Dólar avança 2,17% ante o real com aversão a risco e expectativa por alta de juros nos EUA

Publicado em 09/09/2016 18:15
Por Claudia Violante, da Reuters

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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu mais de 2 por cento ante o real nesta sexta-feira, em meio à aversão a risco no exterior e indicações de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, pode elevar em breve a taxa de juros do país.

O dólar avançou 2,17 por cento, a 3,2800 reais na venda, a maior alta desde 3 de maio (+2,33 por cento). Na semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 0,82 por cento.

O dólar futuro subia cerca de 2,15 por cento no fim desta tarde.

O dia começou com nervosismo no exterior depois que a Coreia do Norte realizou seu quinto e maior teste nuclear, afirmando ter dominado a habilidade de montar uma ogiva em um míssil balístico.

A alta do dólar frente ao real se firmou após o presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, declarar que o banco central norte-americano enfrenta cada vez mais riscos se esperar muito tempo para elevar a taxa de juros.

"A declaração de Rosengren mostra que há margem para um aumento da taxa de juros norte-americana, percepção que havia perdido força depois do resultado do payroll de agosto", explicou o diretor da corretora de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, referindo-se ao relatório de emprego dos EUA.

Na sexta-feira passada, o Departamento de Trabalho dos EUA divulgou que o crescimento do emprego nos EUA desacelerou mais que o esperado em agosto, o que poderia fazer o Fed desconsiderar aumento da taxa de juros.

As declarações na véspera do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, de que não foi discutida no encontro de política monetária uma prorrogação do programa de estímulo da instituição também foram citadas como um fator de pressão para o dólar nesta sexta-feira.

"O BCE não mudou sua política monetária, tampouco o programa de estímulos, e desagradou", avaliou o economista da gestora de recursos Yield Capital Hersz Ferman.

Nesta manhã, o BC vendeu novamente a oferta total de até 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares.

Wall St cai com preocupações sobre Coreia do Norte e perspectiva sobre juros nos EUA

(Reuters) - Os principais índices acionários dos Estados Unidos caíram nesta sexta-feira, com o S&P 500 registrando seu pior dia desde junho, com o nervosismo de investidores aumentando após um teste nuclear da Coreia do Norte e comentários de autoridades do Federal Reserve elevando as apostas em uma alta dos juros.

O S&P 500 caiu 2,45 por cento, para 2.127 pontos, a maior queda diária desde 24 de junho, após a votação britânica por deixar a União Europeia (UE). O índice Dow Jones perdeu 2,13 por cento, para 18.085 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuou 2,54 por cento, para 5.125 pontos.

A queda generalizada no mercado acionário também aconteceu na esteira da alta nos rendimentos dos Treasuries. Os rendimentos dos títulos de longo prazo atingiram máximas em mais de dois meses, após indicações de que o Japão estaria considerando reduzir os rendimentos de títulos de curto a médio prazo, enquanto aumentaria os retornos de títulos de longo prazo.

Na semana, o mercado acionário também recuou, com o Dow Jones caindo 2,2 por cento, sua maior queda semanal desde a primeira semana do ano. O S&P 500 caiu 2,4 por cento, mesma baixa verificada no Nasdaq.

A Coreia do Norte conduziu seu quinto e maior teste nuclear nesta sexta-feira e disse que havia dominado a habilidade de montar uma ogiva em um míssil, atraindo condenações dos Estados Unidos, assim como da China, principal aliada de Pyongyang.

A pressão sobre o mercado acionário aumentou também depois que o presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, uma autoridade historicamente "dovish", dizer que o banco central do país enfrentava riscos cada vez maiores se aguardasse muito mais para aumentar os juros.

Bovespa tem maior queda diária desde fevereiro por preocupações com EUA, China e Coreia do Norte


Por Aluísio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa teve nesta sexta-feira a maior queda em sete meses, diante do aumento das expectativas de alta em breve dos juros nos Estados Unidos, da desaceleração econômica na China, além da tensão provocada por novo teste nuclear da Coreia do Norte.

