Fala Produtor - Mensagem

  • Fernando Engler Palotina - PR 28/02/2017 21:54

    Pois é Sr. Carlos, é uma soma de objetivos e que culminam com o produtor pagando o pato... Sobre essa questão dos fungicidas a Sociedade Rural de Palotina e o Sindicato Rural de Palotina também enviaram ofícios para o governador do Estado, secretário da agricultura e deputados estaduais:

    "REQUEREM que o Governador do Estado do Paraná interceda na Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Estado do Paraná para SUSPENDER a portaria ADAPAR nº 91 de 21 de maio de 2015, que dispõe sobre agrotóxicos e afins, e cujo resultado impede a comercialização de diversos defensivos agrícolas disponíveis aos produtores brasileiros no Estado do Paraná, dentre os quais diversos produtos fungicidas fundamentais para o controle de doenças da soja.

    Nossos argumentos pela suspensão da portaria são:

    1) Compete ao Ministério da Agricultura liberar ou proibir os agrotóxicos devido à sua eficiência, ao Ministério de Meio Ambiente liberar ou proibir os agrotóxicos devido ao seu impacto ambiental e ao Ministério da Saúde liberar ou proibir os agrotóxicos devido a sua segurança para a saúde humana e animal: a. Às Secretarias de Agricultura Estaduais compete cadastrar os agrotóxicos conforme o que foi registrado a nível nacional e fiscalizar o uso correto dentro do Estado; b. O Cadastro Estadual de Agrotóxicos não tem poder de reavaliar os agrotóxicos, serve exclusivamente para descrever o uso autorizado pelos órgãos federais competentes, impedindo alguns Estados de proibirem determinado produtos que possam ser utilizados em outros Estados, ferindo o princípio de \"federação\" de nosso País garantidos em nossa Constituição Federal; c. O papel institucional das Secretarias de Agricultura Estaduais é fomentar e incentivar as atividades produtivas e não criar barreiras ao desenvolvimento do setor produtivo; d. Por que só o Estado do Paraná tem essa política de reavaliar os agrotóxicos liberados no Brasil? Certamente essa política não é para ajudar os produtores rurais;

