Taxa de desemprego do Brasil cai a 7,7% no 3° tri, mais baixa para o período desde 2014
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Por Luana Maria Benedito e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O desemprego no Brasil voltou a recuar no terceiro trimestre do ano, chegando ao patamar mais baixo desde 2014 para o período, em dados que evidenciam a resiliência do mercado de trabalho na véspera de decisão do Banco Central sobre os juros.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta terça-feira que a taxa de desocupação chegou a 7,7% no período de julho a setembro, frente a 8,0% nos três meses encerrados em junho. Foi o resultado mais baixo para terceiros trimestres desde 2014 (6,9%) e o menor para qualquer trimestre desde fevereiro de 2015 (7,5%).
No mesmo período de 2022, o desemprego estava em 8,7%.
O resultado do terceiro trimestre veio em linha com a mediana das previsões em pesquisa da Reuters, de que a taxa ficaria em 7,7% por cento no período.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank , atribuiu a queda do desemprego a dados de atividade econômica mais fortes do que o esperado ao longo da primeira metade do ano. "Daqui para a frente, acreditamos que haverá uma desaceleração da economia, mas essa perda de fôlego não deve fazer a taxa de desemprego subir", afirmou.
Entre julho e setembro, o número de desempregados caiu 3,8% frente ao trimestre anterior, a 8,316 milhões de pessoas, representando baixa de 12,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
A população ocupada subiu 0,9% em relação ao segundo trimestre do ano, a 99,838 milhões, patamar recorde na série histórica da Pnad, iniciada em 2012. Ante o período de julho a setembro de 2022, houve alta de 0,6%
Segundo a coordenadora do IBGE Adriana Beringuy, a expansão da população ocupada para patamar recorde foi alavancada principalmente pelas atividades de serviços, que tinham sido muito afetadas na pandemia.
No terceiro trimestre, o rendimento real habitual foi estimado em 2.982 reais, crescimento de 1,7% em relação ao trimestre encerrado em junho e de 4,2% frente ao mesmo período do ano passado.
"O desemprego baixo somado ao aumento da renda real habitual deve comprometer a desaceleração da inflação de serviços, dificultando a convergência da inflação à meta", disse Moreno, do C6 Bank, destacando que o Banco Central não deve acelerar o ritmo de corte de juros.
O Comitê de Política Monetária (Copom) provavelmente cortará os juros básicos em meio ponto percentual, a 12,25%, quando encerrar sua reunião de dois dias na quarta-feira, mantendo um ritmo cauteloso de afrouxamento monetário diante ainda do agravamento de riscos externos, previram economistas consultados pela Reuters.
FORMALIDADE
Igor Cadilhac, economista do PicPay, disse que a expansão do número de pessoas trabalhando ocorre porque "cada vez mais estamos observando o retorno das características econômicas e sazonais no período de consolidação da recuperação da pandemia". Ele acrescentou que o quadro mais favorável para a ocupação tem permitido um melhor desempenho da formalidade e uma redução do número de pessoas que procuram trabalho.
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado totalizaram 37,361 milhões nos três meses findos em setembro, alta de 1,6% em relação ao trimestre anterior e de 3,0% ante o mesmo período do ano passado.
Já o número de empregados sem carteira no setor privado subiu 1,2% no trimestre, a 13,263 milhões, variação positiva de 0,4% frente a um ano antes.
A taxa de informalidade chegou a 39,1% do total de ocupados, um pouco abaixo dos 39,2% do trimestre anterior.
"A informalidade foi uma realidade na pandemia, era uma forma de conseguir renda. Após o avanço da vacinação, normalização de matérias primas e suprimentos, e quando a vida vai se normalizando, as atividades mais formais voltam a contratar", disse Beringuy. "A informalidade não deixou de ser importante mas ela deixou de ser a única forma de acessar o mercado de trabalho."
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