O Ibovespa caiu 3,71 por cento, aos 57.999 pontos. Foi a maior queda diária percentual desde o recuo de 4,86 por cento em 2 de fevereiro. O giro financeiro da sessão somou 8,2 bilhões de reais.

Na semana, o Ibovespa recuou 2,71 por cento, maior queda semanal desde meados de maio.

O mercado foi guiado principalmente pela declaração do presidente do Federal Reserve de Boston, Eric Rosengren, de que o banco central norte-americano enfrenta cada vez mais riscos se esperar muito tempo para elevar a taxa de juros.

A afirmação de uma autoridade considerada pelo mercado como "dovish" foi a senha para investidores aumentarem as apostas de que uma alta dos juros nos EUA está próxima. A consequência disso seria a migração de recursos aplicados em ativos de maior risco, como commodities e ações, para títulos do Tesouro do país.

As bolsas de valores globais e as cotações de commodities, como o petróleo, que já operavam no vermelho devido a notícias de China e Coreia do Norte, intensificaram as perdas.

De um lado, a China informou que sua inflação ao consumidor em agosto desacelerou para o menor ritmo em quase um ano, ampliando evidências de que a economia está se estabilizando.

De outro, a Coreia do Norte fez um teste nuclear com uma explosão mais poderosa que a bomba detonada em Hiroshima, o que levantou preocupações geopolíticas no mundo todo.

Em Nova York, o índice S&P 500 caiu 2,45 por cento.

DESTAQUES

- CEMIG teve o pior desempenho do Ibovespa, com recuou de 7,4 por cento. A estatal mineira de energia elétrica informou na véspera que o BTG Pactual vai exercer uma opção de venda das ações da Parati, sociedade por meio da qual as empresas detém fatia na distribuidora de energia Light.

- BANCO DO BRASIL perdeu 5,35 por cento. Com créditos de 2,9 bilhões de reais, o banco é um dos maiores credores da Usiminas, que anunciou pela manhã a aprovação dos termos finais de uma renegociação de dívidas com credores do Brasil e do Japão. As ações preferenciais da USIMINAS recuaram 4,7 por cento, em dia negativo do setor de metais.

- BRADESCO fechou com as ações preferenciais em queda de 5,53 por cento, enquanto as preferenciais do ITAÚ UNIBANCO recuaram 3,79 por cento.

- FIBRIA subiu 2,9 por cento, enquanto SUZANO ganhou 0,9 por cento, nas duas únicas altas do Ibovespa, com as empresas de celulose capitalizando expectativas de maiores receitas com exportações, diante da alta do dólar.

- OI , que não faz parte do Ibovespa, disparou 6,9 por cento. Mais cedo, a Reuters publicou que investidores que querem fazer oferta para assumir a operadora de telecomunicações em recuperação judicial podem conquistar credores descontentes com uma oferta mais atraente para o pagamento da dívida do que a apresentada pela Oi no início da semana.

- GOL, que também está fora do índice, desabou 8,2 por cento refletindo a alta de mais de 2 por cento do dólar frente ao real. A empresa aérea é fortemente endividada em moeda estrangeira

 

Na FOLHA: Dólar sobe mais de 2% e Bolsa cai 3,7% com BC dos EUA e Coreia do Norte

 

O tom da sexta-feira (9) foi de pessimismo nos mercados mundiais, com a percepção de que os juros americanos podem subir mais cedo do que o esperado. Além disso, a Coreia do Norte anunciou a realização de seu quinto e maior teste nuclear, o que gerou preocupação na comunidade internacional.

A moeda americana subiu mais de 2% frente ao real, e o Ibovespa caiu 3,71%, a maior queda percentual em sete meses. Os juros futuros e o CDS (credit default swap) brasileiro de cinco anos, indicador de percepção de risco, avançaram.

O dólar se fortaleceu mundialmente depois que o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) de Boston, Eric Rosengren, alertou que esperar muito para aumentar os juros americanos poderia levar ao superaquecimento da economia do país e ameaçar a estabilidade financeira.

