, lagartas e inóculos de doenças. Agora temos que fazer duas aplicações de fungicidas no milho também.

      Vou dar outro exemplo de como existe muita hipocrisia neste assunto. Por causa do plantio de milho safrinha, a população de percevejos tem alimento o ano todo. Quando plantamos soja, é comum termos lavouras com 30 percevejos por metro de batida. Isso mesmo, 30 percevejos. Somos obrigados a usar doses cavalares de neoticotinóides para controlar esta praga. Agricultores do Paraguai usam este produto com 80% de concentração de ingrediente ativo. Aqui já temos inseticidas de outro grupo químico com 97% de principio ativo. Depois ainda não sabem o que está acontecendo com as abelhas. A autoridade européia pensa em banir este principio ativo da agricultura.

      Se ficar provado que esta é a causa da morte das abelhas, também será proibido por aqui. E daí, como vamos controlar percevejo? Mas como a soja e o milho não precisam de abelhas para polinização, ninguém dá bola. Então deixem plantar milho o ano todo.

      Este tipo de hipocrisia que incomoda.

      Existem interesses milionários por trás da proibição da soja safrinha e podem ter certeza que não é por causa de eficiência de fungicidas.

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    • diego fernando spies Novo Sarandi - PR

      Bom dia Marcelo, Axo que o senhor não me entendeu, o que faz a semente custar 6 reais o quilo são os royaltys que giram em torno de 140 reais por há ou 7,5% da produção, portanto mesmo o senhor utilizando a semente caseira e pagando os royaltis pra Monsanto lhe custará mais de 500 reais por alqueire, no custo do seu grão caseiro que o senhor utilizará não está fazendo a conta de armazanagem, e padronização, e como bem disse o senhor você é livre para plantar inquérito quiser na sua propriedade, porém a lei de patentes está do lado da Monsanto e os rayaltis o senhor terá que pagar da mesma forma, ou vai enganar a Monsanto?? Pra não dizer outra coisa ou o senhor deixa alguém usar suas terras para produzir por um ano inteiro sem cobrar nada dela? À situação é a mesma!!! Mas cada um tem sua conciencia, se o senhor axa que é barato desenvolver uma nova tecnologia ogm saiba q a coodetec vem buscando a mais de 10 anos conseguir uma e ainda não teve êxito agora não e justo para quem consegue e disponibiliza para os agricultores ser enganado por eles e não receber.

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    • Marcelo Luiz Campina da Lagoa - PR

      Diego, não sou contra o pagamento de royalties. Como disse, quero poder seguir a lei e se a lei diz que devo pagar royaties, então vou pagar. Mas o custo de semente salva Intacta comparado ao custo da semente Intacta comprada é parecido se usar pouca semente por hectare. Um exemplo prático. Na safra passada, muitos agricultores plantaram uma variedade chamada 6563 e a empresa que a desenvolveu orientou a usar no máximo 12 plantas por metro no espaçamento de 45 cm. A semente custava R$7,50 por kilo. Mas quem seguiu a recomendação como eu, teve uma grande decepção. As plantas ficaram baixas e muitas morreram por causa de doenças de solo. Em geral as Intactas são muito sensíveis a Phytoftora.

      Quem "desobedeceu" a recomendação e plantou 18 a 20 sementes por metro colheu bem. Mas aí o custo se torna exorbitante. Repito o que disse anteriormente. As variedades Intacta não produzem mais do que as RR normais. Tanto é que a soja mais plantada na próxima safra por aqui será a Nidera 5909 RG.

      Não estou fazendo apologia a desobediência á lei. Se tem que pagar royaltie, que se pague. Se o produtor achar justo pagar R$5,00 por kilo de semente como taxa de uso de tecnologia, que pague. Cada um é dono do seu bolso. No meu entender, o melhor agricultor não é aquele que produz mais, mas aquele que tem a melhor lucratividade. Por décadas fomos ensinados que nosso vizinho é nosso competidor, adversário e que devemos usar de todos os meios para batê-lo em produtividade. Eu prefiro produzir um pouco menos e ver sobrar mais dinheiro no meu bolso.

      Não se engane. O que as empresas de semente querem é obrigar o agricultor a comprar seus produtos todas as safras. Se não conseguem pela mudança da lei de cultivares, vão tentar por meio da legislação fitosanitária.

