Fala Produtor - Mensagem

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR 14/01/2016 06:14

    Senhores, falta-me coragem.

    Mais uma noite mal dormida, pois o mundo ao meu redor teima em mostrar-me que estou errado. Os ensinamentos que recebi dos meus pais se baseava no principio "Respeite para ser respeitado", ou seja, dessa simples frase dá para imaginar uma porção de comportamentos para se viver em sociedade.

    Não é o que esse mundinho tem me apresentado. As cidades mudaram de visual. Hoje se vê fortalezas urbanas, casas deixaram de existir, os prédios residenciais têm um esquema de segurança cada vez mais sofisticado. Nos prédios comerciais as portas de acesso têm interfone e são abertas por um sistema à distância. A frota de veículos blindados só cresce. Enfim somos uma sociedade medrosa.

    No inicio falei sobre o meu sentimento de falta de coragem, mas foi no sentido de gritar aos que ainda possam me ouvir, que não concordo com essas mudanças. Se isso for o progresso, prefiro viver o retrocesso, pois ali vamos ter a liberdade de nos sentirmos seguros, sem precisar de "acessórios" de segurança.

    Ah! Também com relação aos fatos que ocorrem na minha vida, na minha rua, no meu bairro, que me afetam diretamente e no meu dia a dia. Sei que cada um tem suas dificuldades, mas a política municipal é a que mais temos condições de opinar, mas aqui na minha cidade isso é quase impossível, pois vivemos sob um sistema fascista onde só a voz da "situação" (gestor municipal) tem acesso nos meios de comunicação. É o "sistema" que está difundido em todo o país, penso eu, copiado do governo central. O Poder Público coopta os meios de comunicação e torna-o um "parceiro" do "Poder".

    Sinto-me um "salmão". Aquele peixe que após o nascimento nada a favor das correntezas e passa toda sua vida num horizonte marítimo e, para voltar ao lugar onde nasceu para reproduzir. Vive as agruras do nado contra a correnteza, o ataque dos ursos nas quedas d?águas, enfim mil armadilhas para que seu objetivo primordial de vida não se concretize: A preservação da espécie.

    Estou próximo da nascente do córrego "Água do Caixão", não é brincadeira não, esse é o nome do córrego que forma a bacia hidrográfica das terras onde nasci, já há um bom tempo. Aqui houve também muitas mudanças, mas as psicológicas são as que mais marcam, pois os horizontes marítimos me mostraram outras realidades e, nessa água há muito "estreitamento", causando-me angústia.

    Quando nadei em águas oceânicas tinha um ideal: CONSTRUIR UM MUNDO MELHOR PARA A PRÓXIMA GERAÇÃO.

    Diante dessa realidade que me entristece, sinto-me frustrado.

    Sei que estou usando muitas metáforas, mas é o meu modo sincero de me expressar.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Sr. Rensi, são os tempos, ontem li que um banco da Escócia, banco royal não sei o que... recomendou que seus clientes vendam tudo que tiverem de ações, vendam tudo é a recomendação do banco. Isso que o você vê é o reflexo dos trilhões impressos pelos governos, que venderam a idéia de que é possivel passar bem sem fazer nada. Um grande escritor brasileiro, Gustavo Corção, escreveu um livro sobre isso, chamado "O século do nada". Eis um trecho: SÉCULO XX

      "O que sou eu principalmente? O habitante do século XX não sabe responder a essa pergunta, e conseqüentemente não sabe se deve andar ou parar, se deve sentar-se para estudar, se deve deitar-se e deixar a vida correr, se deve virar de cabeça para baixo como os palhaços, se deve cair de quatro como os imbecis, se deve erguer a cabeça, ou se deve dobrar o joelho. O mundo em que vivemos é a projeção de todas estas perplexidade dos "eus" que já não sabem o que são."

      (A Crise de autoridade e o Democratismo, Permanência, junho de 1969 )

      "Em nome de um otimismo confiante nos recursos humanos, na ida à Lua e nos transplantes de corações logo rejeitados, em nome de um novo humanismo que ousa dar o qualificativo de novo ao capricho inconstante dos homens, em nome do nada e da vaidade das vaidades, perseguição de vento, o caudal de erros se alargou neste estuário de disparates que inunda o mundo e produz na Igreja devastações incalculáveis. Que nome daremos ao mal deste século?

      "Este: DESESPERANÇA.

      "Ei-lo, o mal de nosso tormentoso e turbulento século que ousou horizontalizar as promessas de Deus transformadas em promessas humanas. Que ousou tentar a secularização do Reino de Deus que não é deste mundo. Ei-los os escavadores do nada a construir em baixo-relevo, en creux, a nova torre de Babel. Esperantes às avessas, eles querem fazer revoluções niilistas, querem voltar ao zero, querem destruir, querem contestar, rejeitar, querem niilizar. E se chamam "progressistas".

      "No século anterior as agressões e traições convergiram contra a Fé, como se viu na crise modernista que São Pio X represou. Tremo de pensar que o próximo século será o do desamor. Perguntando ao mar, às árvores, ao vento, o que querem esses homens que se agitam e meditam coisas vãs, parece-me ouvir uma resposta de pesadelo. Eles querem produzir uma sinarquia, uma espécie de unanimidade, uma espécie terrível de paz e bem-estar. Qual?

      "Querem chegar ao PECADO TERMINAL.

      (...)

      "Que fazer? Lutar. Combater. Clamar. Guerrear. Mas lutar sabendo que lutamos não somente contra a carne e o mundo, mas contra o principado das trevas. É preciso gritar por cima dos telhados que, se o cristianismo se diluir, se a Igreja tiver ainda menos visível o ouro de sua santa visibilidade, se seu brilho se empanar pela estupidez e pela perversidade de seus levitas, o mundo se tornará por um milênio espantosamente, inacreditavelmente, inimaginavelmente estúpido e cruel.

      "Roguemos pois a Deus, com todas as forças; desfaçamo-nos em lágrimas de rogo e gritemos a súplica que nos estala o coração: enviai-nos, Senhor, ainda neste século, um reforço de grandes santos, de grandes soldados que queiram dar a vida, no sangue ou na mortificação de cada dia, pela honra e glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Compadecei-vos, Senhor, de nossa extrema miséria, e sacudi os homens para que eles saibam quem é o Senhor!

      "É preciso lutar; e sobretudo não desanimar quando nos disserem que o inimigo cerca a Cidade de Deus com cavalos e carros de combate. Ouçamos Eliseu: "Não tenhais medo porque os que estão conosco são muito mais fortes do que os que estão contra nós". E elevando a voz Eliseu exclamou: "Senhor, abri-lhes os olhos para que eles vejam. E abrindo-lhes os olhos o Senhor, eles viram, em torno de Eliseu, a montanha coberta com cavalos de guerra e carros de fogo". (II Reis, VI,16)

      (O Século do Nada, Conclusão)

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