"O que o Rosengren falou vai contra o que o próprio Fed vem indicando ultimamente, de que serão necessários mais dados antes de qualquer decisão sobre uma alta dos juros", comenta um operador do mercado financeiro. "Mas basta qualquer declaração para mexer com o mercado, até porque as Bolsas estão muito esticadas, ou seja, subiram muito, e têm gordura para queimar", acrescenta.

Até então, a maioria das apostas se concentrava em uma elevação dos juros americanos em dezembro, mas o alerta de Rosengren aumenta a possibilidade de uma alta já em setembro.

Os investidores ainda repercutem negativamente o fato de o BCE (Banco Central Europeu) não ter anunciado nesta quinta-feira (8) novas medidas de estímulo monetário.

"Esses fatores foram o gatilho que os mercados precisavam para realizar os lucros recentes", afirma Cleber Alessie, operador de câmbio da operadora H.Commcor.

Nos últimos meses, as Bolsas globais subiram e o dólar perdeu força por causa do excesso de liquidez mundial promovida pelas políticas de estímulos monetários de bancos centrais e pela perspectiva de manutenção dos juros americanos no atual patamar por mais tempo. Agora, devolveram parte desses ganhos.

CÂMBIO E JUROS

A moeda americana à vista fechou com valorização de 2,19%, a R$ 3,2689, na maior alta porcentual desde 5 de abril deste ano. Na semana, avançou 0,60%.

O dólar comercial ganhou 2,05%, a R$ 3,2780, acumulando alta de 0,77% na semana.

Contribuiu para a desvalorização do real a queda de mais de 4% do petróleo no mercado internacional, após a forte alta da véspera.

Como tem ocorrido diariamente, o Banco Central leiloou pela manhã 10 mil contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra futura de dólares, no montante de US$ 500 milhões.

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NOTAS DE DÓLAR

Apesar da desaceleração da inflação oficial, o IPCA, em agosto, o mercado de juros futuros operou em alta, refletindo a apreciação do dólar e o cenário externo negativo. O contrato de DI para janeiro de 2017 subiu de 13,950% para 13,975%; o contrato de DI para janeiro de 2018 avançou de 12,460% para 12,580%; e o DI para janeiro de 2021 passou de 11,880% para 12,090%.

"O IPCA de agosto não surpreendeu; esperava-se uma desaceleração frente à inflação de julho, mas em 12 meses a variação de preços segue elevada", comenta a equipe de análise da Guide Investimentos, em relatório. "Os preços dos alimentos desaceleraram, mas seguem sendo fonte de preocupação para o BC, atento à sua persistência", acrescenta.

O CDS de cinco anos brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, ganhava 3,91%, aos 255,102 pontos, no maior avanço percentual desde 24 de junho deste ano (+6,49%).

BOLSAS

O Ibovespa fechou em baixa de 3,71%, aos 57.999,73 pontos, seguindo o comportamento das demais Bolsas no mundo. O giro financeiro foi de R$ 8,15 bilhões.

O principal índice da Bolsa paulista encerrou a sessão com a maior queda percentual desde 2 de fevereiro deste ano, quando perdeu 4,87%. Na semana, o Ibovespa perdeu 2,71%.

Pressionadas pelo recuo do petróleo, as ações da Petrobras perderam 4,99%, a R$ 13,51 (PN), e 5,43%, a R$ 15,50 (ON). Os papéis da Vale caíram 4,73%, a R$ 14,49 (PNA), e 5,22%, a R$ 16,86 (ON).

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN recuou 3,79%; Bradesco PN, -5,52%; Bradesco ON, -5,28%; Banco do Brasil ON, -5,34%; Santander unit, -3,51%; e BM&FBovespa ON, -4,56%.

Em Nova York, o índice S&P 500 terminou a sessão em baixa de 2,45%; o Dow Jones, -2,13%; e o Nasdaq, -2,54%.

Na Europa, a Bolsa de Londres encerrou a sexta-feira com perda de 1,19%; Paris, -1,12%; Frankfurt, -0,95%. Madri, -0,83; e Milão, -1,26%.

Na China, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, teve queda de 0,64%. O índice de Xangai caiu 0,55%. Em Tóquio, o índice Nikkei avançou 0,04%, a 16.966 pontos. 

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Fonte:
Reuters + FOLHA

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