      Infelizmente os órgãos de pesquisa oficial , que anos atrás tinham variedades de soja muito boas e dominavam o mercado , sumiram . Desconheço quem plante soja da Embrapa ou da Coodetec. Isto é péssimo. Estas instituições não visavam lucro e poderiam cobrar uma taxa de royaltie civilizada. Não tem que mostrar lucro para acionistas. O agricultor brasileiro e os cooperados (no caso da Coodetec) são os donos.

      Como em todos os segmentos, o agricultor está de saco cheio de ser aviltado nos preços cobrados por produtos e serviços. Veja o exemplo do milho. Uma saca de sementes custa R$450 a R$500,00 cada 20.000 sementes. O custo para plantar um hectare de milho safrinha fica em torno de 80-90 sacas por hectare no preço de R$19,00 por saca ( cotação atual). No final das contas, sobra o sonho de produzir 150 sacas por hectare no próximo ano para ver se sobra algo para tratar dos guris. Será que os órgãos de pesquisa não poderiam desenvolver milhos hibridos e variedade com boa produtividade? Tenho certeza que existe material humano competente para isso. Enquanto isso já existem agricultores no oeste do Paraná produzindo sua própria semente de milho hibrido e com produtividade ao redor de 100 sacas por hectare.

      Não adianta querer parar o instinto de sobrevivência do ser humano. É natural procurar meios mais baratos de produzir.Muitos gostam de dar o exemplo do que aconteceu na Argentina, onde dizem que as empresas de tecnologia deixaram de lançar novas variedades por que os produtores "teimavam" em salvar suas sementes. Os companheiros de lá fizeram o que deveriam ter feito para sobreviver. Tem que pagar um imposto de 40% sobre o valor da produção para o governo. Imagine se tivessem que pagar o tipo de taxa de royaltie que pagamos por aqui. Ou dá comida para os filhos ou dá lucro para vocês sabem quem.

      Graças a Deus vivemos numa democracia e temos lei. Respeito a opinião daqueles que defendem que os agricultores tenham que comprar sementes, mas também espero que aceitem meu direito de cumprir a lei.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      Sr. Marcelo, o que o Sr. Diego esta tentado dizer é que no caso da intacta o senhor esta fazendo a conta de custo errada. Veja bem, a semente certificada custa 1050,00 R$ por alqueire como o senhor disse e a semente salva custa 175,00 R$, porem o senhor tera que pagar royalties na entrega da safra sobre a semente salva, em torno de 500,00 R$ por alqueire, então vosso custo total de semente é de 675,00 R$. Na soja intacta certificada de 6,00 R$ por kg ja esta embutido o royaltie. Então na verdade a diferença de custo entre a semente salva e a certifida é de 1050,00 - 675,00 R$ = 375,00 R$ por alqueire paulista (2,42 ha).

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      Sr. Diego, ressaltando que o royaltie só remunera a tecnologia genetica de resistencia no cultivar, não remunera em nada o melhoramento/cruzamento genético que levou ate obtenção daquela cultivar. Isso tem que ser separado para ficar claro. O problema que o senhor esta demonstrando esta nesse fator principalmente, se o desenvolvimento/melhoramento de cultivares não for remunerado, em breve não teremos mais novas cultivares, não me refiro tecnologias de transgenia que geram resistência as plantas e sim as cultivares em si. A Argentina passou por isso já e tiveram sérios problemas.

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    • Marcelo Luiz Campina da Lagoa - PR

      Entendi perfeitamente as explicações dos outros comentaristas. Fica a critério de cada um decidir se vale a pena ou não salvar a semente. O ponto principal aqui é a manutenção ou não da minha possibilidade de salvar a semente e digo que querem cassar esta prerrogativa que hoje tenho. Isto por meio de mudanças na legislação fitossanitária . querem proibir a soja safrinha para nos obrigar a comprar a semente.

      Cada uma faça sua contas e veja se é melhor guardar ou compra a semente.

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    • Marcelo Luiz Campina da Lagoa - PR

      Ainda agora li a totalidade das respostas feitas ao meu comentário sobre a soja safrinha. Veja só, que me mandaram vender tudo ou arrendar tudo pois não sou suficientemente competente para plantar minha lavouras. Mas digo o seguinte: sou a quarta geração de agricultores de minha família, tenho 46 anos e sou engenheiro agronômo formado desde 1993. É fácil dizer asneiras escondido atrás de um computador. Se for ofender que o faça na presença do acusado. Quem quiser continuar a lamber o saco das multinacionais, que o faça, mas não tente ridicularizar ou menosprezar aqueles que tem neurônios suficientes para enxergar o plano dos detentores de patente. Podem ficar tranquilos que me viro bem com produtividade abaixo das suas, que querem chegar a 100 sacas por hectare de média. Já cheguei nesta média mas o custo foi exorbitante. Ainda pensam que conseguirão vencer esta batalha. Mais vale produzir 50 sacas por hectare e sobrar 20 do que produzir 100 e sobrar os mesmos 20.

