Fala Produtor - Mensagem

  • R L Guerrero Maringá - PR 02/03/2016 23:12

    Senhor Valdir Fries, desculpe, mas o senhor fala de uma realidade estranha à minha. Eu vivo na estrada entre minha lavoura e a cidade, observando atentamente as outras lavouras, e o que o senhor descreveu é bem diferente.... Onde trabalho, erosão é exceção e não regra. As estradas públicas, peço que o senhor me diga onde é que elas estão "integradas" com as lavouras. Aqui elas são a origem do fluxo erosivo, e frequentemente causam danos em nossas terras. Tive três terraços que transbordaram este ano graças a estrada pública e ao DER PR. Seus encarregados são tão negligentes na conservação dos recursos naturais que sempre, sem nenhuma cerimônia, abrem valas para jogar o fluxo a enxurrada das estradas diretamente dentro dos rios, arroios e até sobre nascentes. Soa absurdo, mas se quiserem em uma semana eu mando vinte fotos de valas abertas pelos departamentos de manutenção de estradas jogando enxurrada diretamente nos rios.

    Esta foto que o senhor postou comprova o que eu digo. A erosão ocorreu dentro da estrada, enquanto as lavouras em volta estão sem danos. E o senhor vem pôr a culpa em nós?

    Quanto à marca do rodado de um autopropelido, sim, pulverização é feita em linha reta. Chega a ser risível pedir para fazer pulverizações em nível, a menos que alguém pague o desperdício de defensivos. E existem situações geológicas onde o plantio em nível é utópico. Para estes casos, manter a capacidade de infiltração do solo e uma boa cobertura tem funcionado mesmo sob as maiores chuvas e altas declividades. Eu vi isso.

    Desculpe, mas não aproveitei nada de seu artigo. O senhor fala de um mundo estranho ao nosso.

    7
    • Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR

      Se a lei ambiental valesse para o poder público, tinha muito prefeito na cadeia. Na zona rural, o maior estrago é feito pelas estradas mal feitas. Mas não podemos ignorar o fato de que muitos agricultores não fazem a sua parte. Plantio em nível é o mais básico dos básico e tem gente que nem isso está fazendo. Tem um monte de exemplos por aqui. A retirada das bases larga pode sim ser amenizada pelo aumento da infiltração e cobertura verde. Agora pergunto, com o milho safrinha sendo colhido em agosto e a soja sendo plantada em setembro, como faz palhada pra segurar erosão? Palha de milho não segura nada. Pelo que ando lendo aqui e ali, é uma questão de tempo até a fiscalização ir a campo verificar se a lei de conservação de solos está sendo cumprida. Cada um é dono de sua terra. Faça o que achar melhor, e arque com as consequências de seus atos. Se um vizinho despeja um rio na sua propriedade, por ter tirado as curvas de nível e plantar morro abaixo, é só denunciar para o Banco central. Isso mesmo, pois quando fazemos custeio, assinamos uma declaração que temos conservação de solo. Se não for verdade, o financiamento terá que ser liquidado em 24 horas, com juros de mercado. Um gerente de banco me explicou isso. Resolve qualquer problema com vizinho, sem discussão. É só pedir pro agente financeiro avisar o cidadão que se ele não arrumar o problema, vai dar um problemão. quem não teve um problema com vizinho por causa de erosão despejada na sua propriedade? Uma tromba dágua é uma coisa. Outra coisa é despejar água de qualquer chuvinha.

      0
    • alexsandro peixoto leopoldino Canarana - MT

      Comentário de uma infelicidade total: um bom assunto, porém muito mal explorado... Poderia ter sido exposto de uma forma diferente.... Até, talvez, dizendo que os nossos métodos, ainda são insuficientes, para um ano catastrófico como esse. Mas essa forma de falar do assunto, me vez lembrar da tragédia da boate KISS. Onde somente os proprietários foram condenados pelo mundo todo, e que com o tempo, perceberam que há muito mais pessoas responsáveis envolvidas... Eu fico tentando me colocar na pele de um

      Produtor que tenha recebido 500 mm de chuvas em uma semana, sofre um solo já encharcado é que leu essa mensagem, depois de anos tentando conservar ao máximo seu solo.... Deve ter dado vontade de encontrar, com o DR em práticas conservacionistas, num canto próximo a uma muita de urtiga

