Fala Produtor - Mensagem
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Roberto da Costa Pereira Brasília - DF 31/03/2016 09:10
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Rodrigo Polo Pires
Balneário Camboriú - SC
Sr. Roberto, fiquei pensando sobre quais "desequilibrios" está falando? Estou no RGS, em Santo Augusto, tenho vários parentes que plantam aqui, com custos minimo de 25 sacas e colheitas de até 80 sc/ha. Hoje mesmo um produtor fechou um talhão com 76 de média. Não esqueça que no capitalismo é assim, com o tempo os custos diminuem, ou seja, a tecnologia torna-se mais barata e acessível dando lugar a outra melhor e obviamente mais cara. É isso que o Brasil precisa aprender, os EUA e a Europa não são ricos por que plantam, são ricos por que possuem muita tecnologia.
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Paulo Roberto Rensi
Bandeirantes - PR
Sr. Roberto, os vegetais, algas e certas bactérias captam a energia solar e a utilizam para a produção de elementos essenciais, no caso carboidratos que são altamente energéticos.
Como é de conhecimento de todos, os trópicos são as regiões do planeta que incide a maior quantidade de luz, obviamente a produtividade dos vegetais ali cultivados devem ser superiores as de outras regiões. Quanto as mudanças de métodos de cultivos, novas cultivares, enfim todo o processo, teve que ser adaptado ao novo ambiente de produção.
Quanto ao domínio da tecnologia, acredito ser primordial, mas esse objetivo não será fácil atingir, pois os interesses dos grupos dominantes são de tal ordem, superiores a insolação dos trópicos.
Sinceramente, minha debilitada visão não consegue enxergar mudanças no médio e longo prazo. O domínio deverá continuar, devemos na medida do possível: PERGUNTAR POR QUE O USO DE TAL TECNOLOGIA !!!
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Rodrigo Polo Pires
Balneário Camboriú - SC
Como agricultor vejo com muita apreensão o rumo que as coisas estão tomando no campo dos defensivos agricolas e tecnologia transgenica, e gostaria de compartilhar esta preocupação com vocês.
Todos sabem que hoje somos os maiores usuários destes produtos no mundo, mas poucos sabem o porquê...
O Brasil é o único Pais tropical do mundo com agricultura expressiva cuja tecnologia de ponta disponível foi desenvolvida para países temperados. Para atingirmos os níveis atuais de produção foi necessário adaptação de equipamentos, métodos de trabalho e manejo de solos, bem como materiais genéticos apropriados e com potencial produtivo. Usou-se também a nosso favor a possibilidade de se praticar agricultura durante todo o ano. Na ultima década consolidou-se a pratica de semeio de leguminosas (soja principalmente) no verão e gramíneas (milho principalmente) no verão/outono (a chamada safrinha). O uso de irrigação permite ainda outra safra ( a de inverno) .Tudo isso propiciou o salto de 100 milhoes de toneladas para os atuais 200 milhoes com enorme impacto sobre nossa economia. O outro lado da moeda e que as pragas e doenças proliferam continuamente migrando de uma lavoura para outra. Nos países temperados o frio quebra o ciclo daquelas pragas e doenças, saneando o ambiente para a próxima semeadura. A consequência perversa para a agricultura tropical intensiva e a necessidade de uso cada vez maior de defensivos em pragas e doenças que, pela exposição continua, criam resistência rapidamente. O quadro e ainda agravado pelas características das industrias de química fina que atuam no setor: são as mesmas que produzem medicamentos para uso humano e animal (Bayer, Pfizer, Down, etc) e seus métodos e estratégias são as mesmas: vender convivência com a doença (ou praga), mas jamais a cura. Cada nova tecnologia, substituindo a anterior, já inócua, vem sempre com custo superior e protegida pelas patentes. E uma indústria perversa, que jamais produzira tecnologias limpas (como manejo biológico, de difícil controle). Essas mesmas industrias (Monsanto principalmente) criaram novas fontes de renda sobre as dificuldades crescentes de controle químico. Estao dominando a tecnologia mundial de sementes e introduzindo as chamadas transgênicas. As poucas experiências neste sentido já revelaram os enormes desequilíbrios que podem causar . Pior a emenda que o soneto, para todos nos, mas não para as industrias. Seus lucros são estratosféricos e sua ganancia esta em vias de escravizar os agricultores brasileiros. Custos com tecnologia transgenica e defensivos já atingem mais de um terco do faturamento global da agricultura e cresce todos os anos: querem escravizar a agricultura ao mesmo tempo que nos envenenam. A questão é muito seria e muito pouco discutida .