BC atua forte e dólar cai ante real, após 4 altas seguidas

Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em baixa sobre o real nesta quarta-feira, interrompendo quatro sessões seguidas de alta, após atuação do Banco Central no mercado para tentar conter o estresse após a vitória de Donald Trump na corrida presidencial nos Estados Unidos ter levado muitos investidores a se desfazerem de posições em países emergentes.
O dólar fechou em baixa de 0,56 por cento, a 3,4217 reais na venda, depois de ter acumulado alta de 8,63 por cento nos quatro pregões anteriores. O dólar futuro registrava queda de cerca de 0,40 por cento no final da tarde.
"O BC previu uma volta volátil do feriado e por isso o leilão de novos contratos de swap tradicional", avaliou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
O dólar caiu ante o real a despeito de, no exterior, subir ante várias divisas de países emergentes, como o rand sul-africano, peso chileno e peso mexicano. O índice do dólar diante uma cesta de moedas atingiu nesta manhã a máxima em 14 anos.
Na noite de segunda-feira, o BC anunciou intervenção maior do mercado de câmbio para este pregão, já que na véspera esteve fechado pelo feriado da Proclamação da República.
O BC vendeu todos os 10 mil novos swaps cambiais tradicionais ofertados, equivalentes à venda futura de dólares, e também colocou todos os 20 mil contratos para rolagem dos swaps que vencem em 1º de dezembro.
"Houve uma piora rápida e significativa após a vitória de Trump e a porta de saída era pequena para a fuga rápida do fluxo. A ação do BC provendo liquidez ajudou", comentou o economista da corretora Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira.
"Me parece ser um dia de ajuste com a ajuda do BC e do Tesouro. Seguimos muito atentos ao cenário internacional", emendou.
A ação do BC veio em conjunto com a do Tesouro Nacional que, além de suspender os leilões de venda de LTN e NTN-F desta semana, anunciou leilões diários de compra de Notas do Tesouro, Série F (NTN-F) até sexta-feira, também devido à volatilidade dos mercados.
A atuação coordenada veio após a forte volatilidade nos mercados financeiros, com os investidores temerosos que a política econômica de Trump seja inflacionária e, assim, obrigue o Federal Reserve, banco central norte-americano, a elevar mais os juros na maior economia do mundo, com potencial para atrair recursos aplicados hoje em outros mercados, como o brasileiro.
Nesta manhã, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que o câmbio flutuante tem funcionado e que não há patamar de câmbio para a autoridade monetária.
No final da semana passada, Ilan já havia afirmado que a autoridade monetária continuaria atuando no mercado de câmbio, ressaltando que o estoque de swaps tradicionais é menor hoje em dia, em cerca de 25 bilhões de dólares, o que dá "conforto" para a ação do BC.
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