    2) No caso de surgir algum problema de eficiência ou segurança envolvendo agrotóxicos, é dever das Secretarias de Agricultura Estaduais: a. Informar o órgão federal competente para que providências sejam tomadas em todo o território nacional; b. Alertar os produtores e técnicos envolvidos nas áreas afins; c. Recolher provas dos problemas encontrados para subsidiar os produtores rurais que foram prejudicados e queiram processar os fabricantes; 3) Baseado no artigo 3º, § 1º desta portaria, somente um trabalho da EMBRAPA sobre a eficiência de fungicidas para controle de ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) pode servir de desculpa para a ADAPAR proibir várias dezenas de produtos fungicidas utilizados na cultura da soja no Paraná: a. O trabalho em questão é apresentado na forma de médias nacionais e que não se aplicam necessariamente ao nosso Estado, pois são realizados, propositadamente, em áreas e épocas de alta pressão do patógeno, o que não ocorre na maior parte das áreas de soja do Paraná; b. Apesar de apresentarem redução de controle nas condições de alta incidência da doença, nas condições normais, de baixa pressão do patógeno, estes produtos são eficientes, o que representa a maior parte das áreas cultivadas com a soja no Estado do Paraná; c. Vários produtos listados são fundamentais ao controle de outras doenças que ocorrem na soja, e pode ocorrer proibição destes produtos por inadequações burocráticas nos rótulos, o que acarretaria em perdas consideráveis aos produtores paranaenses; d. A ADAPAR alega que o aparecimento de resistência do fungo a vários fungicidas nos últimos anos se deve ao uso de poucas moléculas para o seu controle, mas se o governo do Estado reduzir ainda mais a oferta destes produtos aptos ao controle da doença teremos aumento da pressão de seleção de genótipos resistentes e, consequentemente, maiores riscos a esta atividade fundamental à nossa economia; e. Os produtos fungicidas listados como pouco eficientes contra a ferrugem asiática e passíveis de proibição são compostos, na sua totalidade, de moléculas de domínio público, o que gera interesse das multinacionais do setor em sua interdição para poderem elevar os preços dos produtos mais modernos, que detêm patentes e rendem \"royalties\", diminuindo a concorrência e elevando-se em muito o custo aos produtores do Paraná; f. Compete a um engenheiro agrônomo recomendar ou não o uso destes agrotóxicos que não vem apresentando a eficiência mínima de 80% em condições de alta pressão do patógeno, sendo este o profissional habilitado para decidir se o uso do produto é limitado ou não nas diferentes condições climáticas que ocorrerão nas lavouras de soja do Paraná, em cada região e a cada safra; g. Seguindo as regras criadas pela portaria nº 91/2015, a ADAPAR deveria proibir os fungicidas modernos do grupo das carboxamidas, pois é sabido que as duas moléculas deste grupo de fungicidas autorizadas até o momento apresentam problemas que podem comprometer o seu funcionamento em um futuro próximo no controle da ferrugem asiática, um risco inadmissível: i. O produto ORKESTRA SC (fluxapiroxade + piraclostrobina) é sabidamente ineficiente em 80% para a ferrugem asiática em situações de alta incidência da doença, tanto que o próprio fabricante já registrou um produto alternativo (ATIVUM EC) que contempla a presença de um terceiro ingrediente ativo (epoxiconazole) para melhorar a eficiência no controle da doença; ii. Importante frisar que o ingrediente ativo \"epoxiconazole\" está na lista dos ativos que devem ser proibidos pela ADAPAR, pois alega-se que ele não é eficiente para o controle da ferrugem asiática; iii. O produto ELATUS (benzovindiflupir + azoxistrobina) não atende às recomendações do FRAC (Fungicide Resistance Action Committee), que recomenda que no caso de misturas, como este produto, os dois ingredientes ativos devem possuir mecanismos de ação diferentes, e o fazem, e apresentar eficiência isolada superior a 80%, e neste caso a estrobilurina da fórmula (azoxistrobina) não vem apresentando este percentual exigido, por sinal está muito abaixo disso, próximo de 20% em trabalhos análogos aos utilizados pela ADAPAR para a questão, o que coloca o produto em risco máximo para surgimento de resistência à carboxamida da fórmula, considerando que esta atua praticamente de forma isolada sobre a ferrugem asiática; h. Seguindo as regras criadas pela portaria nº 91/2015, a ADAPAR deveria proibir também os fungicidas multissítio recomendados para controle de ferrugem asiática, como por exemplo o Mancozebe, uma vez que estes produtos apresentam eficiência inferior aos 80% quando utilizados isoladamente: i. Estes produtos só funcionam em mistura de tanque com produtos eficientes contra a ferrugem, funcionando de forma complementar para evitar a seleção dos genótipos resistentes; ii. Indiferente a esse efeito complementar, interessantíssimo e fundamental, gerado pelos fungicidas multissíto, as regras da portaria nº 91/2015 da ADAPAR dizem que eles devem ser eficientes sozinhos, e não o fazem; iii. A mistura de tanque é proibida pela legislação atual; 4) Esta portaria da ADAPAR cria regras que permite a si mesmo proibir ou restringir o produto que lhe convier, gerando risco de parcialidade da instituição: a. É preciso impedir esse abuso de poder do Estado sobre o cidadão; b. Permite que poucas pessoas decidam quando as regras valem ou não; c. Possibilita a proibição de produtos estratégicos, aumentando exorbitantemente o lucro de outros; d. Só seremos um País genuinamente democrático quando as regras forem iguais para tudo e para todos; Reconhecemos a importância e a necessidade das fiscalizações da Secretaria Estadual de Agricultura e do Abastecimento através da ADAPAR para a segurança e para a qualidade da atividade rural, seus produtos e sub-produtos, porém os excessos e os abuso são prejudiciais às cadeias produtivas. Já dizia Ronald Regan, \"quanto maior o Estado, menor a liberdade\". Esperamos que o governo estadual fique ao lado dos produtores rurais e não contra eles, evitando a criação de barreiras impeditivas ao desenvolvimento das cadeias produtivas do Estado neste momento tão delicado.\"

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      PARABÉNS !!! ... Nos seus comentários nota-se que além de falar com propriedade, você tem uma ampla visão dos problemas criados por decisões atravessadas, que impactam diretamente no produtor.

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