      0
    • Valdir Edemar Fries Itambé - PR

      Caro amigo GUERREIRO, em nem um momento afirmo que erosão é regra, fiz uso de palavras afirmando sim que muitos produtores fazem uso de praticas que provocam os caminhos da erosão, e que de certa forma eles mesmo sofrem sim as consequências ao longo do tempo, e isto já se pode confirmar em inúmeros casos. NÃO TIRO SUAS RAZÕES em relação ao desleixo quanto a manutenção e conservação do sistema viário por parte dos municípios e do estado, até porque tudo o que foi feito no passado em relação a integração do sistema de conservação do solo com as estradas, grande parte esta hoje destruído, porém ainda em muitos municípios onde se tem cobrado dos administradores, podemos encontrar sim todo sistema integrado de cosnervação de solo e água de forma adequada e pode ser visto na própria região de Maringá.. NÃO TIRO SUAS RAZÕES em relação as águas dos leitos das estradas, até porque já escrevi a respeito ainda em 2014 (não me recordo se o site NOTICIAS AGRÍCOLAS chegou a repercutir na época), o assunto levantado pelo senhor é relevante sim, tanto é que escrevi a respeito e o Senhor pode confirmar lendo o artigo publicado no link que deixo disponível a seguir, se assim a equipe do NOTICIAS AGRÍCOLAS disponibilizar o acesso... Sendo assim, espero que o Senhor e os amigos possam acessar e melhor entender a questão em relação a realidade... ok. Segue link https://valdirfries.wordpress.com/2014/06/05/do-passado-ao-presente-a-recuperacao-e-conservacao-do-solo-e-das-aguas-deve-ser-prioridade/

      2
    • dejair minotti jaboticabal - SP

      Tem um ditado que diz"Na casa que falta pão,todos reclamam e ninguém tem razão", e o pão que falta nisto tudo,mais uma vez é a falta de integração.O programa de bacias hidrográficas é perfeito,só que fica no papel,como tudo neste país não tem gestão.Existem planos estratégicos perfeitos só que quem elabora não sabe como implanta-lo,quem que vai pegar o mapa da bacia hidrográfica e envolver todos os interessados,inclusive as prefeituras e estabelecer metas de implantação.O "empresário agrícola faz tudo certo na sua área e após algum tempo vai encontrar tudo no rio que compõe a bacia.Resolvam as enchentes em São Paulo e serão capazes de chegar a um denominador comum,caso oposto estaremos que nem os moradores em São Paulo,perdendo tudo e falando a mesma coisa.O ser humano é complexo a ponto de mantermos um governo que tem tudo a ver com este tema.Previsibilidade e planejamento senhores,caso contrario estaremos discutindo a mesma coisa mais a frente. Ufa!

      0
    • R L Guerrero Maringá - PR

      Senhor Valdir, reconheço que há produtores negligentes, mas é para estes que o assunto deve ser direcionado, não para todos os produtores. Alias, não fico triste se a fiscalização for atrás dos mesmos. Com solo não se brinca.

      Terraços, por exemplo, conheço somente três produtores que os tiraram, e um já reconstruiu eles de volta. Dizem que na natureza não há terraços, mas eu só vou abrir mão dos meus quando eu souber elevar a matéria orgânica do solo ao mesmo nível da mata vizinha da lavoura. Onde o clima frio diminui a degradação de matéria orgânica, a história é outra.

      Quanto a questão levantada pelo Sr. Nascimento, de fato precisamos pensar melhor como produzir matéria orgânica nessa sucessão de soja milho. Se tudo der certo, vou tentar sobressemeadura aérea de Panicum maximum quando o milho estiver próximo de fechar a linha. Mas eu só posso fazer isso por que não financiei a lavoura.

      Não há nenhuma política por parte de quem planeja os financiamentos de custeio para estimular a recuperação da matéria orgânica do solo, pelo contrário, consorciar milho com braquiária, por exemplo, é contra as normas. Poderiam haver financiamentos estimulando o uso de culturas de cobertura em esquema de rotação, pacotes que financiassem a sucessão de culturas de cobertura junto as principais, pacotes prevendo um esquema de rotação de culturas e várias outras medidas de estimulo. Hoje quem quer fazer o plantio de uma lavoura de cobertura, faz por iniciativa e custas próprias, o que nem sempre é prioridade na sobrevivência financeira de uma propriedade.

      Se eu quiser escolher um híbrido de milho a partir da quantidade de matéria orgânica que ele deixa, este dado não existe, enquanto a pesquisa insiste em lançar variedades de trigo que só tem cacho e nada de talo e que não deixam quase cobertura no solo.

      Virtualmente todas as culturas de cobertura disponíveis foram desenvolvidas para alta palatabilidade animal e baixa lignina, quando o que precisamos para agregar biomassa ao solo é exatamente o inverso. Nós temos sido obrigados a usar pastagens para produzir matéria orgânica por absoluta falta de interesse da pesquisa em focar no assunto e desenvolver variedades de baixo valor forrageiro e alta capacidade de cobertura, que é o que, diferente da pecuária, nós precisamos na agricultura.

      Na minha opinião, depois da primeira onda de conservação de solos que implantou os terraços e o plantio direto décadas atrás, é hora de retomarmos o enfoque no assunto, mas considerando que a realidade e as questões são outras. Aquelas ficaram no passado e novas surgiram, sendo talvez a principal a recuperação e manutenção dos níveis de matéria orgânica.

      1