      Quem é de outra região não conheceu a soja Coodetec 202. Até hoje foi a soja mais produtiva do oeste do Paraná. Mesmo sendo convencional. O único e grande problema era sua susceptibilidade a doenças de raiz, que causava uma grande perda de stand. A Embrapa 48 e a BR 16 também eram excelentes. Para os lambe sacos se situarem, naquela época produziam menos por hectare,mas sobrava mais dinheiro no bolso. Quem tinha 100 hectares conseguia sustentar uma família com conforto. E hoje ? Tem que passar o controle da propriedade aos integradores para receber uma merrecas para pagar a quitanda. Cada vez mais temos que ser mais produtivos, com riscos enormes inerentes ao nosso negócio e com rentabilidade menor.

      Não condeno ou ridicularizo que quer dar dinheiro para multinacional americana. Pode fazer, são livres para isso. Só não venha querer impor sua opinião aos outros. Posso fornecer telefone de alguns amigos produtores americanos e perguntem para eles o que acham desta idéia que defendem aqui de não salvar sementes, sobre a falácia que as melhorias varietais dependem de pagarmos preços ridículos por royalties.

      Tenho dito.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      "O que as empresas de semente querem é obrigar o agricultor a comprar seus produtos todas as safras. Se não conseguem pela mudança da lei de cultivares, vão tentar por meio da legislação fitosanitária. Infelizmente os órgãos de pesquisa oficial , que anos atrás tinham variedades de soja muito boas e dominavam o mercado , sumiram . Desconheço quem plante soja da Embrapa ou da Coodetec. Isto é péssimo. Estas instituições não visavam lucro e poderiam cobrar uma taxa de royaltie civilizada. Não tem que mostrar lucro para acionistas. O agricultor brasileiro e os cooperados (no caso da Coodetec) são os donos. Como em todos os segmentos, o agricultor está de saco cheio de ser aviltado nos preços cobrados por produtos e serviços."

      A resposta a isso é obvia, estatais/entes socialistas "são de todo mundo", e o que é todos acaba não sendo de ninguém, vira uma casa da mãe Joana, onde malandros se apinham para fins escusos... Por não darem lucro que não evoluíram e não são competitivos. Clamar por mais estatismo, é pedir mais do mesmo, vamos aumentar a dose para ver se resolve o problema... o tal discurso ufanista, o petróleo é nossa! Vamos estatizar as sementeiras e ai começar com "a soja é nossa".

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      O custo do produção não subiu em função dos roayties, subiu em função da carga tributaria, do custo Brasil, da burocracia, do estado inchado, da falta e eficiencia. Só olhar para o investimento e pesquisa e desenvolvimento no Brasil, é uma ninharia, ninguem vai investir em um país que não garante direito de propriedade, tanto fisica como intelectual.

      em 2001 o diesel custava em torno de 60 centavos o litros, semente de milho hibrido simples em torno de 4,85 r$/kg. A carga tributaria subiu muito de la para cá, o país e cada vez menos dinamico! Temos que atacar a causa do problema e não efeitos.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      senhor Marcelo, o senhor se sentiu ofendido? ninguém esta se escondendo atrás do computador, todos estão com nome e sobrenome, cidade e estado, o senhor pode marcar um encontro ou acionar a justiça caso acredite que tenha bases jurídicas para um processo de calunia/difamação. Existe também na lei a litigancia de má fé, que serve punir para quem abre processos infundados/falsos.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      Alguns esclarecimentos pertinentes, aqui ninguém é contra o direito de salvar semente, muito pelo contrario, sei que grande maioria dos participantes aqui é pró-liberdade. O que se deve ter é responsabilidade, para não se criar um grande problema fitossanitário, e isso me parece um fato lógico e possível, não uma teoria conspiratória dos "malvados capitalistas" para prejudicar o produtor rural Brasileiro. E necessária avaliação cientifica dos riscos envolvidos, estabelecer um vazio sanitário, dentre outros fatores. Resumindo, pode ter efeitos sérios em médio prazo. Pois isso pode afetar toda uma cadeia setorial, as pragas não vão parar na divisa do "responsável", vão se alastrar. Proibir jamais, mesmo que hoje eu não ache viável, quero ter essa chance se um dia for viável, mas são necessários critérios científicos sim, um zoneamento agronômico, parâmetros para manter segura a cadeia toda.

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      em resposta a ultima postagem do senhor Marcelo,

      O colega não quis ofender o senhor, apenas deu uma resposta objetiva e direta, a meu ver, em resposta as suas afirmações de acordo com a compreensão dele, e de muitos outros. Se um negocio não é lucrativo, não é viável, então a lógica manda se desfazer do negocio ou aluga-lo enquanto é tempo e procurar um alternativa viável, viver de renda, aplicar, ou o que for melhor para cada um. Como já disse acima, ninguém este escondido atrás de computador algum, as mensagens estão todos registradas, o todo autores estão ai com nome e sobrenome, locais onde vivem expostos. Não é muito difícil encontrar as pessoas dessa forma. Também não vejo as ditas asneiras que o senhor mencionou, tudo o que foi dito apenas responde questões expostas, de uma forma um pouco mais contundente talvez, porem não vejo enquadramento em crime de injuria ou calunia, apenas uma opinião expressa em resposta as vossas opiniões. O senhor pode imprimir toda conversa e leva-la ate um advogado, consulta-lo para ter um parecer jurídico, mas aqui nada se enquadra em crime, a constituição garante a liberdade de expressão, vedado aos casos de calunia e injuria ou difamação, assim se achar conveniente e fundamentado na lei, acionar juridicamente quem o senhor desejar. No caso o senhor esta sendo ofensivo ao acusar os outros de serem "lambe saco das multinacionais", alem de chamar de burros, o senhor nesse caso esta sendo deselegante quanto a quem diverge de vossa opinião, não houve menosprezo, apenas opiniões contrarias as vossas. O senhor tem provas de quem o senhor se refere que esse individuo é um "lambe saco de multinacional"?

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    • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

      Continuando, quanto a gestão e planejamento de vossa fazenda, é um algo que diz respeito unicamente ao senhor. Antigamente na época da Embrapa 48, CD202, CD 201, BR37 (também ia bem em algumas regiões), a realidade econômica no Brasil era outra, a carga tributaria sob o PIB era pelo menos 10 pontos percentuais mais baixa que hoje, a dinâmica do país era diferente. Os custos de tudo subiram, não só do agro, é generalizado e repassado a tudo, vide a desindustrialização. A culpa desse efeito nefasto de deterioração do poder aquisitivo é generalizada, e o culpado não é o "royaltie" cobrado de quem fornece um produto/serviço/tecnologia demandado pelo consumidor. Infelizmente a realidade é essa, e se não atacarmos a causa do problema o efeito não cessa e não é muito difícil de ver a causa no Brasil, carga tributaria de mais de 50% sobre a receita do cidadão e sem contrapartida alguma, uma lei trabalhista baseada na Itália de Mussolini, diversas políticas baseadas na União soviética que cada vez avançam mais, piorando e mais o quadro dentre outros fatores conhecidos como a péssima infraestrutura.

      Ninguém esta querendo impor nada a ninguém, muito menos proibir a semente salva, o que se esta sendo defendido é o direito de propriedade de todos, inclusive o intelectual, as patentes de quem faz os custosos trabalhos de Pesquisa e Desenvolvimento e também critérios técnicos agronômicos para que não aja um problema fitossanitário descontrolado no país, isso seria a pá de cal no agronegócio já tão debilitado. Também não queremos "dar?" dinheiro a empresa alguma, mas é justo para o sistema funcionar que se pague pelos produtos e serviços adquiridos, sejam eles quais forem, todos são livres e ninguém esta sendo obrigado a comprar nada, a não ser os serviços estatais, esses sim, impostos a nós, mesmo que não os usemos.

      também tenho vários amigos Americanos e conheço bem o meio oeste e o sul dos EUA, então sugiro que pergunte aos seus amigos nos EUA qual a carga tributaria deles, como é a garantia do direito de propriedade por lá, tanto física como intelectual, a infraestrutura o senhor deve conhecer, como é a lei trabalhista, como se da burocracia em relação a defensivos e o custo disso por lá.

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